O importância do metano (CH4) para o aquecimento global já foi discutida algumas vezes aqui neste blog (veja os posts). A molécula de CH4 possui potencial estufa 20 vezes maior que a de CO2. Isto é, uma molécula de CH4 retém calor equivalente a 20 moléculas de CO2. E qual é o problema nisso? A concentração de CH4 atmosférica pulou de 700ppb (pré-revolução industrial) para 1.730ppb (final do século 20).
O CH4 é produzido basicamente por decomposição anaeróbica da matéria orgância. O que significa isso? Microorganismos necessitam se “alimentar” de matéria orgânica para sobreviver. Então, como nós, alguns deles precisam de oxigênio para retirar energia dessa matéria e, por conseguinte, liberam CO2 para atmosfera. Porém quando existe muita matéria orgânica em um ambiente aquático, e além disso, não uma uma circulação boa da água (permitindo a oxigenação), o oxigênio é todo consumido. E aí? Bem, existem outros microorganismos que são capazes de respirar matéria orgânica usando outros aceptores de elétrons que não o oxigênio. É ai que entram archeas metanogênicas, as quais usam o carbono como aceptor final de elétrons, liberando CH4 (ao invés de CO2) para atmosfera.
Plantações de arroz são ambientes bastante propícios para a produção de metano. São áreas alagadas e com bastante decomposição de matéria orgânica, com isso, gera grandes zonas anaeróbicas. Só por curiosidade, para produzir 1 Kilo de arroz é necessário 5.000 litros de água (fonte: AsiaRice Foundation) Mas vocês então perguntam: Sim, e daí? É que em países asiáticos as lavouras de arroz são gigantescas (todo mundo sabe que arroz é a base da culinária japonesa). Porém, as estimativas de liberação desse gás por lavouras de arroz para atmosfera variam muito. Desde 25 até 170 milhões de toneladas por ano. Isto se deve ao fato que dependendo da técnica de cultivo, a liberação será maior ou menor. Por exemplo, se houver pelo menos uma vez ao ano a drenagem da lavoura, as emissões podem diminuir cerca de 4,1 milhões de toneladas por ano.
Mas o que essas toneladas de dados querem dizer? Bem, ninguém tem certeza de nada! Devemos ter muito cuidado com manchetes sensacionalistas, principalmente de revistas semanais (vide o caso da Veja) ou de tele-jornais noturnos. Se nem os cientistas mais renomados do mundo chegam a um consenso, não é o Willian Bonner que vai ser uma fonte confiável de dados sobre aquecimento global. Não tomemos dados como verdades absolutas, não tomemos a ciência como verdade absoluta, não tomemos a religião como verdade absoluta. Sejamos críticos, leiamos mais, procuremos várias fontes. Não existe certeza em ciência, mas uma maior probabilidade de aceitação para uma de várias soluções.
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Yan, X.,
H. Akiyama, K. Yagi, and H. Akimoto (2009), Global estimations of the inventory and mitigation potential of
methane emissions from rice cultivation conducted using the 2006
Intergovernmental Panel on Climate Change Guidelines, Global Biogeochem. Cycles,
23.
O interessante é que o arroz não depende ou precisa de uma área alagada para crescer. Esta maneira milenar de cultivo do arroz é feita para combater de forma mais barata pragas e outras plantas competidoras. Sem o alagamento a produção de metano seria muito baixa, mas os custos para os agricultores seria mais alto.
Achei uma reportagem interessante que trata deste assunto. O problema do alagamento não é só da emissão de metano, mas também pela quantidade de água utilizada.
http://www.sciencedaily.com/releases/2007/10/071014202450.htm
Paula,
Pelo que eu sei a do metano é menor. Acho que não chega a 10 vezes, mas é menor sim.
Eu fiquei pensando: será que o processo de drenagem possui custo elevado ou gera algum tipo de prejuízo para o produtor? Afinal, a aeração do solo me parece um método simples e eficiente, já que ela diminui a quantidade de bactérias metanogênicas, anaeróbicas, e aumenta a quantidade de bactérias metanotróficas, aeróbicas. Por que esse método não é estimulado em todas as plantações de arroz?
Fora isso, acho que a meia-vida do metano na atmosfera é bem menor do que a do gás carbônico. Confere? Não sei bem ao certo de que região do cérebro estou tirando essa informação, mas pelo que me lembro, a meia vida do metano era mais de 10 vezes menor do que a do gás carbônico.
Olá Iberê,
Boa questão levantada. O metano pode sim ser consumido na natureza. Mais especificamente, ele é oxidado por bactérias metanotróficas. Elas oxidam a molécula de metano com oxigênio, sendo então um processo aeróbico.
A importância deste processo em ambientes aquáticos é bem relevante. Em alguns lagos, a taxa de oxidação do metano pode chegar a 80% do metano dissolvido na água. Sendo assim, grande parte do metano que seria emitido para a atmosfera pode ser oxidado a CO2, diminuindo seu potencial estufa. Uma parte do metano que é emitido para a atmosfera em forma de bolha (que depende muito da pressão e da concentração do gás na água) não é oxidado pelas bactérias metanotróficas. Outra situação que pode evitar a oxidação biológica do metano é quando este gás passa diretamente do sedimento para a atmosfera, via macrófitas aquáticas. Elas podem funcionar como um canudo, transportando o metano que é produzido no sedimento diretamente para a atmosfera, sem ser oxidado na coluna d´água.
Pois é.. e o metano nem para por aí né..
O gado, as represas hidrelétricas, os lixões e aterros mal planejados... e continua.
E aposto que as pobres Archeas ainda vão levar a culpa!
Uma dúvida que me surgiu hoje: o metano é consumido de alguma forma pela natureza? O CO2 pode ser transformar em vida novamente por meio da fotossíntese, mas o que acontece com o metano? Deixo a pergunta proceis!
A questão do metano é bem polêmica, pq o gado também parece ser um responsável importante na emissão do metano. E existem outros gases com potencial estufa maior, como óxido nítrico (se não me engano).
E vale a mensagem final. Sejamos críticos! Não existe verdade absoluta na Ciência.