O caso do nitrogênio perdido
Nitrogênio é o elemento mais abundante na atmosfera terrestre, uma vez que cerca de 70% dos gases que a compõem corresponde a esse elemento.
No entanto, ainda assim, ele é considerado um dos principais fatores que limitam a vida dos organismos. Mas, por que?
Isto se deve basicamente a dois fatores: a necessidade deste elemento aos diversos organismos e à sua disponibilidade, ou seja, a facilidade de aquisição.
Onde está o nitrogênio?
O nitrogênio é encontrado em moléculas muito importantes que formam os seres vivos, como as proteínas e os ácidos nucléicos (por exemplo, o DNA). Mas a forma na qual o nitrogênio está presente na atmosfera faz com que ele esteja indisponível. Isso quer dizer que os organismos não conseguem “capturá-lo” para utilizá-lo na produção de suas moléculas.
O nitrogênio da atmosfera (gasoso) é o nitrogênio molecular (N2) e pouquíssimos organismos conseguem quebrar esta molécula. Somente algumas bactérias, chamadas de “fixadoras de nitrogênio”, tem essa capacidade. Essas bactérias introduzem no ambiente terrestre (= “fixam”) o nitrogênio que antes era gasoso na forma de amônia.
A amônia é um composto nitrogenado muito mais facilmente absorvido pelos organismos vivos, como as plantas. Outros compostos como nitritos e nitratos, os quais surgem a partir da amônia nas reações de “nitrificação”, também são mais facilmente absorvidos e incorporados às moléculas dos seres vivos. Por isso, dizemos que a disponibilidade destes compostos é maior.
Ou seja, de nada adianta uma atmosfera cheia de nitrogênio, mas em uma forma que não pode ser absorvida (“indisponível”), como se fôssemos um náufrago sentindo sede, no meio do oceano.
O chamado ciclo do nitrogênio se completa quando os nitritos e nitratos são novamente convertidos à nitrogênio gasoso pelas bactérias “desnitrificantes” e tudo recomeça.
O elo perdido
Embora muito se saiba sobre este ciclo, há muitos anos cientistas tentavam explicar o “case of the missing nitrogen” (o caso do nitrogênio perdido/desaparecido). E o que seria isso?
Com o uso de técnicas que permitem calcular o quanto de um determinado elemento entra e sai de um sistema, os cientistas já sabiam que havia mais nitrogênio do que seria esperado nos solos e plantas, e nunca puderam descobrir de onde estava vindo este elemento.
Agora, pesquisadores descobririam que a resposta está nas rochas. Sim! O nitrogênio presente em rochas expostas ao intemperismo (chuvas, erosão etc.) é a fonte do nitrogênio há décadas procurada.
Esta descoberta é um divisor de águas nas pesquisas nos campos da biologia e geologia. A partir de agora tudo que se sabia sobre o ciclo do nitrogênio deverá ser reescrito. Aparentemente até cerca de 26% do nitrogênio encontrado nos sistemas biológicos é proveniente de rochas nos mais diversos solos.
Viu só como a Ciência nunca para? Mesmo em algo que acreditávamos saber bastante, e há tanto tempo sendo estudado, apareceram informações novas e impactantes!! E você? Aprendeu algo novo aqui no blog? Conte pra gente! Deixe seus comentários com críticas, dúvidas e sugestões!
Escrito por Paula Maria Moreira Martins
3 comentários
Leandro · 28 de maio de 2018 às 09:41
Ótimo artigo. Leitura de fácil entendimento.
Parabéns!
Paula Martins · 5 de junho de 2018 às 23:32
Obrigada Leandro!
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Descascando a Ciência: O caso do nitrogênio perdido · 21 de setembro de 2018 às 10:52
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