Continuando sobre o tema “predação” aqui no blog, agora que já vimos sobre as principais estratégias anti-predatórias dos animais, hoje vou falar para vocês sobre o outro lado dessas interações… As estratégias predatórias. Os predadores são animais que evoluíram caçando, capturando e se alimentando de outros animais, sendo que muitos deles se especializaram em uma ou algumas espécies de presa. Como as presas evoluíram formas de evitar a predação (como vimos em minhas últimas postagens aqui e aqui), os predadores, por outro lado, desenvolveram habilidades, estratégias e comportamentos que os permitem serem bem sucedidos em achar, capturar e matar uma presa. Caça ativa com perseguição em velocidade, discrição ao se aproximar da presa, emboscada (sentar-e-esperar) e caça cooperativa em grupo compõem as principais estratégias que podem ainda ser complementadas por liberação de veneno, presença de garras ou dentes afiados e sentidos apurados que permitem a melhor detecção da presa.
Uma das estratégias mais comuns é a da perseguição ativa em velocidade. Neste caso, o predador persegue a presa com rapidez, sendo o exemplo mais clássico o do guepardo perseguindo uma gazela. O guepardo tem a coluna flexível e as patas alongadas, que alcançam um passo largo. Ele também apresenta ossos leves e cauda longa, que funciona como “leme”, permitindo que ele faça curvas estreitas ao perseguir presas ágeis. Todo esse “aparato” permite com que o guepardo possa ser bem sucedido ao perseguir uma presa rápida como a gazela.
Os felinos também representam um ótimo exemplo da estratégia de aproximação da presa com discrição, num comportamento conhecido como stalking. Nesse caso, como podemos observar até mesmo num gato doméstico ao se aproximar de uma potencial presa, o animal geralmente rebaixa o corpo (o que muitas vezes, associado à pelagem do animal, o torna menos perceptível no ambiente) e movimenta-se cautelosamente aproximando-se da presa. E nem precisamos mencionar aqui que os felinos m geral tem dentes muito afiados que funcionam bem na hora de subjugar e matar uma presa!
Às vezes o predador pode proferir um ataque em altíssima velocidade em direção a uma presa que sequer consegue vê-lo à tempo de reagir. Um bom exemplo aqui seriam as águias. Esses animais tem o sentido da visão muito desenvolvido, com duas fóveas (região que focaliza a imagem). Assim, as águias conseguem ver uma presa em potencial de uma distância muito grande e, em seguida, iniciam um ataque em altíssima velocidade em direção à presa. Além disso, ao alcançá-la, possuem grandes garras nas patas que utilizam para facilmente capturar a presa.
Por outro lado, alguns predadores desenvolveram estratégias mais associadas ao conhecido “senta-e-espera”. Nesses casos, os predadores permanecem parados, normalmente camuflados no ambiente, aguardando a passagem de alguma presa em potencial, que é então atacada. Um bom exemplo aqui é o de uma aranha conhecida como Rufous net-casting. Essa aranha é uma caçadora noturna que captura formigas, grilos, bezouros e até outras aranhas. Ela tece uma pequena rede de seda elástica que mantém aberta com seus dois primeiros pares de pernas formando uma armadilha, enquanto permanece imóvel numa folha, galho ou outra estrutura logo acima da superfície. Qualquer inseto que passar sob a aranha é então envolvido na rede e capturado. Alguns predadores que apresentam tal estratégia chegam a usar estruturas que atraem presas em potencial para a armadilha. Por exemplo, algumas espécies de cobras tem o final da cauda modificado, geralmente numa cor contrastante com a cor do restante do corpo do animal que é mais camuflada no ambiente. Tais cobras permanecem imóveis e balançam o final da cauda atraindo animais que se alimentam de larvas ou lagartas. Muitas espécies de cobras também possuem veneno, o que é de grande ajuda na hora de caçar uma presa para imobilizá-la e matá-la.
Assim como os animais podem se defender de predadores em grupos como vimos em minha postagem anterior aqui no blog, por sua vez os predadores também desenvolveram estratégias de caça em grupo. Alguns animais apresentam, inclusive, estratégias bem elaboradas de predação em grupo. Por exemplo, o cão selvagem africano vive em grupos com fortes laços sociais, o que facilita a caçada. Todos os membros do grupo cooperam, espalhando-se estrategicamente e perseguindo a presa de forma que ela não consegue escapar pela estruturação e comunicação do grupo por latidos agudos que os mantém organizados ao redor da presa. Assim, a presa é levada à exaustão.
Tudo que eu coloquei acima e nas minhas postagens anteriores sobre estratégias predatórias e anti-predatórias representa apenas as ideias mais gerais sobre tais estratégias. Existem adaptações impressionantes no reino animal tanto no sentido de se defender um predador quanto no sentido de subjugar uma presa. Futuramente aqui no blog pretendo colocar alguns dos exemplos mais impressionantes de estratégias predatórias. Aguardem!