Postagens & Reflexões

hamister

Cuidar do bem-estar dos animais de laboratório é fundamental tanto para assegurar melhores condições de vida a esses animais quanto para assegurar resultados mais fidedignos dos experimentos que são realizados com eles!


gato

Os animais domésticos também merecem boas condições de bem-estar! É importante considerarmos que em ambiente doméstico muitas vezes também acabamos restringindo as possibilidades e interações do animal com o ambiente. Nesse sentido, é relevante evitarmos a monotonia que pode frustrar o animal mesmo que as demais condições ambientais estejam adequadas. 


peixes

Os peixes merecem considerações de bem-estar. São animais que possuem todo o aparato anatômico-fisiológico que os permitem não apenas perceber estímulos nocivos, mas também processar essas informações e expressar complexas alterações comportamentais em resposta. Sem falar que são animais com personalidades individuais distintas e com respostas de preferência que também podem ser significativamente individuais, ao menos em algumas espécies…


ave

A partir do momento em que há interação entre um ser humano e um outro animal, há a necessidade de nos preocuparmos com as condições de vida e bem-estar desse animal. Nós temos a responsabilidade ética e moral de zelar pelo bem-estar dos animais com os quais interagimos. Qual é o impacto que estamos causando nesses animais? Há como interagir de forma melhor com eles?


cão

Cenas como esta nos lembram do abandono de animais domésticos, que realmente representa um problema muito sério… Entretanto, devemos lembrar que mesmo sem abandono físico, os animais podem estar sofrendo com abandono psicológico, sendo que muitas vezes nem sequer percebemos…


macaco

Não é fácil saber se um animal está em boas condições de bem-estar… Às vezes, o animal pode estar fisicamente bem (com boa saúde, sem doença ou ferimento físico) e expressando comportamentos naturalmente esperados para sua espécie (embora definir o que é um comportamento natural e o que sua expressão realmente significa em cativeiro seja controverso), mas estar ainda com algum desconforto psicológico… Ele pode estar frustrado ou simplesmente entediado… Ausência de prazer pode ser tão danosa quanto a presença de sofrimento… 



cavalo

A interação social pode ser muito significativa para algumas espécies… Enquanto alguns animais vivem sozinhos, buscando outros indivíduos da própria espécie apenas em épocas de reprodução, outros vivem em agrupamentos que podem, inclusive, serem muito bem organizados e estruturados. A Consciência Animal também se preocupa com isso, pois animais sociais sob nossos cuidados que são forçados ao isolamento contínuo também podem ter sérios problemas de bem-estar!


esquilo

Animais silvestres em vida livre também podem, ocasionalmente, interagir com seres humanos. A partir do momento em que há interação homem-animal, somos responsáveis pela forma como lidamos/interagimos nessas situações. E, nesses casos, informação é fundamental. Se o animal veio em busca de alimento, o que devo fazer? Se for um animal que ofereça algum risco, como devo proceder? Será que realmente ele me oferece perigo? A Consciência Animal apoia a disseminação de informações corretas sobre as espécies e quais são as melhores formas de lidar com elas em situações de encontros inesperados…


pata

Nem sempre é fácil perceber que um animal está passando por algum tipo de sofrimento… Animais frustrados, desmotivados ou deprimidos podem apresentar apenas sinais mais sutis ou mesmo mais difíceis de serem percebidos por nós. Assim, às vezes podemos pensar que está tudo bem com um determinado animal quando na realidade não está! Por isso é importante avaliar adequadamente as condições de um animal ou um grupo de animais, sempre considerando amplamente o contexto específico em que aquele(s) animal(is) se encontra(m). 


 

gato

Levar em conta as condições de bem-estar dos animais que estão sob nossos cuidados, independentemente do motivo, é nosso dever. Entretanto, interpretar adequadamente o que um animal está sentindo pode ser um desafio! Alguns indicativos de bem-estar são mais fáceis de serem percebidos, mas não garantem boas condições de bem-estar… Será que o animal está sofrendo? Está frustrado? Está com medo? Será que ele tem o que quer? Abordar esses questionamentos pode não ser tão simples, mas a Consciência Animal está aqui para ajudar! 


cão

Estudar o comportamento animal de forma objetiva é fundamental para construir conhecimento científico sólido nessa área. Entretanto, essa tarefa pode não ser tão fácil… especialmente quando os animais em questão são aqueles tão próximos a nós, tais como cães e gatos domésticos. Por isso, é fundamental que nós estejamos cientes disso e, mais ainda, façamos um treinamento para sermos mais objetivos ao coletar e interpretar nossos dados de comportamento animal.


 

macaco

Você sabe o que é bem-estar animal? Sabe como identificá-lo? Tem noções de como é possível melhorar as condições dos animais que estão sob nossos cuidados? O conceito de bem-estar animal é complexo e envolve muitas facetas… Saúde, fome, estresse, expressão de comportamentos aparentemente anormais, preferências por determinados itens ambientais, frustração, medo… Tudo isso está envolvido na questão do bem-estar animal.


 

peixes

Você já parou para pensar que a companhia de outros indivíduos da própria espécie pode ser significativa para manter boas condições de bem-estar em determinadas espécies de animais? Há animais sociais em que os indivíduos vivem naturalmente em grupos e que, quando mantidos isoladamente, podem sofrer com problemas relacionados ao seu bem-estar. Assim, o isolamento social também é uma das facetas que devem ser levadas em consideração quando avaliamos o bem-estar dos animais que estão sob nossos cuidados… 


 

gatinho

Você já ouviu falar em “imprinting”? Na área de comportamento e bem-estar animal, a compreensão adequada desse termo é muito importante. “Imprinting” (ou “estampagem”, em português) representa um processo de aprendizagem com um período específico de sensibilização, ou seja, uma fase limitada em que os animais são capazes de aprender facilmente determinados comportamentos. Essa fase limitada representa uma “janela temporal” importante em que certos comportamentos são aprendidos e, posteriormente, dificilmente revertidos. Conhecer tais janelas temporais dos animais é fundamental para melhorar nossa relação com eles, afinal, são períodos em que eles estão mais sensíveis às experiências que vivenciam. Uma delas geralmente ocorre enquanto os animais são filhotes. 


girafa

Enriquecimento ambiental é uma técnica que envolve a adição de elementos, aparatos ou condições no ambiente em que o animal se encontra para ampliar a expressão de comportamentos tidos como naturais de sua espécie e também reduzir ou mesmo eliminar a ocorrência de comportamentos considerados anormais, tais como estereotipias… A escolha de enriquecimentos ambientais mais adequados depende da biologia da espécie, do histórico do indivíduo em questão, do contexto ambiental em que o animal se encontra, de questões de segurança, entre outros fatores. Além disso, considerar as respostas de preferência dos próprios animais por itens ambientais específicos é muito relevante nesse aspecto quando pensamos em bem-estar animal…


gato

Quando temos animais de estimação tais como cães e/ou gatos (ou mesmo aqueles mais exóticos), não é difícil estabelecer um forte vínculo com esses animais. Alguns tutores chegam a tratar seus animais de estimação como se fossem bebês humanos. Nessas condições mais antropomorfisadas, é importante avaliar o quanto estamos interferindo na vida desses animais. Se, por um lado, maus tratos e abandono de animais de estimação é facilmente percebido como um drástico impacto negativo sobre as condições de bem-estar (e mesmo sobre a sobrevivência) desses animais, o “excesso de cuidados” baseados no ponto de vista humano também deve ser levado em consideração. O que é considerado bom, prazeroso e reconfortante para o ser humano, não necessariamente é para os animais.


pássaros

Condições estressantes realmente podem ser prejudiciais para o bem-estar dos animais. De fato, em determinadas condições, quando o animal permanece estressado sem conseguir se livrar de uma situação ameaçadora, frustrante ou dolorosa, seu bem-estar pode estar bem comprometido… Entretanto, isso depende do contexto. Estresse também é algo natural para os animais, representando uma resposta com alto valor adaptativo em diversos contextos. Assim, não basta dizer que o bem-estar está comprometido porque o animal está estressado… Gansos em um evento de migração certamente estão fisiologicamente estressados, mas ao expressarem tal comportamento migratório típico da espécie, não podemos dizer que estejam em condições ruins de bem-estar. 


cão

Quando pensamos em bem-estar animal, uma das primeiras coisas que geralmente vêm com facilidade à nossa mente é a questão do sofrimento animal…Afinal, as preocupações com o estado de bem-estar dos animais fazem sentido justamente pela possibilidade dos animais terem consciência de situações que possam lhes causar algum tipo de sofrimento. Entretanto, embora a ausência de sofrimento seja muito importante, ela não é suficiente… Imagine que um animal não está exposto a nenhuma condição que possa lhe causar sofrimento, mas também não tem nada no ambiente que possa lhe proporcionar ao menos algum grau de prazer… Como está o estado interno desse animal? Condições que possam estimular o prazer dos animais também devem ser consideradas quando falamos em bem-estar animal…

 


gato

O bem-estar animal é um conceito complexo que envolve diversas facetas… no passado, as respostas fisiológicas do organismo, tais como o estresse, eram utilizadas como indicadores de bem-estar… mas isso não bastava. Foi aí que entraram os indicadores comportamentais de bem-estar, tais como a expressão de comportamentos tidos como naturais da espécie… mas isso também não bastava… Nesse momento, as considerações sobre o estado emocional dos animais passaram a fazer parte mais diretamente do bem-estar animal… Assim, tanto características fisiológicas, quanto aquelas comportamentais e ainda as emocionais devem fazer parte das condições de bem-estar dos animais. 


garoto e gato

Observar a expressão do comportamento animal e inferir o que tal expressão significa pode não ser uma tarefa fácil. Para isso, é necessário ser objetivo e deixar de lado as prováveis influências relacionadas a antropomorfismos, preconceitos ou mesmo nossas crenças individuais… É claro que, como não “falamos” com os animais, de certa forma, sempre haverá algum grau de subjetividade nessa interpretação, pois afinal é a nossa interpretação do que está acontecendo com o animal…mas isso deve ser ponderado pela nossa imparcialidade se quisermos avaliar objetivamente o comportamento dos animais num trabalho realmente científico… 


cavalos

Quando pensamos na forma como os animais percebem o que está a sua volta é fácil de pendermos para comparações com nossos sentidos e percepções humanas. Entretanto, animais de diferentes espécies podem apresentar órgãos sensoriais com alcances ou capacidades completamente diferentes das nossas… tanto em termos de intensidades que podem ser percebidas quanto em termos de tipos de sinais que podem ser percebidos. Tudo isso tem relação com os sistemas de comunicação dos animais, pois a percepção de um sinal enviado por um animal depende de tais capacidades sensoriais do outro. Assim, os sistemas de comunicação dos animais podem ser altamente variados e complexos dependendo da espécie…


gato 2

Uma das facetas envolvidas no conceito de bem-estar animal é a disponibilidade de características ou estímulos ambientais que propiciem, de alguma forma, ao menos algum grau de prazer aos animais. Entretanto, determinar o que os animais gostam e preferem que esteja disponível em seu ambiente não é uma tarefa fácil… Muitas vezes as pessoas podem acabar colocando no ambiente aquilo que pensam que poderia estimular positivamente o animal com base em sua biologia, história de vida e algumas outras características da espécie e/ou do indivíduo, mas que acaba não funcionando exatamente… Nesse aspecto, a abordagem de determinar o que os animais querem com base em testes de preferência que avaliam as escolhas consistentes dos próprios animais por itens ou outras características do ambiente pode nos ajudar muito a melhor definir o que os animais querem…


cavalo branco

É fácil para aqueles que naturalmente tem afinidade e amam os animais considerarem a importância das questões relacionadas ao bem-estar animal. Entretanto, para aqueles que não possuem tal afinidade, assumir a necessidade das considerações de bem-estar dos animais que estão sob os nossos cuidados pode ser bem mais complicado… O importante é perceber que não é necessário amar para respeitar. Além disso, é importante mostrar racionalmente que o estado dos animais afeta diretamente o ser humano. O estado dos animais de produção pode interferir na qualidade da carne, do leite, etc., produzidos. O estado dos animais de trabalho pode afetar sua capacidade de desempenho. O estado dos animais de laboratório pode afetar as respostas desses animais nos experimentos. O estado dos animais de zoológico pode interferir em sua capacidade reprodutiva e na forma como o público percebe esses animais. O estado dos animais domésticos pode afetar a forma como interagem conosco.


