Atividades de esporte e lazer envolvendo animais

Na última postagem que fiz para vocês aqui no blog, apresentei meu ponto de vista sobre a existência dos zoológicos, argumentando que são instituições necessárias para receber ou mesmo salvar animais silvestres, além de terem o potencial para o desenvolvimento de importantes pesquisas científicas e o envolvimento do público visitante em um processo de educação funcional. Os zoológicos não deixam de constituir uma atividade de lazer para o público visitante, uma atividade que obviamente envolve a exposição de animais. Entretanto, tal atividade está longe de ser a única de lazer que envolve os animais. Qualquer atividade lúdica que envolva a exposição ou utilização de animais de forma esportiva e/ou para o prazer humano deve ser considerada.

Aquariofilia, rodeios, vaquejada, corrida, tourada, equitação, pesque-e-pague, pesque-e-solte e exposições de exemplares de raça são exemplos de atividades desse tipo, ou seja, lúdicas e/ou esportivas que envolvem a utilização de animais domésticos, silvestres ou de produção. O que eu gostaria de discutir com vocês aqui nesta postagem é, de maneira geral, até que ponto uma atividade realmente pode ser considerada esportiva quando envolve os animais. Até que ponto é válido continuar mantendo uma atividade que cause estresse, dor ou injúrias aos animais apenas por puro prazer humano? Ou seja, o que eu quero aqui é fazer uma reflexão sobre essas atividades.

Primeiramente, é importante ressaltar que tais atividades não podem ser enquadradas como tendo o mesmo tipo de impacto sobre os animais. O impacto no bem-estar sempre vai depender das condições em que os animais são mantidos ou manejados em cada atividade. Vamos ver os peixes como exemplos. Na aquariofilia, embora os peixes ou outros animais aquáticos sejam mantidos em cativeiro num ambiente restrito e muitas vezes pequeno, muitas vezes eles estão mantidos em água de boa qualidade, boa temperatura, com substrato e vegetação natural no ambiente, além de serem alimentados com ração diversificada e de boa qualidade. Isso ocorre porque os aquariofilistas frequentemente são pessoas que se importam com as condições em que tais animais são mantidos e tentam montar e manter seus aquários com qualidade. Por outro lado, em situações como o pesque-e-solte, os peixes são capturados por anzol, sofrendo uma severa injúria física que comprovadamente causa dor ao animal. Essa dor pode ainda ser prolongada caso o peixe ofereça bastante resistência para ser capturado. Em seguida, o peixe ainda é forçado a permanecer um tempo fora d’água, passando por um sufocamento temporário, posteriormente sendo devolvido à água. Nessa condição, o peixe passou por toda uma situação fortemente estressora e dolorosa para apenas ser devolvido à agua por uma questão de puro prazer humano em exercer essa atividade.

As situações exemplificadas acima constituem dois extremos, sendo que cada uma das atividades que mencionei ou mesmo outras envolvendo os animais que possamos pensar devem se enquadrar no contínuo entre tais extremos. É aqui que gostaria de deixar a minha contribuição maior. Se a atividade envolve intenso sofrimento físico e/ou psicológico dos animais apenas por puro prazer humano, não faz sentido que ela seja mantida. Nós humanos temos diversas outras atividades lúdicas para o nosso prazer que não exigem esse sofrimento desnecessário de outros animais. Agora fica mais fácil olharmos para cada uma das atividades esportivas e de lazer com animais que mencionei hoje aqui e julgarmos o que seria aceitável manter em nosso meio. Pensem nisso!