Cuidado parental

Continuando o assunto visto em minha última postagem aqui no blog sobre comportamento parental, hoje veremos mais especificamente sobre o próprio cuidado parental. A definição que veremos hoje novamente é baseada na descrição encontrada no livro Dictionary of Animal Behaviour, do Dr. McFarland.

O cuidado parental é uma forma de comportamento parental na qual os pais despendem tempo e energia auxiliando na sobrevivência de sua prole. Dessa forma, os pais estão aumentando o sucesso de sua prole em detrimento de seu próprio, pois investem tempo e energia que poderiam gastar com seu próprio desenvolvimento e reprodução ao cuidarem de sua prole atual. Ou seja, os pais estão favorecendo o desenvolvimento e sobrevivência de sua prole atual em detrimento de uma possível prole futura. 

Os níveis empregados pelos pais no cuidado parental variam muito tanto entre as espécies quanto entre os sexos, embora, no geral, a fêmea despenda mais tempo e energia cuidando dos filhotes. Esta contribuição desigual dos pais, que é mais frequente, pode ser vista como uma disputa evolucionária entre os sexos. Enquanto ambos os sexos tem um interesse comum na prole por ambos serem pais e os filhotes carregarem os genes de ambos, também há um interesse em minimizar o custo próprio do cuidado parental necessário. Afinal, quanto menor o gasto de tempo e energia com os filhotes atuais, mais o indivíduo pode se desenvolver e reproduzir gerando mais filhotes. Com relação às fêmeas, como é comum que elas tenham naturalmente investido mais tempo e energia na prole por chocarem os ovos ou permanecerem gravídicas por um tempo ao menos considerável, faz sentido que invistam bastante em cuidado parental, protegendo e aumentando as chances de sucesso da prole no qual elas já investiram muito. No caso dos machos, como frequentemente seus gametas são energeticamente menos custosos e como geralmente não são eles que cuidam dos fetos enquanto se desenvolvem antes do nascimento, o custo envolvido nesse período é menor. Assim, faz sentido que o investimento em cuidado parental seja menor, em geral, por parte dos machos.

Além disso, geralmente o nível de cuidado parental depende de 3 fatores principais: – número de filhotes gerados ao longo da vida dos pais; – tipo de sistema de acasalamento envolvido; – auxílio dado aos filhotes por outros animais além dos pais. Assim, por exemplo, quando o número de filhotes por ninhada não é grande, o sistema de acasalamento é mais monogâmico e não há nenhum auxílio de outros indivíduos além dos pais para cuidarem dos filhotes, o cuidado parental tende a ser mais intenso.