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Comentário do Dr. Rodrigo Egydio Barreto, professor da UNESP – campus de Botucatu (SP), que é um especialista na área de fisiologia e comportamento animal com enfoque em respostas ao estresse e anti-predatórias bem como seleção sexual de animais aquáticos:
“Os comportamentos são fenótipos. A compreensão exata disso evita abordagens com determinismos, sejam genéticos, ambientais e/ou culturais (afinal é o ambiente humano). Assim, dizer que alelos em particular contribuem para a expressão de um comportamento, não quer dizer que o comportamento é geneticamente determinado! Se o comportamento depende da interferência do ambiente, também não quer dizer que esse é ambientalmente determinado e, no caso humano, culturalmente determinado (a cultura não é arbitrária e tem raiz biológica)!
As diferenças comportamentais entre os indivíduos resultam de diferenças genéticas e ambientais entre eles. Assim, todo comportamento (e outros fenótipos) depende da interação INDISSOCIÁVEL entre fatores genéticos (Nature) e ambientais (Nurture), os quais se relacionam de maneira extremamente complexa. Não há pesos. Ambos são igualmente importantes. Dissociá-los é cometer a falácia Nature x Nurture. Apesar disso, vale algumas ponderações. Esse fato não quer dizer que algo de ocorrência natural, no contexto cultural humano, seja necessariamente moral e ético (falácia do apelo à natureza). Também não quer dizer que algo que seja imoral, anti-ético e até criminoso não seja natural e tenha que ser, obrigatoriamente, uma construção cultural (falácia moralista).”