penguins

O cuidado parental, que é todo aquele cuidado exercido pelos pais com seus filhotes, está presente em diversas espécies de animais e envolve desde comportamentos mais simples até aqueles mais complexos. Não é incomum assistirmos reportagens em programas de TV que retratem ao menos parte de tais tipos de cuidados dos pais no reino animal. Esses cuidados geralmente fazem toda a diferença com relação a sobrevivência dos filhotes. Assim, quando pensamos em animais fora das condições naturais, principalmente filhotes, que estejam sob nossos cuidados, é fundamental questionar quais comportamentos os pais exercem como cuidado parental em ambiente natural… Como podemos lidar com os filhotes de forma mais adequada caso eles estejam órfãos ou afastados dos pais? Como podemos lidar com os pais de forma que lhes permita exercer tais cuidados quando têm filhotes em cativeiro? Como isso interfere no bem-estar tanto dos pais quanto dos filhotes?


peixe palhaço

O bem-estar animal envolve inúmeras facetas, e as relações entre os indivíduos também faz parte desse contexto. Quando pensamos em indivíduos de espécies mais sociais, fica fácil imaginarmos que a presença de outros indivíduos da própria espécie é importante para manter melhores condições de bem-estar desses indivíduos. Afinal, são animais que estão naturalmente acostumados a viver em grupos. Mas e quanto às relações interespecíficas? Será que a presença não apenas de indivíduos da própria espécie, mas também de outras pode ser relevante para as condições de bem-estar dos indivíduos, dependendo de sua espécie? Sim! Alguns indivíduos, por exemplo, mantém relações interespecíficas muito evidentes envolvendo intensa cooperação mútua com outras espécies. Esse é o caso do peixe-palhaço e da anêmona. Certamente, em casos assim, faz diferença para o animal ter a liberdade de poder escolher estabelecer tal relação interespecífica no ambiente em que se encontra. 


libélula

Quando pensamos em questões relacionadas ao bem-estar animal é muito fácil já imaginarmos situações que envolvam mamíferos e até aves dentre os vertebrados, tais como vários animais de produção, animais domésticos ou até animais de laboratório… se nos esforçarmos e estudarmos um pouco mais, podemos até pensar na importância dessas considerações também para répteis e peixes em situações, por exemplo, de zoológicos, aquários ou mesmo em sistemas de produção. Mas é bem mais difícil pensarmos e nos preocuparmos com as condições de animais invertebrados… Há invertebrados que também são animais de produção (ex: abelhas), outros que são utilizados na culinária (ex: moluscos marinhos, caranguejos, lagostas…) ou ainda que também são animais de laboratório (ex: existem experimentos até com colônias de formigas!). Assim, é importante ter em mente que todo animal merece nosso respeito e, com isso, que levemos em conta considerações de bem-estar animal de acordo com o contexto.


peixes

Os peixes não são pets tão comuns como cães e gatos, mas o ramo da aquariofilia ou aquarismo com fins ornamentais em que peixes, além de outros organismos aquáticos tais como plantas aquáticas, são criados e mantidos em aquários ou tanques naturais ou artificiais tem crescido ao longo dos anos. Nesse aspecto, é importante salientar a importância das considerações de bem-estar desses animais tanto enquanto sendo criados e comercializados quanto posteriormente, quando mantidos nos aquários ornamentais. Cuidar da manutenção da qualidade, luminosidade e temperatura da água do ambiente e considerar quais espécies e indivíduos poderão ser mantidos num mesmo ambiente é apenas o começo… Será que o substrato no fundo do aquário é importante para as espécies? Qual tipo de substrato é o melhor? A colocação de plantas aquáticas pode enriquecer adequadamente o ambiente? Como devo estruturar o aquário? Como proceder para limpar adequadamente o ambente? Como podemos enriquecer um aquário?


ave

A tomada de alimento nos animais é um processo complexo que depende de vários fatores ambientais, bem como da biologia e história evolutiva das espécies. Há diversas estratégias entre os animais para a obtenção de alimento. Mesmo quando consideramos a diferenciação entre os grupos de animais carnívoros, onívoros, herbívoros, limpadores e detritívoros ou parasitas (ou ainda parasitóides!) ainda existem inúmeras estratégias diferenciadas em cada grupo. Pelas mídias, normalmente o que mais chega até nós são estratégias de animais carnívoros, tais como os grandes predadores felinos (ex: leão, tigre, guepardo, etc), por exemplo. Entretanto, há ainda muito para se conhecer sobre as estratégias dos carnívoros e, principalmente, das espécies que se enquadram em outros grupos.


cavalo

A história do desenvolvimento da Ciência do Bem-estar animal começou na década de 60, quando as pessoas começaram a questionar práticas e manejos feitos especialmente com animais de produção, tais como gado, galinhas poedeiras, porcos… E, assim, consequentemente, o foco do bem-estar animal ficou sobre os animais de produção por um tempo até que as pessoas começaram a consistentemente questionar práticas e manejos aos quais submetemos outros animais, tais como aqueles de treinamento, como cavalos, por exemplo. Os animais de treinamento, dependendo da forma como são mantidos e treinados, também podem estar sob condições muito ruins de bem-estar. Assim, é importante sempre lembrar que todas as vezes que estamos mantendo animais sob os nossos cuidados, fora de seu ambiente natural, devemos nos preocupar com questões éticas e de bem-estar animal.


peixes

Os peixes são animais que não apresentam expressão corporal e facial semelhantes à nossa, tais como os mamíferos apresentam. Nem expressam vocalizações, ao menos que sejam audíveis para os seres humanos. Além disso, são animais que vivem num ambiente completamente diferente do nosso, o ambiente aquático. Tudo isso, de certa forma, distancia esses animais da nossa percepção humana. Assim, é comum que as pessoas tenham certa dificuldade em pensar sobre questões de bem-estar animal para os peixes, pois geralmente é mais difícil acreditarem que sejam animais capazes de sentir ao menos algum nível de sofrimento consciente. Os peixes não gritam e não expressam na face as emoções de sofrimento como os mamíferos fazem, mas é importante lembrar que não é porque um animal não se expressa como um ser humano que ele não apresenta a capacidade de sentir as coisas… Usar o ser humano como referencial é uma medida antropocêntrica equivocada. Assim, é importante considerar cada animal em seu meio, procurando focar em seu próprio ponto de vista, e não no nosso…


cabras

As estratégias predatórias e anti-predatórias dos animais são muito diversas e podem ser altamente complexas… Não é incomum nos depararmos com alguns exemplos mais clássicos ou ainda inusitados de tais estratégias em programas que abordem a vida selvagem e/ou documentários relacionados. O efeito da diluição é uma estatégia anti-predatória de animais que vivem em grupos. Basicamente, essa estratégia se resume ao que seu próprio nome já nos esclarece: a probabilidade de ser perseguido e subjugado por um predador diminui consideravelmente, ou seja, se dilui, quando o animal está em meio a um agrupamento de outros indivíduos semelhantes a ele. Quanto maior tal agrupamento, maior será o efeito… Isso ocorre porque o predador normalmente irá focar em um animal em específico no momento de iniciar uma perseguição ou emboscada e, obviamente, a probabilidade do animal ser ‘escolhido’ pelo predador diminui conforme aumenta o número de ‘presas’ em potencial que sejam semelhantes a ele no grupo detectado pelo predador.


gato

Um mero detalhe no ambiente, que pode nos parecer insignificante, às vezes pode representar uma diferença para o animal em termos de melhora em sua condição de bem-estar. Quando o animal está constantemente num ambiente pobre, sem muitas características ou objetos com os quais possa interagir, a simples adição de um objeto novo que, de alguma forma atraia o animal, pode levá-lo a um melhor estado de bem-estar. Assim, veja que enriquecimento ambiental não precisa ser complexo e nem necessariamente representar uma característica mais natural para o animal. Em ambiente e condição mais artificiais, seja a nossa casa, um zoológico, um laboratório ou uma fazenda, o animal encara uma situação diferente daquela mais natural em vida livre e, assim, a forma como ele vai lidar com o que o cerca também pode ser diferente… o que realmente importa nessas condições é o quanto aquilo que estou modificando no ambiente é algo que está fazendo bem para o animal, algo que ele prefere e está motivado para ter em seu ambiente…


gato 2

Quando falamos em bem-estar animal é importante ter em mente que nós humanos também somos animais e, portanto, também fazemos parte das considerações de bem-estar animal. Assim, quando nos deparamos com situações em que há convívio, ou ao menos contato, entre humanos e outros animais, é também relevante avaliar como essa relação afeta também os seres humanos envolvidos. Assim, veja que quando pensamos no bem-estar dos nossos animais domésticos, dos animais de zoológico, daqueles de laboratório ou nas fazendas, também devemos pensar no bem-estar das pessoas envolvidas com esses animais… pensar em como podemos melhorar a relação entre as pessoas e os animais considerando o bem-estar de ambos. O que podemos fazer para melhorar o bem-estar dos animais sem prejudicar o bem-estar dos humanos? O que podemos fazer para melhorar o nosso bem-estar sem prejudicar o bem-estar dos demais animais? Como podemos melhorar nossa relação com os animais ao mesmo tempo em que assegurarmos melhores condições de bem-estar para eles? É importante pararmos para refletir sobre esses pontos…


calopsita

Você já pensou hoje no que poderia fazer para melhorar as condições de bem-estar do seu pet? Cão, gato, hamster, calopsita, peixinho dourado, ou ainda outros animais mais exóticos, não importa… O importante é sempre ter em mente que, independentemente da espécie, eles merecem boas condições de bem-estar. E, para isso, não esqueça de procurar buscar o que o seu animalzinho prefere! O que ele gosta de ter no ambiente? Lembre-se que é importante considerar não apenas a biologia e a história evolutiva da espécie e o que nós mesmos achamos que pode melhorar o bem-estar dos animais, mas também é fundamental considerar o que o próprio animal, no contexto em que vive, prefere. Faça testes de preferência com seu pet e descubra o que é de fato importante para ele. Isso pode lhe ajudar muito a melhorar as condições de bem-estar do seu pet! E não esqueça de que as preferências também têm suas limitações e de que é necessário tomar cuidado ao interpretar as respostas de preferência dos animais… Tem dúvidas ou está com dificuldades com isso? Entre em contato com a Consciência Animal. Estamos aqui para lhe ajudar onde quer que você esteja!


