O que é senciência?

A senciência pode ser entendida como o nível mais básico de consciência, ou seja, é a capacidade de sentir, conscientemente, as sensações mais básicas. Assim, uma boa definição de senciência seria aquela proposta pelo Dr. Gilson Volpato, que define senciência como a “habilidade de subjetivamente experimentar dor, frio, conforto, desconforto, e conscientemente diferenciar estados internos como bons ou ruins, agradáveis ou desagradáveis“.

O conceito de senciência é fundamental para as considerações de bem-estar animal, pois ao considerarmos os animais como seres sencientes, estamos assumindo que são seres capazes de, conscientemente, sofrerem em situações dolorosas, desconfortáveis ou frustrantes. Portanto, passamos a ser responsáveis, do ponto de vista ético e moral, pelas condições em que mantemos os animais que foram removidos da condição natural e estão sob nossos cuidados, sendo esses animais domesticados ou não. 

A definição do importante filósofo francês René Descartes (1596-1650) de que os animais seriam como “máquinas sem alma”, ou seja, fariam tudo por instinto e não teriam consciência de suas condições, influenciou amplamente o pensamento das pessoas em geral. Assim as pessoas passaram a assumir que os animais não tinham nenhum grau de consciência. Por outro lado, algum tempo depois, outro importante filósofo chamado Jeremy Bentham (1748-1832), defendeu que para decidir como tratar os animais, nós deveríamos considerar não se os animais são dotados de razão ou linguagem, mas sim sobre sua capacidade de sofrer. Posteriormente, Charles Darwin (1809-1882) defendeu que a atividade mental dos animais deve ser semelhante àquela dos humanos, indicando assim que os animais seriam seres com ao menos algum grau de consciência.

Entretanto, como a colocação de Descartes foi muito influente, alguns pesquisadores e uma boa parcela da população ainda tem uma certa dificuldade em assumir ao menos alguns grupos de animais (ex: peixes) como seres sencientes. Assim, o debate ainda continua…