Tomada de alimento – parte 2

Continuando o tema visto em minha penúltima postagem aqui no blog, hoje continuaremos a ver sobre a tomada de alimento nos animais. E, após a visão geral abordada na postagem anterior, hoje veremos mais especificamente sobre a tomada de alimento em animais herbívoros e carnívoros. 

Nos animais herbívoros, algumas espécies se especializaram em comer um tipo de planta (ex: panda), enquanto outras espécies são mais generalistas, consumindo assim uma gama de diferentes espécies vegetais. Além disso, animais herbívoros podem ainda ser especializados em se alimentar apenas de partes específicas das plantas. Nesse aspecto, existem herbívoros, por exemplo, folívoros, que se alimentam de folhas; granívoros, que se alimentam de sementes; frugívoros, que se alimentam de frutos; nectarívoros, que se alimentam do néctar das flores (ex: beija-flor), sendo assim, ultra-especialistas; polímoros, que se alimentam de pólen; mucívoros, que se alimentam de fluidos das plantas, etc.

Na herbivoria, mudando agora o foco dos herbívoros para as plantas que são ingeridas por eles, elas podem não ser simplesmente “passivas” nesse processo. Algumas plantas produzem toxinas e/ou espinhos, que dificultam ou impedem seu consumo. Por outro lado, outras espécies de plantas utilizam uma estratégia diferente… Elas basicamente utilizam sinais visuais (ex: coloração da flores) ou olfativos (ex: perfume das flores) que atraem os animais e, ao mesmo tempo em que servem de alimento para eles, também aumentam a polinização e/ou dispersão de suas semente pelos animais que se alimentam, por exemplo, de seu néctar (ex: abelhas) ou frutos (ex: aves e morcegos).

Voltando nossa atenção agora para os animais carnívoros, sabemos que eles se enquadram como animais predadores, que são aqueles que evoluíram caçando, capturando e se alimentando de outros animais, como já vimos anteriormente aqui no blog. Mais detalhadamente, muitos predadores se especializaram em uma espécie de presa ou em espécies proximamente aparentadas entre si ao longo da evolução, ou seja, são predadores especialistas. Vale salientar aqui que, nesses casos, a frequência de predadores e presas presentes num determinado ambiente é um importante fator regulador da densidade populacional de ambos. Um exemplo muito claro desse controle de ambas as densidades populacionais é visto num longo estudo feito com base nas populações de lebres (presas) e linces (predadores especialistas). Por outro lado, muitos predadores são oportunistas, ou seja, ao invés de mirarem em uma espécie em particular ou um tipo específico de presa, eles simplesmente se deslocam no ambiente à procura de alimento adequado e se alimentam de diferentes tipos de presa. Um exemplo claro disso é visto nos ouriços, que forrageiam no solo entre a serapilheira, onde encontram minhocas, vermes, insetos, larvas, lesmas e até pequenos vertebrados.

Como já vimos aqui no Blog se, por um lado, os predadores apresentam estratégias predatórias muito eficientes, suas presas, por outro lado, apresentam formas muito bem sucedidas de evitar a predação. Caso não se recorde bem dos exemplos ou ainda não tenha visto aqui no blog, veja tais estratégias aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. Os predadores são adaptados à predação e, assim, apresentam características morfológicas, comportamentais ou ainda uma associação entre as duas que facilitam o processo, tais como alta velocidade, órgãos do sentido apurados (ex: sensor de temperatura e ecolocalização), discrição (ex: comportamento de “stalking” dos felinos), emboscada das presas, sensor térmico, caça ativa com perseguição, inoculação de veneno, presença de garras, presença de dentes afiados…

Além disso, animais predadores matam suas presas de diferentes formas, dependendo do tamanho e natureza de cada espécie predada. Tais formas incluem, por exemplo, desmembramento, estrangulamento, afogamento, empalação, envenenamento, entre outras. Ainda nesse aspecto, quando predadores bem grandes consomem presas muito pequenas (ex: baleias filtradoras), não há necessidade de pré-processamento do alimento, que é, portanto, diretamente engolido. Por outro lado, há predadores que se alimentam de animais tão grandes ou ainda maiores que eles, e, sem mastigá-los, engolem suas presas inteiras e as digerem vagarosamente (ex: cobras). Também há muitos predadores que cortam a presa em pedaços menores para se alimentar das partes mais nutritivas. Grandes carnívoros, como os tigres, matam as presas o mais rápido possível, evitando que escapem ou que os machuquem. Quando as presas são pequenas, frequentemente elas são mordidas na parte de trás do pescoço pelos felinos, um ato que quebra a medula espinhal da presa, cortando assim os vasos sanguíneos e causando morte instantânea. Por outro lado, animais maiores são apreendidos na garganta e mantidos assim, por exemplo, pelos grandes felinos até morrerem por asfixia. Ainda em outros animais, a digestão ocorre fora do corpo e, somente após esse processo, o líquido nutritivo é absorvido pelo animal (ex: moscas, aranhas).

E assim encerramos nossa postagem sobre carnívoros e herbívoros, ao menos por hora, aqui no Blog. Entretanto, a tomada de alimento nos animais não pára por aqui! Em minha próxima postagem veremos sobre animais onívoros, limpadores/detritívoros e ainda sobre parasitas e parasitóides! Não deixem de conferir!