Precisamos falar sobre os pets…

Os animais de estimação, popularmente chamdos de pets, evidentemente fazem parte das considerações de bem-estar, não é nem preciso mencionar isso. Entretanto, esse não é o foco desta postagem. A mensagem que quero trasmitir com este post é a forma como devemos considerar questões de bem-estar animal para os nossos pets. Há questões que são mais claras, enquanto outras nem tanto… Por exemplo, maus tratos e abandono claramente prejudicam o bem-estar dos pets. Por outro lado, é mais difícil enxergar problemas de bem-estar associados ao “excesso” de humanização que muitas pessoas acabam trazendo para os seus pets, inclusive, com boas intenções. A palavra de ordem é a mesma: contexto. É preciso considerar as necessidades da espécie, sua história evolutiva, a história de vida do indivíduo em si e a relação entre humanos e os pets, ou seja, todo o seu contexto.

É claro que maus tratos aos animais domésticos é um problema muito sério e que prejudica imensamente o bem-estar dos pets podendo, inclusive, levá-los à morte. Além disso, também sabemos do imenso problema relacionado ao abandono de animais domésticos que frequentemente passam por condições bem ruins nas ruas. Por outro lado, para lidar com tais situações, também devemos tomar o cuidado de não cair em outro extremo… Por exemplo, às vezes é possível que animais de rua estejam ajustados ao seu ambiente e acabem vivendo melhor alí do que se forem resgatados e adotados. É claro que ações para cuidar da saúde desses animais e evitar ainda outros problemas, com vaciná-los e castrá-los, é extremamente importante, mas a retirada desses animais do ambiente deve ser feita com cautela, considerando o contexto do animalem si no ambiente. Isso de forma nenhuma invalida a importância do resgate e do estímulo à adoção de animais abandonados, mas apenas procura mostrar a importância de levar em consideração o ponto de vista do animal no seu ambiente. O que é melhor para aquele animal dadas as circunstâncias e considerando a forma como ele se relaciona com o ambiente, com outros animais e com as pessoas à sua volta?

Além disso, outro ponto importante se refere aqueles animais que tem tutores que podem ter a melhor das intenções, mas acabam exercendo ações sobre seus pets que podem também prejudicar seu estado de bem-estar. O que quero destacar aqui são aquelas situações em que há excesso de humanização com os pets sem considerar se de fato eles estão se sentindo bem naquela situação. A personalidae dos animais claramente varia, assim como a nossa, com base em diversos estudos científicos. Assim, é claro que aquilo que é ruim para um animal não necessariamente é para outro. O importante é lembrar que antes de tomar alguma atitude em relação ao pet achando que ele deve gostar a partir de um referencial humano, devemos procurar pensar na espécie em questão, e mais importante ainda, no contexto do indivíduo em questão. Será que esse indivíduo em particular não se incomoda com isso? Será que, de fato, para essa espécie isso é algo legal? Na dúvida, é bom sempre procurar profissional especializado que possa orientar adequadamente.

Um último ponto que merece ser discutido e que tem, inclusive, grande relevância, envolve a relação entre os pets e seus tutores. Não adianta pensar em melhorar o bem-estar do pet sem pensar em algo que faça sentido para o tutor e que esteja dentro das possibilidades dele. É importante buscar melhorar a relação entre o pet e o tutor, melhorar a integração do pet com os membros da casa onde vive. Ou seja, o lado do tutor também deve ser considerado, mesmo porque isso envolve o bem-estar do próprio tutor e, mais ainda, também envolve o bem-estar do pet, pois tutores descontentes mais facilmente poderão tomar decisões mais invasivas em relação aos pets, ou mesmo abandoná-los ou maltratá-los… Assim, para melhorar o bem-estar do pet sem ignorar o lado do tutor, é fundamental considerar a relação entre os pets e seus tutores na hora de tomar decisões sobre mudanças que visem melhorar o estado de bem-estar dos pets. E não se esqueça de que para isso boa intenção não basta, é preciso embasar ações em conhecimento científico adequado!