Nos 23, 24 e 25 de maio de 2016 tivemos a realização do festival Pint of Science ocorrendo em 7 cidades brasileiras e entre elas estava Campinas.

Criado na Inglaterra em 2013, a ideia inicial de pesquisadores do Imperial College London foi levar suas pesquisas a lugares fora da universidade. Os pubs londrinos foram escolhidos por serem um ambiente descontraídos, frequentados por um público bem eclético. A partir daí a ideia se espalhou e ganhou o mundo, tendo ocorrido em 2015 pela primeira vez no Brasil, em São Carlos.

Estando em um pub, nada melhor que medir a ciência da mesma maneira que se mede cerveja. Um pint é a medida de cerveja que na Inglaterra e corresponde a 551 mL. Um pint de ciência, acredito eu, corresponde a bem mais que isso.

Em Campinas, um pint de ciência serviu um público de 870 pessoas, divididas em 3 dias de programação no Almanaque Café (agora Lado B), Echos Studio Bar e no Observatório  Municipal Jean Nicolini. Sendo que neste último, além das pessoas que participaram de bate-papos ainda tinha um total de 1500 pessoas observando o céu noturno, em um ambiente rodeado de conhecimento científico.

Qual o tamanho de um pint para servir mais de 2000 mil pessoas eu não sei, mas a mistura contida neste pint é fácil. Teve discussão sobre macro e nanomoléculas, variação climática, vírus zika, paleontologia, descoberta de fármacos, química da cerveja, gastronomia molecular, vida fora da terra, ensino de ciências e a atuação de mulheres na tecnologia. Teve conversas, discordâncias e questionamentos, teve aprendizado e teve a sede de mais.

O festival ao redor do mundo é realizado por voluntários, grupos de pessoas interessadas na ideia que se reuniram em Campinas, São Paulo, Belo Horizonte, Dourados, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro e São Carlos. E eu, desde janeiro tomei parte nisso, estava envolvida com o grupo de Campinas.

Primeiro dia, Lado B e Echos. Abaixo Equipe Pint-Campinas, da esquerda para a direita: Andressa, Luciana, Nathaly, Germana Isabela, Rafael e eu.
Primeiro dia, Lado B e Echos. Abaixo Equipe Pint-Campinas, da esquerda para a direita: Andressa, Luciana, Nathaly, Germana Isabela, Rafael e eu.

A experiência de organizar um evento de divulgação científica fora do meio acadêmico foi uma recompensa além do evento em si, que foi um sucesso. Conversar com os colegas cientistas é uma tarefa importante, porém mais simples que conversar com a sociedade. Entre os nossos podemos usar as palavras difíceis e nossos conceitos, sem contar que há o interesse geral no assunto. Já falar com a sociedade tem uma série de desafios, exige mostrar o quão interessante a ideia é e mostrar que pode ser acessível a todos. Mas a recompensa é tornar possível o direito de todos saberem o que está sendo feito nas universidades e onde o dinheiro público está sendo investido dentro do ambiente acadêmico. Como resultado disso, a sociedade passa a valorizar a ciência.

Estar envolvida com o evento me deu uma nova perspectiva de ciência para todos, mostrou as dificuldades em conseguir apoio para ciência fora da divulgação usual, mas mostrou também que nossos vizinhos, além muros universitários, querem saber, querem participar e aprender. Falar sobre ciência é o ganho real de um pint de ciência.

Quando a Profa. Dra. Ana Arnt falou sobre educação em ciências, uma pergunta do público foi o porquê de ensinar ciência. Na minha opinião, ensinar ciência deixa as pessoas menos suscetíveis a serem vítimas de má fé, seja para vender produtos ou seja para vender ideias. Falarmos em ciência consiste também em mostrar sua importância no desenvolvimento do país e se torna vital para manter a pesquisa brasileira como algo a não ser cortado, principalmente em épocas como a atual, onde não temos mais o MCTI.  (#voltaMCTI)

Eu recomendaria que todos os pesquisadores se permitam participar ao menos uma vez deste tipo de evento, seja organizando ou seja conduzindo o bate-papo. É um desafio diferente das palestras acadêmicas e de qualquer congresso. Nossos palestrantes fizeram isso muito bem: Ana Arnt, Clarissa C. L. Loureiro, David Figueiredo, Alexandre M. Martins, Patricia T. Baraldi, Ana Maria H. de Ávila, Marcelo Knobel, Ana Carolina Zeri, Mírian Liza A. F. Pacheco, Alisson C. Cardoso, Julio Lobo e Douglas Galante. A eles, um muito obrigada é pouco, eles que tornaram a ideia real.

A equipe Pint of Science – Campinas foi um capítulo à parte nestes meses: NuminaLabs nas pessoas do Rafael Bento Soares e da Isabela Schirato, LNLS representados pela Luciana Noronha e Nathaly Archilha (no último dia contamos com o reforço do Renan Piccoreti) e Labjor com as queridas Germana Barata e Andressa Menezes. Foi excelente fazer parte do time.

Também tivemos apoio da Crioula Design, responsável pela nossa identidade visual e da CI&T, que auxiliou com os banners e folhetos do evento. Nacionalmente contamos com o apoio da Elsevier. Obrigada por terem acreditado na ideia.

Segundo dia, faltou a luz na rua do Lado B. Nem público nem palestrantes desistiram. Ciência à luz de velas.
Segundo dia, faltou a luz na rua do Lado B. Nem público nem palestrantes desistiram. Ciência e cerveja à luz de velas.

O que ficou depois de três dias foi a sensação de dever cumprido, mesmo sem luz em um dos dias e com o frio no observatório, mais que números, conseguimos o que nos propomos: divulgar a ciência local e mostrar que ela é divertida sim.

A quem não foi este ano e a quem foi e gostou, não precisa esperar até ano que vêm para ter mais, toda terça Rafael Bento e equipe organizam o Chopp ComCiência no Echos bar, aparece por lá (saiba mais pelo facebook).

pint of science

 

 

Ao público participante, aos palestrantes, aos colegas organizadores e aos apoiadores proponho um brinde a ciência: que sempre possamos fazer mais e melhor.

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