beta

Não é incomum nos depararmos com pessoas que, ao observarem pássaros em pequenas gaiolas que estejam cantando, concluem que tais pássaros estão bem. Tal conclusão normalmente vem da ideia de que mesmo considerando que tais pássaros estejam num ambiente tão restrito, ainda estão exibindo um comportamento tido como natural. Analogamente, também podemos imaginar o mesmo tipo de situação quando, por exemplo, um macho de peixe beta, que é uma espécie ornamental comum entre os peixes, esteja sendo mantido num ambiente muito restrito. É comum esse peixe exibir seu comportamento natural de “display” das nadadeiras, como observamos nessa imagem, ao estar exposto a outro indivíduo macho da própria espécie ou a um espelho. Esse tipo de análise que automaticamente conclui que o animal está bem porque está expressando um de seus comportamentos naturais, é demasiadamente simplista quando pensamos em bem-estar animal. Estamos falando aqui de apenas um dos comportamentos naturais dessas espécies. E quanto aos demais de seu repertório comportamental? Será que elas têm a oportunidade de expressá-los nesses ambientes tão restritos? E ainda mais importante do que isso: lembre-se que a expressão de comportamentos tidos como “naturais” representa apenas uma das facetas que fazem parte do bem-estar animal e que em ambientes artificiais nem sempre os comportamentos naturais devem ser esperados…


caramujo

Relações interespecíficas são aquelas em que indivíduos de uma espécie de alguma forma se relacionam com indivíduos de outra espécie, sendo que a relação estabelecida pode ser benéfica para apenas uma das espécies (às vezes em detrimento da outra) ou para ambas as espécies envolvidas. Com isso em mente, saber corretamente as relações específicas que naturalmente ocorrem com as espécies que estamos lidando é importante quando pensamos em questões relacionadas ao bem-estar animal. Pode ser extremamente importante que, dependendo do caso, haja a possibilidade da espécie estabelecer alguma relação interespecífica natural (ou ao menos próxima ao que ela está acostumada) que lhe propicie algum benefício. Às vezes, uma determinada espécie pode estar tão adaptada à ocorrência de alguma relação interespecífica, que a impossibilidade de ocorrência de tal relação certamente poderá prejudicar consideravelmente suas condições de bem-estar.



pintinho

Tratar questões relacionadas ao bem-estar animal requer conhecimento, dedicação e paciência. É preciso analisar cada situação com calma e reflexão. Não é porque o animal não interagiu muito com o enriquecimento que ele não funcionou… Não é porque o animal está fisiologicamente bem e expressando comportamentos tidos como “naturais” que está de fato em boas condições de bem-estar… Um animal que está expressando uma estereotipia não necessariamente está pior do que outro mais inativo… Não é porque os níveis de cortisol estão elevados que o animal está passando por estresse psicológico… Por isso é tão importante compreender com clareza todas as facetas que envolvem o conceito de bem-estar animal e, a partir disso, saber como colocar em prática de forma a efetivamente melhorar as condições dos animais.



gorila

O processo de transmissão cultural, ao contrário do que muitos imaginam, não é uma exclusividade dos seres humanos. É um processo de aprendizagem complexo que envolve outros tipos de aprendizagem, podendo ser encontrado em diversas espécies de animais. Podemos compreender a transmissão cultural como sendo a transferência de comportamentos específicos e característicos entre indivíduos que não está ligada a transmissão genética por meio da hereditariedade. Ou seja, em palavras mais simples, a transmissão cultural pode ser compreendida como sendo aqueles comportamentos que passam de “pai para filho” por meio da aprendizagem, e não relacionados à herança genética dos pais. Mas é importante lembrar aqui que a transmissão cultural também pode ocorrer entre indivíduos numa mesma geração por meio de alguns mecanismos tais como a facilitação social, aprendizagem por observação ou ainda por imitação do comportamento de outros indivíduos.

 



caracol

Quando falamos em comportamento e bem-estar animal, facilmente os animais de produção/treinamento, aqueles mantidos em zoológicos ou laboratórios ou ainda os animais domésticos aparecem na discussão. De fato, esses 4 grupos merecem amplo destaque no estudo do comportamento e das considerações de bem-estar por estarem claramente em condições restritivas, sendo mantidos pelos seres humanos. Entretanto, é sempre bom lembrar que as questões de bem-estar animal não estão restritas a isso… o ser humano pode interagir com outras espécies de animais, em circunstâncias e contextos diferentes. Devemos estar preparados para lidar com situações novas e, principalmente, para sabermos enxergar tais situações. Às vezes os animais com os quais interagimos são tão pequenos, como na imagem, que nem sequer percebemos que estamos afetando suas vidas. É claro que tudo depende de bom senso e das opções que temos em mãos, mas não devemos simplesmente ignorar tais interações. Os animais, independentemente de sua espécie, fazem parte das considerações de bem-estar a partir do momento que, de alguma forma, nós estejamos afetando suas vidas.

 



cão

É comum as pessoas observarem animais expressando comportamentos reconhecidos como estereotipias, ou seja, aqueles comportamentos repetitivos, sem causa aparente e que normalmente refletem elevado nível de estresse psicológico, e concluírem que tais animais estão numa condição ruim de bem-estar. Por outro lado, animais apáticos, ou seja, que estão muito inativos em vista de seu repertório comportamental natural, muitas vezes não são percebidos como enfrentando condições ruins de bem-estar. Isso é um erro. O excesso de inatividade também é um comportamento anormal, e que muitas vezes está ligado à frustração do animal no ambiente em que se encontra. É possível que em condições ambientais pobres o animal esteja num estado tão ruim de bem-estar que é incapaz de expressar até mesmo alguma estereotipia. Seguindo essa ideia, dependendo das circunstâncias, é possível que um animal apático e muito inativo esteja em piores condições até mesmo do que outro que está expressando alguma estereotipia, pois não consegue nem sequer reagir no ambiente que o cerca.

 


ovelha

Será que este comportamento do animal que estou observando é geneticamente determinado? Ou será que ele depende apenas de fatores externos que vem do meio ambiente? É um comportamento puramente instintivo ou, por outro lado, puramente aprendido? Esse tipo de raciocínio é um equívoco! A expressão de qualquer comportamento é fruto da interação entre genética e meio ambiente. Assim, todo comportamento requer uma base genética que permita sua expressão ao mesmo tempo em que sofre influência de fatores ambientais. É claro que, dependendo do comportamento, a influência da base genética é mais forte que dos fatores ambientais, ou ainda o oposto, ou seja, há comportamentos mais fortemente influenciados pelo meio ambiente do que dependentes de base genética. Mas lembre-se: a expressão do comportamento é sempre fruto da interação desses dois fatores – genética (nature) e ambiente (nurture). Essa interação é, portanto, indissociável e complexa.


iguana

Quando pensamos em animais de estimação, é comum lembrarmos de cães, gatos e até mesmo de passarinhos ou peixes ornamentais, mas animais mais exóticos, frequentemente silvestres, também têm sido mantidos como pets por diversas pessoas. Nesse contexto, é importante considerarmos que enquanto lidar com questões comportamentais e mesmo relacionadas ao bem-estar dos pets mais comuns é ao menos relativamente frequente, esse não é o caso dos pets não convencionais… Assim, fica clara a importância de nos aprofundarmos, cada vez mais, em estudos relacionados ao comportamento e bem-estar desses animais mais exóticos no ambiente doméstico. E claro que, quando estivermos lidando com um caso prático específico, devemos considerar todo o conhecimento que já existe sobre a espécie em questão e o conceito específico de bem-estar animal. Além disso, é sempre importante considerar o contexto do caso em questão, especialmente em relação as características peculiares dos animais envolvidos.



tigre

Quando olhamos para a expressão de algum comportamento nos animais, especialmente se forem mamíferos, é fácil de nos identificarmos em tal expressão comportamental, afinal também somos mamíferos. Nesse aspecto, facilmente podemos ser conduzidos a pensar que os animais estão realizando tal comportamento com as mesmas intenções conscientes que nós, humanos, faríamos. É aqui que entra o problema da subjetividade ligada ao antropocentrismo… Ou seja, atribuir, de forma subjetiva, características humanas aos animais. Independentemente da discussão sobre a questão da consciência, é importante analisar objetivamente a expressão comportamental dos animais, inclusive considerando o contexto em que estão inseridos. Quais são os mecanismos por trás de tal expressão comportamental? Quais são as causas evolutivas que levaram à seleção dessa expressão comportamental? E, se quisermos comparar com nossa própria expressão comportamental, quais seriam os mecanismos e as causas na espécie humana que mantém esse comportamento? Seriam os mesmos? Essa avaliação mais objetiva é fundamental para assegurar a qualidade do que estamos analisando e das conclusões a que chegaremos…


toupeira

Observe a foto com objetividade. Liberte-se de seus pré-conceitos. Quando falamos em comportamento e bem-estar animal, não importa o quanto um animal parece “esquisito” ou o quanto parece diferente de nós mesmos (lembre-se do problema do antropomorfismo!). É importante que consideremos o animal em seu próprio habitat natural, com suas próprias adaptações às condições ambientais. É importante que sejamos capazes de enxergar esse animal com olhos neutros, descarregados de comparações com animais que conhecemos melhor ou com nós mesmos. É importante tentar olhar através dos próprios olhos desse animal… Por que será que ele é da forma como se apresenta? Por que expressa este ou aquele comportamento? Isso é normal para a espécie? Está acontecendo em ambiente natural ou artificial, onde as reações do animal, de fato, podem ser diferentes? Essas são as perguntas norteadoras que devemos ter me mente visando melhor entender o comportamento ou ainda buscando melhorar condições de bem-estar desse animal…


libélula

O nosso referencial de percepção do ambiente a nossa volta está intimamente ligado as capacidades de percepção de nossos sentidos, tais como olfato, paladar, visão, audição e tato. Assim, é comum julgarmos e caracterizarmos estímulos ambientais que nos chegam de acordo com essas nossas capacidades. Por exemplo, quando classificamos determinado ruído ambiental como algo “muito baixo”, tal classificação foi inferida a partir de nossas capacidades auditivas. Entretanto, isso não quer dizer que o mesmo ruído seja baixo para outras espécies de animais… E aí mora o perigo! Pense na reação, por exemplo, de nossos animais de estimação a fogos de artifício… Isso porque estímulos ambientais que não nos incomodam necessariamente podem incomodar muito outros animais, prejudicando seu estado de bem-estar. Já parou para pensar, por exemplo, sobre como os insetos enxergam? Como vemos na foto, a estrutura dos olhos desses animais é diferente da nossa… Portanto, é importante considerar as capacidades de percepção de cada espécie e, mais ainda, o nível de sensibilidade de cada indivíduo, sempre que estivermos tratando da influência de algum estímulo ambiental sobre o estado de outras espécies de animais.


