
Para quem assiste seriados, filmes policiais ou de ficção científica, como o CSI, uma imagem como essa não é tão estranha! O perito criminal, afim de tentar solucionar um assassinato, recolhe algumas amostras de sangue no local do crime e leva para aquele assistente de jaleco branco rodeado por computadores e, depois de alguns minutos, aparece na tela uma imagem cheia de riscos pretos (ou coloridos) e pronto, tem-se alguns suspeitos com base no banco de dados de pessoas com ficha criminal. Tá, mas afinal, o que são esses risquinhos pretos???
Bom, sabe aquela imagem da molécula de DNA que todo mundo tem na cabeça… bonita, cheia de contornos, cores e barras no meio? Infelizmente não é assim que vemos o DNA no laboratório. O que a gente vê, quando estamos trabalhando com DN
A, são justamente aqueles risquinhos pretos e estranhos, como o da foto a seguir. Pois é, na biologia molecular ter IMAGINAÇÃO é muito importante. Esta imagem aí do lado mostra uma foto de um GEL, tirada por um aluno do nosso laboratório (eu mesmo), e os risquinhos pretos que você vê nesse gel nada mais são do que o DNA que estava presente nas células de folhas de laranja.
Esse GEL é formado por agarose dissolvida em água fervente, que quando esfria fica igual a uma gelatina. O DNA é colocado em pequenos poços e então uma corrente elétrica é aplicada através do gel.
Como o DNA é carregado negativamente, ele é atraído pelo eletrodo positivo, porque os opostos se atraem, lembram?
Mas vocês podem me perguntar, por que alguns risquinhos pretos podem aparecer mais para cima e outros mais para baixo no gel de agarose? Para tentar explicar didaticamente o que está ocorrendo, vamos imaginar uma floresta densa, cheia de árvores. Durante uma corrida nessa floresta, há dois atletas principais: um rato e um elefante. O ratinho, menor e mais leve, passa entre as árvores com bastante facilidade para chegar rapidamente do outro lado da floresta, enquanto o elefante, maior e mais pesado, tem muito mais dificuldade para desviar das árvores e leva mais tempo para chegar do outro lado da floresta.
Com o DNA é a mesma coisa, para chegar ao eletrodo positivo, o DNA tem que “andar” através do gel de agarose e os fragmentos de DNA menores podem “andar” mais rapidamente e a gente observa um risquinho preto mais para baixo do gel, enquanto os DNAs maiores e mais pesados são mais lentos e demoram para “andar” pelo gel.
Mas por que é importante ver o DNA?
Por exemplo, devido a essa diferença do tamanho entre os DNAs é possível fazer a seleção dos filhos melhores durante o MELHORAMENTO GENÉTICO DA LARANJA. Assim, ao invés de esperar uns 8 anos para estudar a planta de laranja adulta e descobrir se ela vai ser forte, vigorosa no ambiente e ainda produzir ótimos frutos, nós utilizamos da técnica de MARCADORES MOLECULARES para saber se os filhos estão herdando as partes boas do DNA de seus pais. Os marcadores moleculares são pequenas sequências já existentes no DNA de cada indivíduo e cada sequência dessas corresponde a uma característica. A partir dessas sequências é possível saber quem são os pais de determinado filho e ainda escolher aqueles filhos que possuem as características (risquinhos) que você está procurando.
Como expliquei anteriormente, cada sequência de DNA tem um tamanho, então, colocando o DNA dos pais e dos filhos no gel e comparando onde os risquinhos de cada um estão, é possível saber qual o filho legítimo, porque o filho tem que ter risquinhos tanto do pai quanto da mãe (como na figura abaixo). Por meio disso, o pesquisador pode escolher o filho que possui as características desejadas e selecionar aqueles indivíduos do seu interesse no melhoramento. Deu pra entender? A técnica de marcadores moleculares possibilita que o melhorista faça seleção assistida dentro do laboratório e economize bastante tempo com isso, além é claro, de evitar horas e horas no campo debaixo de sol.
Espero que tenham gostado e nos encontramos no próximo post!! Até breve!
São posts assim que me incentivam a fazer mestrado ou doutorado em bio mol. Adorei, poste mais!
Muito legal! E também com essa técnica é possível dizer ao agricultor se a muda que ele comprou no viveiro é de fato a espécie que ele estava querendo comprar, pois algumas vezes apenas pelo aspecto da planta não dá para afirmar qual espécie ela é. Mas com a técnica de DNA não tem erro. É o teste de “paternidade” na agricultura, ou melhor, citricultura.
👍🏻
ótimo texto…. =D
Adorei o texto, vou utilizar com meus alunos.
Obrigada por nos acompanhar!!! Ficamos muito felizes por usar nossos tetos durante as aulas!!!!
Uma sugestão, coloca o nome completo de quem escreveu artigo porque a gente colocar as referências nos planos de aula, como são compartilhados, colocamos nas normas da ABNT.
Já estamos fazendo isso!!! Obrigada por nos compartilhar!!! Abraços.