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Sabemos que o bem-estar animal envolve inúmeras facetas que incluem aspectos fisiológicos, comportamentais e emocionais, conforme já abordei neste Blog várias vezes, mas hoje eu gostaria de destacar apenas uma delas: a dor. Esse é um aspecto que está diretamente ligado ao sofrimento animal. Quando um animal está com dor, uma vez que assumimos que são capazes de perceber conscientemente, ao menos em algum nível, essa sensação de dor, isso passa a fazer parte necessária das questões de bem-estar animal. Assim, podemos assumir que um animal está sofrendo quando está sentindo dor. É claro que a dor aguda, dependendo do contexto ambiental, é adaptativa (inclusive esse ponto nos ajuda a justificar a capacidade de percepção consciente dos animais dessa sensação), mas em outros contextos e, principalmente, caso se torne crônica, pode ser muito prejudicial para os animais. Assim, fica evidente a importância de detectar e tratar a dor nos animais que estão sob nossos cuidados visando melhorar suas condições de bem-estar.
Se, por um lado, a importância de evitar a dor e de tratá-la quando presente é claramente evidente quando pensamos em bem-estar animal, muitas vezes ainda não somos capazes de fazer isso com precisão… Embora já existam diversos métodos para detectar dor em animai, ser capaz de identificar que um animal está nessa situação muitas vezes não é uma tarefa fácil. Embora expressões e posturas comportamentais possam nos ajudar nesse processo se compararmos com nossos próprios referenciais, tais expressões nem sempre serão bons indicadores. Além disso, devemos sempre nos lembrar que há muitos animais cujas expressões comportamentais estão bem distantes das nossas, o que dificulta esse processo comparativo a fim de avaliar a dor nesses animais.
Assim, é evidente que precisamos usar indicadores mais precisos e inequívocos de dor se quisermos, de fato, melhorar a qualidade de vida dos animais à nossa volta. E nesse processo é fundamental que tais indicadores sejam ajustados a cada espécie, pois espécies diferentes se comportam de forma diferente o que, consequentemente, pode refletir em diferentes expressões associadas à sensação de dor. Como um gato demonstra que está com dor? E um cão? Será que cavalos expressam isso da mesma forma? E um papagaio ou uma tartaruga? Peixes então nem precisamos mencionar, pois já fizemos uma postagem exclusiva sobre a questão da dor nos peixes aqui no Blog. Assim, é fundamental considerar todas essas variações entre as espécies quando estamos pensando na detecção da dor.
Além disso, uma vez que tenhamos detectado a dor de forma adequada, como vamos tratá-la? E se a dor for crônica, como podemos lidar com ela da melhor forma possível visando melhorara a qualidade de vida do animal? Até mesmo tratamentos recomendados por veterinários têm-se mostrado insatisfatórios dependendo da situação. Tudo isso nos revela que ainda é preciso estudar mais esse aspecto, visando melhorar a qualidade de vida nos animais quando se trata de evitar ou ao menos minimizar sofrimento causado por dor.