Esforço físico e psicológico da truta

Nas fotos que postei para vocês no blog aqui e aqui, coloquei legendas explicando a resposta de um peixe conhecido como truta arco-íris quando submetido a testes de motivação a nível de esforço físico e também psicológico, respectivamente, para acessar cores ambientais anteriormente preferidas e não preferidas. Tais testes fizeram parte de minha tese de doutorado e logo mais (provavelmente na semana que vem) estarão publicados num artigo em uma revista internacional.

A ideia aqui, como parte de um conjunto de testes que desenvolvi durante meu doutorado, foi avaliar se o peixe truta arco-íris é mais motivado (fisicamente e psicologicamente) para acessar itens/características ambientais (no caso, diferentes cores de fundo) que são de sua preferência. Afinal, pensando que a presença de itens ambientais preferidos pelos animais deve ser relevante para mantê-los em bom estado de bem-estar (veja as definições de bem-estar animal anteriormente postadas aqui no blog), faz sentido imaginar que os animais estariam mais motivados para acessar tais itens preferidos. Ou seja, demonstrar a motivação dos animais para acessar opções preferidas deve indicar o quanto tais opções são importantes e merecem ser consideradas a fim de manter boas condições de bem-estar para os animais.

Além disso, demonstrar tanto o maior esforço físico quanto o maior esforço psicológico da truta para acessar sua cor preferida (como foi visto nas fotos postadas da truta) reflete que o animal está disposto a gastar não apenas energia física para acessar o que mais gosta, mas também está disposto a superar um estímulo aversivo para conseguir tal acesso. Ou seja, o animal é capaz de superar psicologicamente algo que lhe causa desconforto para conseguir o acesso à sua preferência. E, como mencionei nas legendas das fotos para vocês, as trutas responderam conforme prevíamos: maior esforço físico e psicológico para acessar itens preferidos em relação aos não preferidos, demonstrando assim a importância da preferência para tais animais.

Além disso, como nos testes de esforço da truta nós usamos o novo método (Índice de Preferência, veja o artigo A history-based method to estimate animal preference, mencionado aqui no blog), que anteriormente propusemos para avaliar as respostas de preferência nos animais, e as respostas de motivação das trutas refletiram as respostas de preferência detectadas pelo nosso novo método, nós também acabamos validando o Índice de Preferência como sendo um método mais robusto e uma ferramente confiável e útil para avaliar o que os animais preferem, ou seja, o que eles querem. Assim, a validação do Índice de Preferência abre portas para usarmos essa ferramente buscando detectar condições de maior conforto para os animais considerando a ideia de buscar o que os animais querem pelo seu próprio ponto de vista, ou seja, através da detecção confiável de suas preferências por itens, recursos, bem como características ambientais.