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Conforme mencionei em minha última postagem aqui no blog, hoje apresentarei a vocês o meu ponto de vista sobre uma possível explicação para o fato que vocês podem observar no vídeo indicado em minha mesma última postagem. Antes disso, gostaria de relembrar brevemente com vocês o que tal vídeo nos mostra. Na filmagem, podemos observar um leopardo inicialmente caçando um primata, no caso, um babuíno. Em seguida, quando o leopardo arrasta sua presa já abatida, nota a presença de um filhote de babuíno que está vivo e se desprendeu do corpo de sua mãe já morta, a presa caçada. O que nos surpreende é que, em seguida, podemos observar que o leopardo, além de não devorar o filhote, ainda passa supostamente a cuidar dele…
A partir disso, podemos pensar sobre o que poderia ter levado o leopardo a tal ato. Tal questionamento torna-se mais relevante especialmente considerando que o filhote representava uma presa muito fácil, pois além de ser um filhote se encontrava completamente desprotegido e bem próximo ao predador… Então como isso seria possível?
Com base em um dos conceitos já vistos anteriormente aqui no blog, minha opinião sobre uma possível justificativa para tal tipo de evento seria que o leopardo poderia ter sofrido um imprinting ao ver o filhote de babuíno. Agora veremos por partes o que eu quero dizer com isso. Se vocês se recordarem da minha postagem sobre o imprinting (podem conferir a postagem completa aqui), ele representa uma forma de aprendizagem que ocorre apenas numa janela temporal específica, sendo esta inclusive a principal característica que o diferencia de outras formas de aprendizagem. Ou seja, o leopardo precisaria estar com tal janela temporal em aberto para que o fato de “adotar” o filhote possa ter ocorrido.
Se esse for o caso, eu sugiro que o leopardo do vídeo deve ser uma fêmea que se encontra num período em que ela possa ser sensibilizada pela presença de um filhote, ou seja, uma fêmea prenhe ou que teve seus filhotes recentemente. Nessa situação, há uma variação hormonal grande no indivíduo, o que poderia favorecer uma situação como a observada no vídeo, pois os hormônios estão amplamente relacionados à expressão comportamental dos animais. Adicionalmente, devemos lembrar que os filhotes, inclusive não apenas de mamíferos em geral – embora neles seja mais evidente -, mas de diversas outras espécies, apresentam característica marcantes que são similares entre si. Por exemplo, é comum que os filhotes apresentem a cabeça grande em relação ao tamanho do seu corpo bem como olhos grandes em relação ao tamanho de sua cabeça, entre outras características. Ou seja, essas similaridades entre filhotes de diferentes espécies podem facilitar ainda mais o imprinting de um adulto por um filhote de uma espécie distinta da sua.
Assim, o que eu imagino que possa ter ocorrido na situação observada no vídeo é que uma fêmea de leopardo, num período específico em que ela deveria estar mais sensibilizada à presença de filhotes, sofreu um imprinting ao perceber a presença do filhote de babuíno. É claro que esta não é a única explicação possível e nem sabemos se ela realmente ocorreu de fato… Para isso teríamos que testar tal hipótese na prática. A explicação que dei aqui hoje é apenas o meu ponto de vista sobre qual seria uma possível explicação plausível para um comportamento inusitado observado na natureza…