As técnicas do plantio direto e da rotação de culturas promovem uma agricultura mais sustentável e adaptada às mudanças climáticas.

A agricultura é uma atividade fundamental para alimentar a população mundial, mas também pode ter impactos negativos no meio ambiente, como a erosão do solo, a poluição da água e a perda de biodiversidade.

Felizmente, existem práticas agrícolas sustentáveis, como a rotação de culturas e o plantio direto, que podem trazer benefícios significativos e ajudar a reduzir esses impactos.

Rodar para preservar

A rotação de culturas é uma técnica na qual diferentes culturas são cultivadas em uma sequência planejada em uma mesma área ao longo do tempo.

Por exemplo, em vez de cultivar a mesma cultura repetidamente no mesmo terreno, os agricultores podem alternar culturas diferentes, como milho, soja e trigo, em anos diferentes. Isso ajuda a diversificar o sistema agrícola, o que traz vários benefícios.

Uma das principais vantagens da rotação de culturas é a melhoria da saúde do solo. Cultivar a mesma cultura continuamente pode esgotar os nutrientes do solo e aumentar a suscetibilidade a pragas e doenças.

No entanto, a rotação de culturas permite que diferentes culturas sejam plantadas em sequência, o que ajuda a manter a fertilidade do solo, equilibrando a absorção e a reposição de nutrientes.

Além disso, algumas culturas têm raízes mais profundas, enquanto outras têm raízes mais rasas, o que contribui para a estrutura do solo e ajuda a evitar a erosão.

A rotação de culturas pode ser comparada a uma dieta equilibrada

Assim como o nosso corpo precisa de uma variedade de alimentos para obter os nutrientes necessários, o solo também precisa de diferentes culturas para manter sua fertilidade.

Cultivar a mesma cultura repetidamente é como comer o mesmo alimento todos os dias, o que pode levar a deficiências nutricionais.

A rotação de culturas, assim como variar nossa alimentação, ajuda a garantir que o solo receba os nutrientes necessários para se manter saudável e produtivo.

Outro benefício importante da rotação de culturas é a redução do uso de pesticidas. Como diferentes culturas são plantadas em sequência, as pragas e doenças específicas de uma cultura têm menos probabilidade de se estabelecerem e se multiplicarem, reduzindo assim a necessidade de pesticidas.

Isso pode diminuir a exposição de agricultores, animais e do meio ambiente a produtos químicos prejudiciais, além de reduzir o desenvolvimento de resistência de pragas a pesticidas.

Plantar sem “bagunçar” o solo

O plantio direto, por sua vez, é uma prática em que as sementes são plantadas diretamente no solo sem a necessidade de arar ou revolver o solo.

Isso preserva a cobertura vegetal, como restos de culturas anteriores ou cobertura morta, sobre o solo, o que ajuda a protegê-lo contra a erosão causada pelo vento e pela chuva.

Ao evitar a perturbação do solo, o plantio direto também ajuda a aumentar a matéria orgânica do solo, o que contribui para a fertilidade e a capacidade de retenção de água.

O plantio direto pode ser comparado a cobrir o solo com uma manta protetora

Assim como usamos uma capa para proteger nossas plantas de condições climáticas adversas, o plantio direto utiliza a cobertura vegetal sobre o solo para protegê-lo da erosão causada pelo vento e pela chuva.

Essa cobertura atua como uma barreira natural, ajudando a reter a umidade, prevenindo a erosão e mantendo o solo saudável. Outra analogia para o plantio direto pode ser o uso de maquiagem.

Assim como aplicamos maquiagem no rosto para cobrir imperfeições e proteger a pele dos elementos externos, o plantio direto utiliza a cobertura vegetal para proteger o solo contra a erosão e a perda de nutrientes.

 A cobertura vegetal age como uma camada protetora, ajudando a manter o solo fértil e saudável.

A união das técnicas traz muito benefícios

Além desses benefícios agronômicos, a rotação de culturas e o plantio direto também têm benefícios ambientais significativos.

Ao reduzir a erosão do solo, a poluição da água causada por sedimentos e nutrientes é diminuída, o que pode melhorar a qualidade da água em rios, lagos e lençóis freáticos.

Além disso, o aumento da matéria orgânica do solo também pode contribuir para a mitigação das mudanças climáticas, uma vez que o solo é capaz de armazenar carbono, ajudando assim na redução das emissões de gases de efeito estufa.

Assim como cuidamos do nosso corpo, protegendo-o e fornecendo-lhe uma dieta equilibrada, também devemos cuidar do solo, adotando práticas agrícolas sustentáveis que promovam a saúde do solo, reduzam os impactos ambientais e contribuam para a sustentabilidade da agricultura.

Sobre o autor:

Dr. Francisco Humberto Henrique: Engenheiro Agrônomo, mestre e doutor em Agricultura Tropical e Subtropical. Atualmente trabalha com comunicação e marketing no agronegócio e é divulgador científico no Descascando a Ciência.

Referências

Embrapa, Sistema de Plantio Direto. Disponível em: https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/tematicas/sistema-plantio-direto. Acesso em abr. 2023.

Gonçalves, S. L. et al., Rotação de culturas. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/470323/rotacao-de-culturas. Acesso em abr. 2023.

Salomão, P. E. A. et al., The Importance of Straw No-Tillage System for Soil Restructuring and Organic Matter Restoration. Research, Society And Development, 2020.