ratinho

Quando pensamos nas condições em que animais de laboratório, ou seja, aqueles usados em experimentação, são mantidos e manipulados, é importante considerarmos 2 pontos principais: 1) questões relacionadas ao bem-estar animal; 2) possível influência das respostas dos animais frente à sua condição nos resultados dos experimentos nos quais tais animais são utilizados. O que isso quer dizer exatamente? Quer dizer que devemos sempre considerar as condições de qualidade de vida desses animais e procurar melhorá-las tanto quanto for possível ao mesmo tempo em que balanceamos isso com possíveis interferências nos experimentos por conta da forma como esses animais são mantidos. Por exemplo, imagine que alguém está testando a influência do enriquecimento ambiental, por exemplo, nas habilidades cognitivas de uma determinada espécie. Veja que, neste caso, as experiências prévias que os animais que serão testados tiverem com enriquecimento ambiental podem influenciar suas respostas no experimento. Nesse sentido, o uso do enriquecimento ambiental para melhorar as condições de bem-estar desses animais é bem limitado… Porém, isso não impede que outras formas de melhorar as condições desses animais sejam utilizadas. Tudo é uma questão de procurar fazer o melhor pelos animais enquanto se evita interferências nos experimentos para os quais são utilizados.


esquilo

Estar sozinho é ruim? Talvez a partir de um referencial humano sim, pois somos uma espécie naturalmente mais social… Entretanto, devemos sempre levar em consideração a espécie em questão e sua história evolutiva, ou seja, a forma como ela está adaptada a lidar com as situações à sua volta… Se for uma espécie mais social, é provável que a presença de outros indivíduos da própria espécie represente algo positivo na vida do indivíduo. Por outro lado, se for uma espécie cujos indivíduos naturalmente vivem mais isolados uns dos outros na maior parte do tempo, o agrupamento com outros indivíduos da própria espécie pode, inclusive, ser muito estressante e assim prejudicial para o animal. Além disso, é preciso considerar também a história de vida do animal em questão. Às vezes, mesmo sendo um animal de uma espécie naturalmente mais solitária, o contexto de vida do animal o levou a se habituar a presença de outros indivíduos da própria espécie ou ainda de outras espécies. Em situações assim, a presença de outros indivíduos pode ser muito relevante para esse animal, e claramente deve ser levada em considerações para fins de bem-estar animal.

 



cavalo

É claro que sempre que os animais estejam, de alguma forma, sob nossos cuidados, devemos zelar pelo bem-estar desses animais considerando o contexto em que estão envolvidos e as opções que temos em mãos. Entretanto, em situações nas quais a relação que estabelecemos com eles torna-se muito próxima, tem um fator que afeta as condições de bem-estar dos animais e também dos humanos envolvidos e que merece grande destaque: a influência da nossa relação com os animais. Como tal relação está afetando esses animais? O que de fato é saudável ou pode, na verdade, ser um exagero nessa relação? Será que avaliamos aquilo que deve estar sendo bom para os animais nessa relação? E, por outro lado, considerando o que não está sendo bom para os seres humanos envolvidos na relação, o que podemos mudar? Veja aí a importância de nos aprofundarmos na relação homem-animal visando melhorar as condições de bem-estar dos animais sem, por outro lado, ignorar as condições de bem-estar dos seres humanos. Precisamos lembrar que em situações assim o importante é enxergar esse tipo de relação como algo integrado.


camuflagem

A camuflagem consiste na expressão de características externas no corpo do animal (ex: cores e formas) que permitem que ele permaneça “disfarçado” em meio ao ambiente que o cerca. Veja o exemplo na imagem da mariposa que está quase imperceptível em relação ao tronco de árvore sobre o qual repousa. Tanto o seu padrão de coloração corporal quanto a forma/estrutura de seu corpo e posicionamento de suas asas auxiliam em sua camuflagem no ambiente. Assim, pensando em possíveis predadores que possam aparecer no ambiente, essa mariposa está mais protegida por estar camuflada, pois nessa circunstância torna-se mais difícil para o predador detectá-la. Tal estratégia também pode ser útil ao predador, pois se ele também estiver camuflado no ambiente, a presa pode não perceber sua aproximação e ser pega de surpresa…


gavião

Você sabia que existem inúmeras estratégias predatórias no reino animal? Conseguir detectar, alcançar, subjugar e se alimentar de uma presa, inclusive sem se ferir no processo, faz parte da tomada de alimento dos animais predadores. Usar garras e/ou dentes afiados, que são características morfológicas adaptativas de alguns predadores, para capturar a presa é apenas parte de uma das várias estratégias que estão presentes desde animais invertebrados, tais como os insetos, até aqueles mamíferos comumente vistos como predadores de topo de cadeia alimentar, tais como leões e tigres por exemplo. As estratégias de predação estão diretamente relacionadas à sobrevivência dos predadores, afinal, se forem frequentemente mal sucedidas a ponto de não compensarem os gastos energéticos do indivíduo, a morte do predador é certa…


estrada

Atropelamentos nas estradas não apenas de animais domésticos, mas também de animais silvestres, é mais comum do que imaginamos… Isso pode ser um sério problema, especialmente quando pensamos em espécies já ameaçadas de extinção. O problema pode ser ainda maior para as espécies que naturalmente têm grandes territórios, estando assim, portanto, mais susceptíveis a tais atropelamentos, pois a chance de cruzarem as estradas deve ser ainda maior… Existem algumas opções que podem ajudar a evitar tais atropelamentos além da simples colocação de placas de sinalização, tais como a construção de passagens inferiores ou superiores para a fauna nas estradas ou mesmo a colocação de cercas ou outras barreiras nas margens da estrada em pontos estratégicos. Claro que tudo isso tem um custo, mas além de ajudar a salvar vidas da nossa fauna silvestre, também vai ajudar a evitar acidentes que podem ser fatais até para nós humanos…


onça

Os animais de uma mesma espécie apresentam diferenças individuais que podem ser muito significativas para questões ligadas ao bem-estar. Por exemplo, animais com diferentes personalidades podem lidar de forma diferente com os desafios ambientais que o cativeiro geralmente impõe… Enquanto uns podem desenvolver e apresentar as famosas estereotipias, outros podem ficar mais inativos do que o normal. Animais diferentes também podem apresentar preferências diferentes, o que é muito importante na hora de tentar enriquecer o ambiente desses animais, por exemplo, visando melhorar sua qualidade de vida. Portanto, é fundamental que levemos em conta as variações individuais de resposta, especialmente em condições que os animais são mantidos sozinhos ou em pequenos grupos, como é frequente nos zoológicos, pois nesses casos podemos atender demandas individuais mais facilmente. Além disso, animais de zoológico podem ter diferentes experiências de vida até serem encaminhados ao zoológico, o que também pode influenciar em suas respostas frente ao ambiente cativo e aos enriquecimentos ambientais. Mais um motivo para levarmos em consideração as variações individuais desses animais na hora em que buscamos melhorar sua qualidade de vida.


leão

Saber diretamente o que se passa na mente de um animal em nível de consciência sobre o ambiente que o cerca e os estímulos que lhe chegam, seja ele vertebrado ou mesmo invertebrado (ao menos alguns grupos) é algo extremamente complexo e praticamente impossível… ao menos do ponto de vista científico no momento. Por outro lado, há diversas evidências científicas indiretas que nos indicam que vários animais têm consciência, mesmo que seja em diferentes graus, o que nos fornece alguma base para argumentar nesse sentido. Mas lembre-se: independentemente de conseguirmos provar a consciência nas espécies de animais, na dúvida, considerando que há um corpo de evidências indiretas sustentando a ideia de que várias espécies devem ter alguma consciência, devemos sempre optar para onde a Ciência mais nos aponta… ou seja, pela possibilidade do animal ter sim ao menos algum grau de consciência. Não precisamos saber exatamente o que se passa na cabeça dos animais para optar pela ideia de que têm consciência. E é isso que precisamos usar em defesa dos animais uma vez que obter as tais evidências diretas é improvável…

 


camarão

Quando pensamos em animais de criação, mesmo aqueles considerados ornamentais, rapidamente nos vem à mente a imagem de cães, gatos e outros até menos comuns como calopsitas, peixes ou ainda pets bem incomuns tais como alguns répteis… Quando pensamos em animais de produção, facilmente imaginamos gado, frangos, porcos e até alguns mais incomuns mas que ainda assim são animais vertebrados… Ou seja, é difícil que lembremos facilmente de animais invertebrados nesses casos, embora também existam diversas espécies deles nesses meios…por exemplo, existem camarões ornamentais que são mantidos em aquários para criação e claro, existe a produção de camarão para alimentação. Ostras e lagostas também são animais de produção… O mel produzido por abelhas em sistemas de produção é bem comum… Caranguejos são usados em pratos da culinária e também há aqueles ornamentais criados em viveiros… Veja quantos exemplos de animais classificados como invertebrados e que fazem parte dos sistemas de criação e produção dos seres humanos… Isso tudo deixa mais do que evidente a necessidade de olharmos mais profundamente para as questões de bem-estar que envolvam esses animais…


gato

Sempre que falamos sobre uma relação que envolve um forte vínculo entre homem e animal, tal como muitas das relações que estabelecemos com nossos animais domésticos, é importante levarmos em conta ambos os lados da relação… Como podemos tornar esse relacionamento o mais saudável possível considerando o bem-estar dos pets e dos humanos envolvidos? Como podemos resolver questões que incomodam os tutores sem prejudicar o bem-estar dos animais de companhia? Por outro lado, como podemos assegurar melhores condições de bem-estar para os pets sem causar desconforto para os tutores? Considerando questões assim, devemos nos lembrar que o adestramento dos pets por profissionais especializados e qualificados pode ajudar muito nessas questões… lembrando que também é sempre importante instruir e orientar adequadamente os tutores de forma que possam melhor entender o comportamento e o bem-estar animal para assim melhor lidarem com as situações que aparecerem…


mariposa

Quando pensamos na diversidade animal, podemos facilmente imaginar inúmeras formas e colorações diferentes nas estruturas corporais dos mais diversos animais. Tais diferenças nessas estruturas normalmente refletem diferentes adaptações associadas ao ambiente e ao contexto em que os animais ocorrem. As adaptações permitem que os animais melhor lidem com os desafios e adversidades que geralmente encontram em seu ambiente, sendo fruto do processo de seleção natural ao longo da evolução das espécies. As adaptações representam a diferença entre sobrevivência e extinção das espécies dependendo dos desafios impostos pelo ambiente… Elas não se restringem a modificações morfológicas, mas também incluem alterações comportamentais. Estratégias comportamentais adaptativas que vemos hoje em dia são também adaptações que foram sendo mantidas nas espécies como fruto do processo de seleção natural na evolução.


