Seleção sexual

A seleção sexual nos animais pode ser definida como a competição somada à seleção de parceiros sexuais. Tal processo favorece o desenvolvimento diferenciado de características específicas dos indivíduos de um dos sexos, de forma que aqueles com maior desenvolvimento de tais características tornam-se mais atraentes para o sexo oposto e mais competitivos em relação ao próprio sexo, sendo que a competição por parceiros tem um componente direto, vencer a disputa, e indireto, pois os vencedores também acabam atraindo mais os indivíduos do sexo oposto. Assim, os portadores desses traços tornam-se reprodutivamente mais bem sucedidos que outros indivíduos do seu sexo. Entretanto, a manutenção de características morfológicas e/ou comportamentais exacerbadas, bem como a competição entre indivíduos do próprio sexo envolve um alto gasto energético e pode levar a injúrias graves e até mesmo à morte.

Dessa forma, quando pensamos em seleção sexual no reino animal, uma das primeiras questões que podem surgir em nossas mentes é por que escolher um parceiro sexual se traços morfológicos e comportamentais exagerados devem ser energeticamente custosos de produzir e manter e ainda podem tornar os indivíduos mais visíveis aos predadores? Mas a resposta a esse questionamento é mais simples do que parece… Acasalamento sem cópula forçada requer escolha de parceiros. Além disso, quando pensamos que a seleção sexual favorece características que aumentam o sucesso reprodutivo e que assim gera uma vantagem para os indivíduos portadores de tais características sobre outros do mesmo sexo e espécie em relação à reprodução, é mais fácil compreendermos por que a seleção sexual é importante, mesmo envolvendo o desenvolvimento de características custosas de manter e a perigosa competição entre os indivíduos de uma mesma espécie. A seleção sexual é um subproduto da seleção natural. 

Geralmente, os traços diferenciados e exagerados estão presentes nos machos e ausentes nas fêmeas. Assim, em geral são os machos que competem pelas fêmeas e as fêmeas que escolhem os machos…  Isso se deve às diferentes estratégias reprodutivas de machos (buscam mais quantidade) e fêmeas (buscam mais qualidade). Mas por que será que ocorre tal diferença entre os sexos? A resposta a essa pergunta é a anisogamia, que corresponde às diferenças frequentes entre gametas produzidos por machos e gametas produzidos por fêmeas. Em geral, enquanto as fêmeas produzem gametas maiores, mais ricos em nutrientes e imóveis, os machos produzem gametas bem pequenos, em bem maior quantidade e móveis. Tal diferenciação está diretamente ligada à diferentes estratégias reprodutivas. Cada indivíduo tem energia limitada para produzir gametas, de forma que quanto mais gametas são produzidos, menos energia resta para cada um deles, enquanto quanto menos gametas são produzidos, mais energia resta para cada um deles. Dessa forma, se mais gametas menores são produzidos, a maior vantagem é de gerar mais descendentes; por outro lado, se menos gametas melhor desenvolvidos são produzidos, a maior vantagem é de gerar menos descendentes com mais qualidade. Dessa forma, segundo a hipótese de Bateman, o sucesso reprodutivo da fêmea é mais fortemente limitado pelo número e sucesso dos gametas que ela produz, enquanto o sucesso reprodutivo dos machos é mais limitado pelo número de parceiras (cópulas com diferentes fêmeas) que ele obtém. Por isso, em geral são as fêmeas que escolhem e os machos que competem por elas na seleção sexual…

Mas nem sempre é assim… No próximo tópico continuaremos abordando essa questão!