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Frustração, frustração e mais frustração… É isso que pode ocorrer com os animais num ambiente totalmente previsível, no qual as características permanecem sempre iguais e onde normalmente também há uma clara “rotina” imutável… Por que é tão importante falarmos disso? Simples! É fácil de situações assim passarem despercebidas por nós… E por que será que isso acontece? Normalmente porque, em se tratando de questões relacionadas ao bem-estar animal, é mais fácil nos preocuparmos mais com aquilo que possa estar incomodando os animais no ambiente do que com a falta de estímulos adequados que lhes permita interagir de forma saudável e enriquecedora… Isso decorre da ideia de que ausência de sofrimento é fundamental e que isso é causado por coisas que perturbam/estressam os animais no ambiente e que devem então ser removidas ou modificadas. Mas é aí que nos esquecemos que ausência de prazer é uma forma de sofrimento, assim como frustração por faltta de estímulos adequados no ambiente também pode gerar uma forma de sofrimento!
Lembre-se: bem-estar não deve ser encarado pura e simplesmente como ausência de coisas “ruins” no ambiente, mas sim como um estado dependente de todo o contexto ambiental em que o animal está inserido, incluindo aí estímulos que causam reações negativas e, por outro lado, estímulos que causam reações positivas… Se, por um lado, evitar estímulos que causem reações negativas quando for possível (especialmente se tais reações forem prolongadas) é importante, por outro lado, propiciar estímulos que promovam interações saudáveis e que mantenham o animal mais ativo dentro do seu repertório natural conhecido é tão importante quanto… Dar alguma forma de prazer ou ao menos minimizar o potencial de frustração dos animais em seu ambiente é uma forma importante de lidar com questões relacionadas ao bem-estar animal.
Por isso é tão importante falar em frustração! Ela também representa uma forma de sofrimento, mas que muitas vezes pode passar despercebida por nós, especialmente quando as reações dos animais em situações assim se resumem a um aumento de sua inatividade. É mais difícil as pessoas repararem na inatividade e a perceberem como algo ruim em comparação com a expressão, por exemplo, de estereotipias ou níveis de cortisol elevados indicando altas taxas de estresse. Entretando, tal inatividade pode ser tão ruim quanto! Um animal numa situação frustrante pode estar tão desestimulado no ambiente que nem sequer consegue reagir e, por isso, acaba muito inativo. Pense nisso…