ouriço

Não é aquilo que difere os animais de nós que deve ser o nosso foco quando pensamos em questões relacionadas ao bem-estar animal… As diferenças apenas representam adaptações específicas de cada animal considerando o contexto ambiental em que sua espécie evoluiu e se mantém até hoje. Focar nas diferenças em relação aos seres humanos para fazer afirmações sobre quem merece ou não merece considerações de bem-estar é um grande equívoco. Lembre-se: independentemente das semelhanças conosco, respeitar outras espécies – seja ela qual for – com base na clara possibilidade de consciência em animais não humanos (algo que está de acordo com a evolução e com o peso das evidências científicas) é fundamental.


cão e gato

Você já parou para pensar como o seu animal de estimação lida com a sua ausência? Já se perguntou se ele tem estímulos suficientes para interagir no ambiente, principalmente na sua ausência? Já pensou em arranjar enriquecimentos que propiciem diversos tipos de interação para animais de companhia? Chegou a pensar em variar um pouco a rotina para funcionar como um estímulo diferente do costume? O quanto seu pet é “apegado” a você? Já imaginou como ele deve se sentir quando você está ausente? Será que você se preocupa suficientemente com formas de mantê-lo em um estado positivo de bem-estar mesmo na sua ausência? Em nossas relações com nossos animais de estimação podemos desenvolver um vínculo muito próximo e intenso com eles e, com isso em mente, é fundamental que pensemos em questões como essas visando assegurar melhores condições de bem-estar para esses animais.


leão

A infância é um período muito ligado à aprendizagem. É nesse momento que os animais começam a experimentar o mundo que os cerca e observar como os demais da própria espécie agem e reagem… Há inclusive um tipo de aprendizagem que é muito comum na infância, que se chama “imprinting”. Esse tipo de aprendizagem acontece em janelas temporais específicas, sendo uma delas normalmente na infância, e é uma aprendizagem que dificilmente poderá ser modificada mais tarde na vida… Por isso, as experiências que os animais têm na infância são extremamente importantes na influência sobre a forma como vão lidar com o ambiente, outros animais e os seres humanos posteriormente na vida adulta.


cão

Não podemos negar que o sofrimento é uma questão central quando falamos em bem-estar animal. É claro que sofrimento pode ter várias causas diferentes, que vão desde uma doença física até algum nível de frustração psicológica, mas a dor é claramente uma das principais causas. Assim, detectar e tratar a ocorrência de dor nos animais adequadamente, de forma confiável e consistente, é um importante aspecto das considerações de bem-estar animal. Entretanto, muitas vezes essa não é uma tarefa fácil… Assim, mais pesquisas, empenho e dedicação nessa área são fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos animais.


cão 2

É importante ter em mente que, embora considerar as respostas de preferência dos animais seja muito relevante para melhorar a qualidade de vida deles, nem sempre o que os animais preferem vai, de fato, melhorar suas condições de bem-estar a longo prazo, ou mesmo a curto prazo… veja no exemplo da imagem que o cão parece estar bem nessa condição, mas, ao mesmo tempo, está correndo um sério risco de ser atropelado por um trem… Nesse aspecto, devemos sempre levar em conta nossa capacidade de avaliar se as condições preferidas pelos animais são “inofensivas” para eles, seja a curto ou longo prazo.


girafa

Quando pensamos na tomada de alimento dos animais, é muito fácil nos lembrarmos de exímios predadores se alimentando de outros animais, tais como leões, tubarões, serpentes, ursos, etc. Entretanto, pensar na tomada de alimento quanto se trata de uma espécie herbívora, ou seja, que se alimenta de espécies vegetais, é algo pouco lembrado ou, mesmo quando lembrado, é mais banalizado… Assim como existem diversas estratégias de tomada de alimento que as espécies carnívoras ou mesmo onívoras (ou seja, aquelas que se alimentam tanto de outros animais quanto de vegetais) utilizam, também existem inúmeras estratégias que as espécies herbívoras colocam em prática…


cão e gato

É muito importante considerarmos que cães e gatos, nossos pets mais comuns, são animais bem diferentes. A fisiologia, a expressão comportamental, as necessidades individuais… tudo isso varia entre essas espécies. Gatos não são “cães pequenos”! Assim, visando assegurar melhores condições de saúde e bem-estar para os felinos domésticos é fundamental que consideremos tais animais como a espécie que realmente são, com suas características particulares… O mesmo, obviamente, vale para os cães… Daí a importância de conhecermos bem a biologia e a história evolutiva de cada uma dessas espécies quando pensamos em melhorar suas condições de bem-estar no contexto ambiental em que estão inseridos. Esse é um ponto crucial para tratar questões de comportamento e bem-estar animal de cães e gatos!


animais

Não é incomum que as pessoas tenham em mente conceitos equivocados sobre o bem-estar animal. E não é tão fácil debater e mostrar as razões desses equívocos… Assim, é preciso empenho nisso também, porque tais equívocos podem estar mais “enraizados” na mente das pessoas do que nós pensamos… Mesmo aquelas bem intencionadas podem apresentar tais equívocos. Nesse aspecto, é fundamental que façamos a nossa parte, estudando, buscando aprofundamento, avaliando criticamente cada situação específica e, além disso, discutindo e argumentando com outras pessoas sobre questões que envolvam o bem-estar animal. Assim, podemos ajudar a “desmistificar” conceitos equivocados que circulam por aí e que mesmo as pessoas bem intencionadas podem estar divulgando ou aplicando na prática…


peixes

Será que a técnica de enriquecer o ambiente com novos objetos, estruturas ou características também pode ajudar a melhorar a vida dos peixes? Sim, com certeza! O enriquecimento ambiental é uma ferramenta importante na busca pela melhora na qualidade de vida dos animais quando aplicado adequadamente. Os peixes não são uma exceção! Podemos pensar em diferentes tipos de enriquecimento para peixes, inclusive cognitivos, embora possa parecer mais difícil imaginar tais enriquecimentos… Não se esqueça: estude a biologia da espécie, sua história evolutiva e também a história dos indivíduos específicos em questão (ex: de onde vieram, quais experiências possivelmente tiveram, etc). Leve em conta também que não apenas características naturais, mas também coisas totalmente artificias podem sim ser úteis como enriquecimento… tudo depende do contexto e de como o animal responde ao enriquecimento


porcos

Quando pensamos em questões relacionadas ao bem-estar animal, estimular comportamentos ativos dos animais é algo mais facilmente enfatizado. Claramente isso é importante, pois em ambientes não naturais a monotonia frequentemente é constante para os animais, o que pode levá-los à frustração e à expressão de comportamentos anormais. Entretanto, propiciar oportunidades de relaxamento adequado também é importante, afinal, mesmo o excesso de estímulos também pode ser prejudicial. O equilíbrio entre a expressão de comportamentos ativos saudáveis e o relaxamento apropriado é fundamental para assegurar melhores condições de bem-estar.


gato

Quando um animal se comporta de forma que consideramos “anormal” dentro dos referenciais comportamentais que conhecemos para a espécie em questão, não é incomum que as pessoas pensem que o animal não está bem. De fato, a expressão de comportamentos considerados como “anormais”, tais como as estereotipias (comportamentos repetitivos e sem função aparente), pode ser considerada como um indicador de condições ruins de bem-estar… mas veja que esse não é um indicador inequívoco. Nem sempre sabemos definir e identificar adequadamente um comportamento como sendo, de fato, anormal. Além disso, comportamentos tidos como “naturais” nem sempre devem ser esperados num contexto artificial, ou seja, fora do ambiente natural…


joaninha

Muitas vezes nos deparamos com animais pequenos e mesmo comuns e bem conhecidos, como é o caso da joaninha da foto, mas não percebemos a complexidade desses animais… A imagem comum da joaninha para as pessoas normalmente não inclui esse delicado e importante par de asas transparentes da imagem, que ficam sob as conhecidas estruturas mais rígidas e vermelhas… É esse par de asas mais delicadas que permite com que esses animais voem livremente… Esse é um claro exemplo de estruturas simples, porém muitas vezes desconhecidas, que fazem parte das estruturas corporais dos animais e lhes permitem executar importantes comportamentos.


câezinhos

O enriquecimento ambiental é uma técnica importante no contexto do bem-estar, que visa aumentar as oportunidades dos animais expressarem comportamentos mais naturais, além de reduzir ou mesmo prevenir o aparecimento de comportamentos considerados anormais. Na hora de aplicar um item de enriquecimento ambiental, é importante ter em mente que objetos simples, como a caixa de papelão da imagem, pode funcionar tão bem quanto (ou até melhor, dependendo da situação) que estruturas mais complexas… Por isso, é importante ter todas as opções em mente (inclusive as mais simples, que podem estar passando despercebidas!), além de considerar a biologia da espécie, a história de vida do animal em questão e o contexto em que ele está envolvido na hora de aplicar enriquecimento ambiental.


cãozinho

A relação entre nós e nossos pets pode ser muito próxima. O vínculo que estabelecemos com eles pode gerar o que chamamos de “apego”. Antigamente se pensava que o apego em si poderia ser ruim para os animais, mas, segundo alguns estudos mais recentes, não é o apego em si que pode gerar problemas comportamentais e, consequentemente, de bem-estar para os animais, mas sim o tipo específico de apego que é formado entre os animais e seus tutores. Por isso, é importante que estejamos atentos a isso com nossos pets, para assegurar que tenham qualidade de vida na relação que estabelecemos com eles. Como é o nosso apego com eles?


cães felizes

Quando estamos abordando questões de bem-estar, é fácil enxergarmos a importância de evitar sofrimento dos animais, seja por dor, medo, frustração, ansiedade ou outras emoções negativas. Isso é tão significativo que o bem-estar animal já chegou a ser conceituado por pesquisadores renomados como sendo a ausência de sofrimento. Quando nos lembramos dos primórdios do bem-estar animal, de fato o foco era basicamente eliminar “coisas ruins” da vida do animal, em um contexto histórico importante que explica tal origem. Entretanto, hoje sabemos que eliminar completamente todas as sensações ruins não é possível, e que eliminá-las também não assegura que o animal tenha algum prazer e que esteja bem. Portanto, fornecer estímulos que causem emoções positivas são tão ou até mais importantes (dependendo do contexto e do animal envolvido) do que eliminar toda e qualquer sensação ruim… algumas dessas emoções negativas fazem naturalmente parte da vida dos animais, e inclusive os ajudam a se manter no ambiente.


gatinho com medo

Observar os animais e inferir seu estado de bem-estar, como sabemos, não é fácil… Alguns sinais são mais evidentes, enquanto outros são mais sutis… Nossa percepção e nosso julgamento sobre tais sinais obviamente podem fazer toda a diferença na vida do animal. Quando pensamos em nossos pets, isso não é diferente. Lembre-se que não é apenas a dor que causa sofrimento psicológico. Existe uma série de emoções negativas, tais como frustração, ansiedade, depressão, etc., que podem provocar sofrimento. Por isso, é importante aprendermos os sinais dessas emoções a fim de melhorarmos as condições de bem-estar dos animais que estão sob nossos cuidados.


