A Caverna é a descrição de um inusitado espetáculo de ilusionismo, um teatro de sombrassinistro em cuja volta acontece uma transformação tão ominosa quanto a encenação mesma. Os espectadores são prisioneiros; o subsolo, o claustro no qual cumprem sua pena; a obra representada, nada além de uma miragem. Mas então um prisioneiro abandona a gruta e, de escravo que era, devém liberto. Na superfície, o liberto descobre o mundo iluminado pelo Sol e o próprio Sol, se emancipa finalmente da ignorância e transmuta em sujeito esclarecido. O sujeito esclarecido, por sua vez, homem compassivo além de lúcido, conserva na memória a lembrança dos antigos companheiros e desce de volta às trevas para resgatá-los.