Condicionamento clássico x Condicionamento operante

Condicionamento clássico e condicionamento operante são dois conceitos importantes associados à aprendizagem e nem sempre é tão fácil distingui-los. Por isso, hoje vou falar para vocês sobre como definir e compreender essas duas formas aprendizagem nos animais. Vamos começar pela palavra “condicionamento”. Segundo o dicionário de comportamento animal do Dr. David McFarland, o condicionamento é um processo de aprendizagem no qual o animal forma uma associação entre um estímulo naturalmente significante e um estímulo previamente neutro (sem significado específico) ou uma resposta particular.

Segundo McFarland, no condicionamento clássico, uma associação deve ser formada entre um estímulo significante, tal como a presença de um alimento, e um estímulo neutro, tal como o piscar de uma luz. Inicialmente, o animal responde naturalmente somente na presença do alimento (por exemplo: salivando quando o alimento está visível). Se o alimento é apresentado junto com a luz por várias ocasiões, então o animal associa a presença da luz com a comida, e eventualmente salivará mesmo se a luz for agora apresentada sozinha. Aí a resposta do animal tornou-se condicionada à presença dessa luz.

Já no condicionamento operante ou instrumental, segundo McFarland, a associação é feita entre uma resposta particular e uma situação particular de “reforço”. Assim, em um estudo de laboratório, um rato deve associar o apertar de uma alavanca com a liberação da comida. Na natureza, uma ave deve associar o virar de uma folha com a descoberta de um inseto. Em ambos os casos a resposta é instrumental em obter o alimento, que é então dito como reforçador dessa resposta. Tal reforço também pode ser negativo. Assim, uma vaca que toca numa cerca elétrica e recebe um choque torna-se condicionada a não tocar novamente tal cerca. o Dr. McFarland ainda salienta que as duas formas de condicionamento são os processos de aprendizagem mais relevantes encontrados entre os animais, incluindo nós humanos.

Dessa forma, podemos entender o condicionamento clássico pela associação entre um estímulo que sempre teve um significado natural para o animal (não condicionado) com um estímulo que até então era insignificante para o mesmo animal (condicionado), de forma a acarretar numa mesma resposta (condicionada) expressada frente aos dois estímulos. Ou seja, no condicionamento clássico há um estímulo não condicionado que naturalmente desencadeia uma resposta específica reflexiva e automática quando presente e um estímulo condicionado, que era originalmente neutro, mas que agora passa a desencadear a mesma resposta específica quando pareado ao estímulo não condicionado. 

O condicionamento clássico também é conhecido como pavloviano, pois o Dr. Pavlov foi o primeiro a descrever e documentar uma forma de aprendizagem que hoje é conhecida como o condicionamento clássico. Para isso, Pavlov fez um experimento onde mantinha um cão sob observação num aparato onde era possível registrar o nível de salivação do animal. o Dr. Pavlov apresentava alimento suculento ao cão logo após disparar um estímulo sonoro neutro.O cão naturalmente salivava na presença do alimento e, posteriormente, começou a associar a presença do alimento com o estímulo sonoro prévio, que assim passou a ser condicionado à presença de tal alimento. Dessa forma, uma vez que o estímulo sonoro era apresentado, o animal passou a salivar antes mesmo da apresentação do alimento.

Já o condicionamento operante pode ser compreendido pensando na associação entre algum comportamento/resposta do animal e uma recompensa/punição gerada pela expressão de tal comportamento do animal. Por exemplo, quando nós colocamos um ratinho numa gaiola, ele fica com fome e naturalmente acaba explorando a gaiola. Casualmente, nessa exploração do novo ambiente, o ratinho aperta uma alavanca e recebe uma recompensa como um pedaço de alimento. Com o tempo e algumas repetições disso, o ratinho associa a sua ação com a consequência positiva (recompensa). Essa associação favorecerá a repetição dessa tarefa, levando assim ao condicionamento operante positivo (o animal faz algo esperando receber uma recompensa). Por outro lado, nesse mesmo processo de exploração da gaiola, ocasionalmente o ratinho pode apertar uma outra alavanca que ao invés de fornecer ração dispara um choque no animal, ou seja, um estímulo nocivo que causa dor e medo. Nesse caso, há uma associação entre a atividade e a punição, e o rato evitará apertar a alavanca, levando assim ao condicionamento operante negativo (o animal evita fazer algo para evitar alguma punição).  

A partir do que foi exposto acima, a mensagem final que eu gostaria que ficasse para vocês é que em ambas as formas de condicionamento, o animal aprende por associação entre eventos. No condicionamento clássico tal associação ocorre entre um estímulo naturalmente significativo para o animal e um estímulo previamente neutro, mas que se torna condicionado por essa associação. No condicionamento operante tal associação ocorre entre uma resposta natural do animal e uma recompensa ou punição recebidas quando tal resposta é expressada.