gorila

Quando o foco é melhorar o bem-estar do animal, sabemos que há inúmeras facetas envolvidas e que devem ser consideradas, mas, dependendo da situação, do contexto e do indivíduo envolvido, alguns aspectos certamente vão pesar mais do que outros. Por exemplo, de que adianta eu enriquecer o ambiente, dar opções de escolha para o animal, melhorar sua alimentação, etc, se ele estiver doente? Não faz sentido pensar nos outros aspectos antes de melhorar as condições de saúde do animal. Outro exemplo é o de um animal que vinha sendo maltratado fisicamente e também não recebia alimento em quantidade e qualidade adequados e, portanto, também estava subnutrido. Nessa condição, primeiramente faz sentido melhorar a nutrição do animal e depois começar a trabalhar com os danos psicológicos dos maus-tratos. Assim, é importante pesar os diferentes aspectos do bem-estar animal de acordo com as situações especificas em cada contexto.


cavalos

Para resolver questões de bem-estar animal é sempre bom tomar cuidado para não focar demais no animal e acabar esquecendo do ambiente à sua volta ou mesmo das pessoas que estão envolvidas com ele. Não adianta pensar em opções sem levar em consideração como isso afeta esse ambiente e essas pessoas. Com isso em mente, devemos pensar quais são as possibilidades reais que temos em mãos. De que adianta pensar em algo para melhorar o bem-estar de um animal no zoológico se isso implica em um custo financeiro com o qual o zoo não pode arcar? Faz sentido pensar numa opção para melhorar o bem-estar de um pet se tal opção, por outro lado, incomoda ou gera problemas para seus tutores? De que adianta pensar em opções que possam melhorar o bem-estar de animais de produção, mas que gerem alto custo para os produtores e que, por isso, eles se recusem a fazer? Tudo deve ser levado em conta! Por isso que, cada caso é um caso…depende sempre das opções viáveis que temos em mãos no momento em cada contexto e situação específica.


gatinho

Nesse momento tão delicado que estamos vivendo, é importante também pensarmos em nossos pets. Sabemos que a transmissão é predominantemente de humano para humano e que, até o momento, não há evidências de que nossos pets possam transmitir a doença ou mesmo de que possam ficar doentes. Entretanto, como ainda sabemos pouco e muita coisa está por ser descoberta em relação ao coronavírus, prevenir nunca é demais! Assim, medidas básicas de higiene podem sempre ajudar a evitar o vírus. Lavem as mãos, esfregando uma na outra, por pelo menos 20 segundos, antes e após interagir com o seu pet e sempre que puder! O sabão é um dos nossos maiores aliados neste momento, pois elimina o vírus! Caso esteja doente com suspeita de coronavirus, peça para outra pessoa cuidar do seu pet ou redobre seus cuidados de higiene e use máscara.


urso

Comportamentos afiliativos são comportamentos sociais que fortalecem os vínculos e também reforçam estruturas sociais entre os animais. O allogrooming, por exemplo, é um comportamento de catação de parasitas que um animal faz em outro da mesma espécie… Essa expressão comportamental pode aparecer, inclusive, após conflitos sociais, como uma forma de “reconciliação” entre os animais, reforçando os vínculos e as estruturas sociais. Assim, esse comportamento acaba auxiliando a resolver conflitos entre os animais num mesmo grupo. O allogrooming é um comportamento afiliativo muito comum em grupos de primatas.


elefante

Quando interagimos com outros animais é importante que levemos em conta a biologia e a história de vida da espécie em questão e, mais especificamente, a história de vida daquele animal no contexto em que ele está inserido. Será que vamos fazer bem ou vamos fazer mal interagindo com ele dessa forma, nessa situação específica? Será que colocamos o animal em algum risco nessa interação? Será que nos colocamos em risco da forma que estamos nos expondo? Se há um risco, teria como minimizar ou evitar isso? Perguntas assim podem nos ajudar a melhor visualizar e lidar com a situação…


formiga

Animais muito pequenos, tais como a formiga da imagem, muitas vezes podem nos passar despercebidos. Entretanto, devemos nos lembrar que não é por isso que esses animais não sejam extremamente diversificados e interessantes. Especialmente quando falamos em insetos, a diversidade de formas, estruturas, cores e mesmo nos comportamentos é enorme! No caso das formigas, normalmente o que mais chama a atenção é a organização e a estruturação social das colônias, que envolve comportamentos sociais complexos. Assim, não podemos nos esquecer desses animais e da riqueza que trazem para o reino animal! E se pensarmos ainda em outros insetos? E além dos insetos, se imaginarmos outros invertebrados em meio a toda essa diversidade?


veado

As disputas agressivas entre animais da mesma espécie não são incomuns. Quando são indivíduos que vivem em grupos, as ‘brigas’ podem ocorrer quando há necessidade de determinar posições hierárquicas, ou seja, de indivíduos mais dominantes e de indivíduos mais submissos na organização social do grupo. Quando chega um novo indivíduo no grupo, ele desestabiliza a coesão previamente já estabelecida por confrontos anteriores e aí novas brigas podem ocorrer… Além disso, confrontos agressivos podem ocorrer entre machos na disputa pelas fêmeas, como provavelmente deve ser o caso da imagem. Veja que nos confrontos há muito gasto de energia e risco de injúrias…dependendo da espécie em questão e do contexto envolvido, pode haver até risco de morte. Por isso que os animais apresentam também comportamentos de ameaça agressiva. Quando um ameaça e o outro responde em submissão, ambos não chegam ao confronto direto e poupam energia até mesmo suas vidas! Assim, confrontos agressivos diretos só ocorrem quando realmente necessários…


caozinho

Quando pensamos em bem-estar animal, muitas vezes podemos acabar focando já diretamente em questões psicológicas relacionadas ás emoções do animal. É claro que, de uma forma ou de outra, questões de bem-estar sempre estarão relacionadas às emoções dos animais, mas temos que nos lembrar que a saúde física, ou seja, o estado fisiológico dos animais é muito importante para seu estado de bem-estar também… E, nesse aspecto, vale lembrar que as doenças físicas também podem refletir em alterações comportamentais. Assim, uma vez que os animais não falam, é de extrema relevância que estejamos atentos às alterações comportamentais para detectarmos o quanto antes alguma possível doença que possa estar acometendo o animal. Letargia, fadiga, falta de apetite, atividade reduzida, mais tempo dormindo…todos esses podem ser sinais de alguma doença. Esteja atento! E, se achar necessário, procure um médico veterinário!


cavalo marinho

O enriquecimento ambiental é uma técnica em que adicionamos novos itens ou características no ambiente visando a interação dos animais para que possam expressar mais comportamentos naturais e menos comportamentos anormais, melhorando assim a qualidade de vida dos animais. Essa técnica é muito usada com animais de zoológico e, mais atualmente, com pets. Entretanto, muitas pessoas não pensam que ela pode ser usada também com peixes… Se temos um aquário em casa, ou se mantemos peixes em ambientes de criação, laboratório ou produção, podemos usar alguns tipos de enriquecimento ambiental que podem ajudar a manter uma melhor qualidade de vida para esses animais. Cada enriquecimento ambiental deve ser pensado de acordo com a espécie e o contexto, mas alguns enriquecimentos mais simples, tipo uma estrutura redonda com pequenos furos, que boie e que esteja recheada com alimento próprio, pode ser uma ótima opção para um grande número de espécies diferentes de peixes. Eles podem interagir movimentando a estrutura, que assim vai liberar o alimento aos poucos, que os peixes vão ingerindo.


borboleta

A diversidade animal é fantástica! A quantidade de formas, estruturas e cores que vemos nos animais é gigantesca… Mais uma razão para nos esforçarmos para conservar tamanha diversidade e, no caso dos animais cativos, para mantê-los na melhor condição de vida que for possível também… Mas veja que não são somente cores, formas e estruturas que contam para a biodiversidade. As variações de comportamentos que observamos nos mais diversos animais são impressionantes. Expressões comportamentais complexas como alguns tipos de aprendizagens mais elaboradas, memória de longo prazo, altas capacidades de localização espacial, expressão de emoções… tudo isso nos encanta… Quando cuidamos e protegemos os animais, estamos cuidando e protegendo também essa diversidade comportamental que foi e continua sendo moldada pela seleção natural ao longo das gerações na história evolutiva de cada espécie… 


cobra

Animais predadores, tais como tubarões, serpentes, águias ou grande felinos, são frequentemente mostrados enquanto usam de estratégias predatórias e conseguem alcançar, subjugar e se alimentar de suas presas. Embora essas estratégias sejam, de fato, um aspecto fascinante do reino animal – assim como as estratégias anti-predatórias, focar apenas nessa faceta não nos permite compreender a beleza desses animais como um todo. Predadores não apenas caçam, mas se reproduzem e apresentam uma série de outros comportamentos, sendo que muitos têm também cuidado parental com seus filhotes. Diferentes espécies de predadores têm adaptações morfológicas incríveis. Você já parou para pensar sobre a estrutura corporal de uma serpente? De sua coluna vertebral? De sua ausência de patas? Da capacidade de abertura de sua mandíbula? Você já viu uma serpente acasalando ou tendo filhotes? Esses são aspectos muito interessantes também, que valem a pena ser conhecidos…


anêmona

As anêmoas são animais muitas vezes vistos com receio pelas pessoas. De fato, são potencialmente perigosos para nós quando em contato com a nossa pele, podendo causar sérias queimaduras. Isso pode ocorrer quando estamos na praia, mesmo que seja menos comum, já que esses animais não se movem pelas águas como outros de seu grupo, com os quais a maior parte dos acidentes nas praias ocorrem. Veja por aí que as divulgações de acidentes desse tipo normalmente ocorrem com águas vivas e caravelas, animais cnidários assim como as anêmonas. Mas, independentemente disso, é bom lembrar que esses animais também são incríveis em suas características particulares, incluindo aquelas relacionadas à forma e coloração de seus corpos, algumas das quais que podem ser vistas nesta imagem. E, além disso, as queimaduras que esses animais podem nos causar estão relacionadas com a interessante estratégia predatória das anêmonas… Não conhece? Procure saber como esses animais capturam suas presas!


cão

O conceito de qualidade de vida, por mais incrível que pareça, entrou para a questão do bem-estar animal apenas por volta de 2010. Ou seja, apenas mais recentemente começamos a falar em qualidade de vida do animal para abordar seu bem-estar. E quando pensamos em qualidade de vida, isso deve ser visto como uma balança entre coisas boas e coisas ruins na vida do animal. Se a balança pende para as coisas boas, a vida do animal é o que podemos chamar de uma ‘vida que vale a pena ser vivida’. As pessoas podem questionar esse conceito alegando que ele torna a questão do bem-estar animal algo muito subjetivo. De fato, esse argumento faz sentido. Entretanto, se tivermos bom senso e considerarmos o máximo de facetas possíveis que envolve o conceito do bem-estar animal, temos uma boa chance de fazer interpretações adequadas sobre a qualidade de vida do animal.


