Frustração ou relaxamento?

Quando nos deparamos com uma situação envolvendo animais mais quietos no ambiente, eles podem estar bem, apenas descansando…Entretanto, também é possível que estejam num estado interno tão ruim em termos de bem-estar, que nem sequer conseguem reagir ao ambiente. Assim, veja que a ausência da expressão de comportamentos anormais não indica necessariamente que o animal está bem, pois ele pode estar frustrado demais para qualquer tipo de reação ao ambiente. Quando pensamos nisso, inclusive podemos imaginar que um animal que não está expressando um comportamento anormal pode estar numa condição pior que aquele que está expressando algum tipo de estereotipia, por exemplo. Na realidade, ao expressar um comportamento anormal, o animal está ao menos lidando de alguma forma com as condições restritas do ambiente, mesmo que essa forma não seja a melhor possível…

É difícil que as pessoas percebam isso naturalmente, pois é mais fácil perceber a expressão de um comportamento estranho do que a simples ausência de comportamentos ativos como sendo algo ruim para o animal. Um claro exemplo disso pode ser facilmente observado na visitação pública aos zoológicos. É mais comum observar pessoas que acabem identificando a expressão de comportamentos anormais como um indicativo de que o animal não está tão bem do que pessoas que sejam capazes de perceber a inatividade constante dos animais como algo ruim.

É claro que, assim como todas as facetas relacionadas ao bem-estar animal, a interpretação do significado da inatividade comportamental dos animais depende da espécie e do contexto. Há espécies que são naturalmente mais inativas e, além disso, o período do dia em que a espécie é mais inativa na natureza deve ser sempre considerado. Assim, interpretar adequadamente a expressão da inatividade como sendo, de fato, algo anormal depende desses fatores. Por isso, lembre-se que uma avaliação cautelosa e bem fundamentada sobre a situação específica em que o animal se encontra, levando em consideração contexto, biologia e história da espécie e ainda a história do indivíduo em questão, é fundamental. Isso não é diferente quando falamos em frustração em decorrência da monotonia e de outras restrições ambientais. Lembre-se disso.