Os estudos de musicologia cognitiva baseados na expectativa musical, conforme anteriormente formalizados por Hanslick, Wundt e Meyer, continuaram progredindo na virada do século 21 DC, especialmente ao se valerem dos avanços em neurociência, os quais permitiram um maior entendimento do modo como a informação musical é processada em diversas áreas do cérebro. Segundo a abordagem da expectativa musical, ao escutar música, a mente do ouvinte inconscientemente elabora predições a respeito de quais eventos musicais irão ocorrer. Estas antecipações são baseadas na informação de eventos musicais que já ocorreram, tanto em termos intrínsecos à obra (os eventos que especificamente compõem a música sendo escutada) quanto extrínsecos (os eventos que fazem parte do imaginário musical deste ouvinte, que constituem o seu repertório musical e que compõem o seu conhecimento, experiência e afeto musical). A música é uma comunicação fortemente atrelada à duração do tempo, onde a ordenação regular de eventos sonoros que constituem uma peça musical e a sua taxa de reprodução (o andamento) são fatores fundamentais para estabelecer o modo como a informação musical é percebida, identificada e compreendida. Isto potencializa a geração de predições que ocorrem automaticamente na mente do ouvinte, o que gera o fenômeno aqui chamado de “expectativa musical”, que é um fator predominante na evocação de emoções pela música.