O cuidado parental representa um comportamento ou um conjunto de comportamentos específicos que os pais (ao menos um deles!), têm com os seus filhotes. Esses comportamentos parentais ajudam (e muito!) na sobrevivência dos filhotes e, consequentemente, no sucesso reprodutivo dos pais. Alguns desses comportamentos são mais conhecidos, como um passarinho voltando para o ninho e alimentando seus filhotes famintos ou uma leoa defendendo seus filhotes do ataques de outros animais. Entretanto, outros desses comportamentos não são tão mostrados nas mídias e acabam mais desconhecidos pelas pessoas. No exemplo da imagem, temos um belo cisne carregando seu filhote em suas costas, sob a sombra tranquila e protegida de suas asas…


Os jumentos muitas vezes são vistos como animais mais ‘rústicos’, que não devem sentir dor. Esse pensamento acaba fazendo com que esses animais sejam mais esquecidos e deixados de lado quando se trata de questões de bem-estar animal. Isso é um grande problema, porque na verdade esses animais sentem dor sim, embora não sejam tão expressivos. E, com isso, é importante que as pessoas considerem os jumentos como animais sensíveis a dor para evitar, ou ao menos minimizar, o sofrimento desses animais quando em situações que possam lhes causar dor.


Neste momento de isolamento humano que ainda vivemos na atual pandemia do novo coronavírus, é importante não esquecer que não é só a nossa saúde mental que está sendo afetada pelas circunstâncias. A mudança de rotina dos tutores afeta o estado mental dos seus animais de estimação. A quantidade de tempo que passamos com eles aumentou consideravelmente para muitas pessoas de quarentena, que agora passam a maior parte do tempo dentro de suas casas. Já parou para pensar como isso pode estar afetando nossos pets? Especialmente no caso dos gatos, será que estamos dando a eles o espaço e o tempo de que precisam naturalmente? Como vamos lidar com nosso retorno à rotina de trabalho fora de casa depois que a quarentena passar em relação aos nossos pets? Estamos acostumando nossos animais de estimação com nossa futura ausência prolongada durante o dia, como era antes? Prestar atenção a esses detalhes é fundamental para assegurar melhores condições de bem-estar para os pets durante e após a quarentena que vivemos hoje.


Determinar se um animal tem ou não tem consciência é uma tarefa muito difícil. A própria consciência humana muitas vezes é um mistério…um bom exemplo disso é o caso de pessoas em coma, que supostamente estavam inconscientes, mas que ao acordarem se lembram de conversas e outras coisas que aconteceram à sua volta enquanto estavam em coma. Para algumas pessoas é óbvio que os animais sentem, enquanto para outras é o oposto…e claro que também há aquelas que acreditam que eles não sentem por ser algo conveniente… O que precisamos levar em conta no meio de tudo isso é o peso das evidências científicas. A ciência vem nos mostrando ao longo dos anos diversas evidências que indicam que muitas espécies de animais, inclusive de invertebrados, têm sinais de consciência. O peso das evidências científicas pende bem mais para a consciência do que a não consciência dos animais, e é isso que devemos ter em mente e usar como argumento para justificar a importância das considerações de bem-estar animal.


Quando as pessoas pensam nos animais que vivem sob a água, é comum que tenham mais dificuldades para entender seus comportamentos e assimilar as questões de bem-estar que envolvem esses animais. A água é um ambiente completamente diferente daquele que nós, mamíferos terrestres, estamos acostumados… Animais aquáticos vivem num mundo bem diferente do nosso e essa diferença pode dificultar a aceitação de que esses animais também merecem considerações de bem-estar. Lembre-se: não é por que o animal tem estrutura física e expressão comportamental diferentes das nossas e nem por que vivem num contexto também diferente do nosso, que eles não sentem e não sofrem… O nosso foco não deve ser a comparação dos animais conosco buscando diferenças… Devemos nos focar naquilo que a Ciência nos mostra sobre as capacidades desses animais, considerando o peso das evidências… 


Dentre os animais vertebrados, ou seja, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, os peixes são o grupo mais numeroso… Estima-se que existem cerca de 25 mil espécies de peixes entre os de água doce e salgada. E com tantas espécies assim, é de se esperar que a diversidade de cores, formas, estruturas e comportamentos seja enorme. E ainda sabemos pouco sobre eles… a Ciência ainda tem muito o que avançar no estudo desses animais. Mesmo em se tratando dos peixes de produção, o conhecimento científico ainda é escasso para várias espécies. Assim, é evidente que precisamos estudá-los cada vez mais para conhecer melhor a riqueza das espécies de peixes. Quem sabe isso também não ajuda as pessoas a aceitarem melhor a ideia de que eles também merecem considerações de bem-estar? Mesmo ainda sabendo relativamente pouco sobre as mais diversas espécies desses animais, certamente sabemos, através do peso das evidências científicas, que são animais sencientes… não podemos nos esquecer disso…


Quando falamos em bem-estar animal, parece que não faz sentido pensar também em animais que estão vivendo livremente na natureza. Quando os animais não estão sob cuidados humanos, não há problemas que possamos causar para o seu bem-estar, certo? Errado! Os impactos das atividades humanas no meio ambiente afetam o bem-estar e a qualidade de vida dos animais que vivem na natureza. Por exemplo, quando descartamos lixo como plástico de forma inapropriada e isso vai parar no oceano, a vida dos animais marinhos é prejudicada e diversos deles inclusive morrem em função disso. As mudanças climáticas causadas por atividades humanas também são um bom exemplo de impacto negativo na vida de animais que vivem na natureza. Sabia que a elevação global da temperatura pode extinguir inúmeras espécies de anfíbio em poucas décadas? Por isso também devemos levar em conta que nossas ações diárias também afetam a qualidade de vida e, inclusive, a sobrevida de animais que estão na natureza. A Consciência sobre as questões de bem-estar animal também envolve aqueles em vida livre… 


Para estudar o comportamento animal, muitas vezes precisamos recorrer a um etograma, que é uma descrição formal e objetiva dos comportamentos dos animais, que nos permite quantificá-los. É como se fosse uma lista ou um catálogo dos comportamentos que o animal apresenta, descritos de forma clara e discreta. Um etograma pode também apresentar ilustrações que representem os comportamentos descritos, o que pode ajudar muito na prática. Quando vamos estudar os comportamentos de um animal, é importante termos conhecimento sobre esses comportamentos. Para isso, buscamos na literatura etogramas já existentes sobre os comportamentos em questão, ou, na ausência disso, construímos os nossos próprios etogramas.


Quando pensamos no bem-estar dos peixes, frequentemente lembramos de questões relacionadas aos sistemas de produção, às condições em que são mantidos em laboratórios de experimentação ou até mesmo nas situações em que são mantidos como pets ou em locais de exposição… Mas, raramente alguém pensa que os impactos antrópicos que causamos nos oceanos ou na água doce podem afetar o bem-estar dos peixes nesses ambientes. Dessa forma, é importante lembrar que mesmo os peixes que estão em vida livre e que não são pescados podem sofrer consequências negativas por causa de ações humanas… Essa também é uma questão que envolve o bem-estar desses animais e que, portanto, precisa ser levada em consideração…


Ao longo da história da ciência do bem-estar animal, vemos diversos debates sobre a senciência, ou seja, o nível mais basal de consciência, e também sobre quais espécies de animais realmente têm senciência. Esses debates ocorrem porque provar a senciência numa determinada espécie é algo praticamente impossível. E as pessoas geralmente partem da senciência para abordar questões de bem-estar animal, de forma que apenas as espécies capazes de senciência são consideradas ‘merecedoras’ de serem protegidas em termos de qualidade de vida. Nesse processo, é comum que aceitem a senciência das espécies que se parecem mais conosco ou que são mais importantes para nós em nível emocional (como cães e gatos, por exemplo). Mas isso é algo antropocêntrico, que não tem embasamento científico e e nem sentido evolutivo. Todas as espécies que vivem hoje são adapatadas ao ambiente à sua maneira. Os animais não devem ter sua capacidade de senciência julgada a partir da proximidade ou distanciamento evolutivo de nós. Ao invés de gastar energia nesses debates, o ideal é aceitar a ideia de que a possibilidade da senciência em outros animais é grande, dadas as evidências científicas, e assumir a importância de assegurar melhores condições de bem-estar para os animais, independente de sua espécie. 


Não é porque algum objeto, estrutura ou característica do ambiente não é ‘natural’ que necessariamente é algo ruim para o animal. Recursos ‘artificiais’, criados por humanos, não deixam de ser tipos de recursos! Então, como no exemplo da imagem, os animais podem usar objetos e estruturas que não ocorrem na natureza para expressar um comportamento específico. Na foto, para construir um ninho. Essa é uma das razões pelas quais o argumento de que o enriquecimento ambiental só funciona se ele se assemelhar ao máximo com a natureza, não é válido. Se funcionar para o animal, sem prejudicá-lo e sem colocar a vida dele ou de pessoas que possivelmente estejam próximas em risco, então é válido! O importante é melhorar a qualidade de vida dos animais sem causar danos ou colocar pessoas ou animais em risco…


Quando falamos em técnicas alternativas de tratamento para os animais, é importante ter em mente que no meio de técnicas realmente eficazes, que têm embasamento científico adequado e bons resultados na clínica, tem também técnicas que são pura ‘pseudociência’… Acupuntura, ozonioterapia e tratamento com óleo de Cannabis são técnicas promissoras e eficazes para o tratamento de dor e alguns outros problemas de saúde em animais, mas há outras técnicas alternativas que não tem fundamentação em estudos científicos, ao menos em estudos de qualidade. Por isso é sempre importante basear nossas decisões e escolhas que envolvem diretamente o bem-estar dos animais em informação científica de qualidade! Além disso, não é porque uma determinada técnica é boa para tratar algo que ela é ‘milagrosa’ e pode ser usada indiscriminadamente para tratar qualquer problema de saúde. Cuidado com as fake news!


Há diversas espécies de animais que nos impressionam por suas cores, formas ou ambos! No grupo das aves, temos muitos exemplos disso, como podemos ver nessa imagem. Chega a parecer que o animal é ‘uma obra de arte’, o que não deixa de nos encantar… Isso é parte da fantástica biodiversidade que encontramos na natureza, e certamente reflete adaptações desses animais que foram sendo selecionadas ao longo das gerações e que estão aí… Conhecer e preservar essa biodiversidade faz parte de ter consciência sobre os animais!


Quando falamos em bem-estar animal, parece que não faz sentido pensar também em animais que estão vivendo livremente na natureza. Quando os animais não estão sob cuidados humanos, não há problemas que possamos causar para o seu bem-estar, certo? Errado! Os impactos das atividades humanas no meio ambiente afetam o bem-estar e a qualidade de vida dos animais que vivem na natureza. Por exemplo, quando descartamos lixo como plástico de forma inapropriada e isso vai parar no oceano, a vida dos animais marinhos é prejudicada e diversos deles inclusive morrem em função disso. As mudanças climáticas causadas por atividades humanas também são um bom exemplo de impacto negativo na vida de animais que vivem na natureza. Sabia que a elevação global da temperatura pode extinguir inúmeras espécies de anfíbio em poucas décadas? Por isso também devemos levar em conta que nossas ações diárias também afetam a qualidade de vida e, inclusive, a sobrevida de animais que estão na natureza. A Consciência sobre as questões de bem-estar animal também envolve aqueles em vida livre…


A ciência traz cada vez mais evidências fascinantes sobre a capacidade cognitiva de diversas espécies de animais. Uma dessas habilidades é a memória. No caso da imagem, vemos um esquilo se alimentando aparentemente de uma noz. Esses animais são capazes de enterrar as nozes e depois de meses – quando chega o inverno e a comida é escassa, conseguem se lembrar dos locais onde estão enterradas! Esse é um exemplo da boa memória de uma espécie de mamífero… Mas em outras espécies também já foi demonstrada uma boa capacidade de memória… Aqui vale destacar o caso dos peixes, que são apontados, com base na crença popular, como sendo animais que apresentam apenas 3s de memória. Entretanto, estudos científicos já demonstraram que ao menos algumas espécies de peixes são capazes de se lembrar por meses de certos tipos de condicionamento! Esse é mais um argumento sobre a capacidade cognitiva presente em animais não humanos, que pode realmente ser incrível!


Camuflar-se em meio à paisagem pode ser uma estratégia anti-predatória muito adaptativa. Passar despercebido pelos predadores no ambiente é uma forma eficaz de evitar a predação. Em alguns casos, como vemos nesta imagem, a camuflagem é bem detalhada. É possível perceber, nas asas da borboleta, algumas manchas que se assemelham à manchas marrons que podem aparecer em folhas vegetais. Ou seja, além das asas da borboleta serem verdes em um tom semelhante às folhas e apresentarem estruturas similares às nervuras também comuns em folhas, apresentam também essas manchas marrons… Um nível ainda mais profundo de detalhe… Estratégias anti-predatórias como essa são fantásticas e fazem parte da vida de diversas espécies de animais.


Às vezes nos deparamos com situações que nem passam pela nossa cabeça ao pensar em comportamento animal. Quando poderíamos imaginar uma joaninha ‘pegando carona’ em um caracol como vemos na imagem? É interessante notar que mesmo ao nosso redor, em situações cotidianas, num jardim, por exemplo, é possível que situações como essas aconteçam sem que nem tomemos conhecimento… Com isso, é possível que muitos comportamentos interessantes estejam ocorrendo por aí, bem perto de nós… E quantas vezes paramos para reparar em coisas assim? A diversidade de comportamentos das espécies faz parte da biodiversidade como um todo e, assim, quando espécies são extintas, perdemos também parte dessa diversidade impressionante de comportamentos… Mais uma razão (como se precisasse de mais uma!) para buscar proteger os animais.


Algumas espécies de animais têm poucos filhotes de cada vez, como ocorre com muitos mamíferos, tais como leões e girafas, por exemplo. Nesses casos, normalmente o cuidado e a proteção dos filhotes pelos pais está presente. Dependendo da vida social da espécie em questão, até mesmo outros indivíduos podem cuidar e proteger os filhotes na ausência dos pais. Já em outras espécies, os indivíduos têm inúmeros filhotes cada vez que se reproduzem, como é o caso de muitas espécies de peixes ou mesmo das tartarugas marinhas. Na imagem, vemos uma tartaruga marinha recém-nascida seguindo em direção ao mar. As tartarugas marinhas põem muitos ovos de uma só vez, mas os filhotes recém-nascidos têm poucas chances de sobrevivência, sendo que apenas poucos chegarão à fase adulta. Isso ocorre porque uma vez que nascem, esses filhotes estão cercados por ameaças predatórias e, na ausência da proteção dos pais, são basicamente indefesos nessas situações. Isso reflete uma outra estratégia específica de reprodução do reino animal: já que os pais não estarão lá para protegê-los, ter muitos filhotes é uma boa estratégia para que ao menos alguns consigam sobreviver.


Muitos animais são capazes de expressar suas emoções através de seus comportamentos. Nos mamíferos, geralmente é muito clara a expressão facial de diversas emoções de forma muito similar às nossas próprias emoções. Quem lançou uma semente importante sobre essas semelhanças nas expressões comportamentais das emoções entre diversas espécies, incluindo a humana, foi Charles Darwin, em seu livro ‘A expressão das emoções no homem e nos animais’. Embora esse livro seja bem menos conhecido do que o famoso ‘A origem das espécies’, ele é um marco importante para as questões de bem-estar animal. Nesse livro, Darwin mostra como os animais também são capazes de expressar medo, agressividade, relaxamento, entre outras emoções, assim como nós, o que contribuiu para os questionamentos relacionados à ética e a forma como tratamos os animais. 


Determinar se um certo comportamento que observamos num animal é, de fato, ‘natural’ é complicado. Um primeiro aspecto importante a se considerar seria sobre o que é exatamente um comportamento natural. Normalmente as pessoas pensam nisso como sendo um comportamento que o animal expressa normalmente na natureza. Mas se não conhecermos todo o repertório de expressão comportamental de uma determinada espécie, como vamos saber se o comportamento que estamos observando é mesmo natural ou não? Além disso, em ambientes artificiais, é possível que a condição possa despertar um comportamento diferente que talvez seja uma forma do animal lidar com a situação e que, mesmo não sendo algo natural, pode ser ao menos melhor do que um animal que nem sequer consegue reagir nessa condição… Essas questões são importantes de levarmos em conta quando estamos pensando sobre questões de bem-estar animal. 


Estar parado não significa, necessariamente, estar em repouso. É fácil imaginarmos isso se pensarmos em nós mesmos… Sempre que estamos parados estamos relaxando mentalmente? Não podemos estar também bem estressados quando estamos parados? Então, isso também é possível nos animais. Assim, quando um animal cativo está parado no ambiente, isso não significa que ele esteja necessariamente relaxado. Se a inatividade expressa pelo animal ocorrer em horários inesperados para sua espécie ou em uma quantidade acima do que seria normal, é bem provável, inclusive, que na verdade ele esteja inativo por falta de estímulos positivos adequados no ambiente. Pode ser que ele esteja tão estressado na condição ambiental em que se encontra que nem sequer consegue reagir. Nesse sentido, veja que uma alta taxa de inatividade em relação ao que seria naturalmente esperado para uma dada espécie pode indicar que o animal não está nada bem…


Quando se pensa em enriquecer o ambiente de confinamento com itens ou características que possam estimular positivamente os animais, melhorando assim seu estado de bem-estar, é comum imaginar animais maiores nos zoológicos, tais como os grandes felinos, girafas, zebras, etc. Mas não podemos nos esquecer que não é apenas nos zoológicos que é importante assegurar melhores condições de bem-estar para os animais, e sim em qualquer situação em que estejam confinados (ou semi-confinados) sob os nossos cuidados. E, mais do que isso, não podemos nos esquecer que não são apenas os grandes animais que precisam de um ambiente enriquecido e estimulante, mas os pequenos também! Qualquer animal em condições ambientais restritas precisa ter suas considerações de bem-estar animal levadas a sério. Camundongos em laboratórios, por exemplo, também se enquadram nessa condição! Assim como os peixes no aquário ou na fazenda de criação, cães e gatos em nossas casas, etc.


As abelhas são animais polinizadores muito importantes que atualmente estão sofrendo um grande impacto e, consequentemente, estão diminuindo na natureza…algo alarmante inclusive para a espécie humana, que tanto depende da polinização realizada por esses animais. As abelhas apresentam elevadas habilidades cognitivas que refletem em comportamentos muito interessantes desses animais. Por exemplo, elas podem realizar movimentos coordenados e complexos numa espécie de ‘dança’ que exibem para outras abelhas da mesma colônia quando retornam após encontrarem uma boa fonte de alimento. Essa ‘dança’ indica de forma precisa a direção, o sentido e a distância da fonte de alimento! É uma habilidade impressionante em um animal que muitas vezes é subestimado pelas pessoas. E assim como as abelhas, diversos animais invertebrados têm altas habilidades cognitivas expressas em comportamentos complexos fascinantes…


Não é fácil inferir o estado mental dos animais, afinal, o nosso próprio estado mental é complicado de ser devidamente analisado e interpretado dependendo das circunstâncias. Entretanto, quanto mais conhecimento temos sobre a expressão comportamental dos animais, maior é a chance de termos melhor noção sobre como eles estão se sentindo. As emoções muitas vezes se expressam em alterações comportamentais que, se soubermos observar e interpretar adequadamente, podem nos indicar como os animais estão em termos de bem-estar. Isso é especialmente relevante em se tratando de animais com os quais nos relacionamos de forma tão próxima, como nossos pets, por exemplo. Quanto antes soubermos que um animal não está bem, mais rápido podemos agir para ajudar a melhorar o seu estado.


Qualquer animal, assim como nós humanos, tem as suas próprias necessidades e preferências. Assim, quando decidimos trazer um animal para dentro de nossas casas é fundamental que levemos em conta todas as necessidades e preferências que esse animal possa ter. Simplesmente dar comida, água e um teto não são suficientes! A partir do momento que nos tornamos tutores de um animalzinho, somos responsáveis por ele, pelo seu bem-estar. E bem-estar é qualidade de vida, algo que inclui cuidar e assegurar tanto a saúde física quanto a saúde mental do animal. Isso inclui levar em conta questões relacionadas à nutrição, à saúde física, à expressão comportamental, às condições ambientais e possibilidades de interação desse animal com o ambiente e com outros animais, bem como seu provável estado mental em função de tudo isso. E claro, sem esquecer que evitar sofrimento não basta e nem é 100% possível em todas as situações. Oferecer condições que tragam prazer de alguma forma é fundamental! E cada raça de uma mesma espécie tem suas próprias peculiaridades, podendo demandar mais ou menos tempo, cuidado e esforço do tutor. Tudo isso deve ser seriamente levado em conta ao trazer um animal pra casa.


O formato corporal extravagante ou diferente e, mais frequentemente, as colorações exuberantes, chamam a atenção em diversas espécies de peixes. É isso o que muitas vezes atrai as pessoas a montarem seus próprios aquários e até a entrarem no ramo da aquariofilia. De fato, tais características por vezes são magníficas e sempre são um lembrete da incrível diversidade biológica em termos de cores e formas que está presente nesses animais. Mas é importante lembrar que os peixes são animais que, muito além de suas formas e cores, já demonstraram capacidades e habilidades cognitivas incríveis, tais como memória de longo prazo, aprendizagens complexas, uso de ferramentas e, claro, o fato de serem animais que sentem dor conscientemente. Portanto, independentemente de sua exuberância, que realmente pode ser fascinante, temos o dever de levar em conta considerações de bem-estar animal também para os peixes, pelas suas próprias capacidades e habilidades.  


É geralmente muito mais fácil que as pessoas se preocupem com as questões de bem-estar animal quando estamos falando de um mamífero (especialmente aqueles mais próximos de nós). Esses animais apresentam diversas expressões faciais ou mesmo corporais que se assemelham muito às nossas, inclusive quando não estão bem. Eles também podem vocalizar de forma que nós facilmente podemos achar que estejam sofrendo. Nesse sentido, acaba sendo mais fácil para as pessoas aceitarem que esses animais podem sofrer e que precisamos lutar para melhorar suas condições de bem-estar quando estão sob os nossos cuidados. No caso das aves a proximidade conosco já não é tão evidente, mas no caso dos répteis, anfíbios, peixes e animais invertebrados, as diferenças são ainda maiores. E é sempre bom lembrar que isso não é justificativa para ignorar a importância de cuidar do bem-estar desses animais. O fato deles não gritarem ou não se expressarem exatamente como nós não significa que eles não possam estar sofrendo!