Como Darwin dizia, a seleção natural é um processo lento, bastante lento. E então, imagina quando falamos de seleção natural de caracóis? Seria algo tão lento, quanto minha avó de 85 anos fazendo rapel. Bem, as coisas não funcionam assim.
Pesquisadores chilenos (Paulina Artacho e Roberto Nespolo, viva a América Latina!) observaram a seleção natural poderia estar atuando em caracóis desacelerando ainda mais seu metabolismo. Animais que gastam menos energia no seu metabolismo basal podem alocar mais para reprodução e sobrevivência. Isto é, gasto menos com as funções mais básicas, para gastar com algo que aumente meu fitness.
Eles mediram o tamanho das conchas de 100 indivíduos de caracóis de jardins (Helix aspersa) e avaliaram a taxa padrão metabólica (metabolismo do animal em repouso). Essa taxa é medida analisando a quantidade de CO2 produzida pelo caracol em repouso, assim, podem inferir a quantidade de energia mínima que o animal gasta para se manter vivo.
Depois de 7 meses, ele recapturaram os indivíduos vivos e as conchas dos mortos. Deste modo, puderam observar que o tamanho da concha não predizia bem quais animais sobreviveriam, mas a taxa padrão metabólica sim! Os sobreviventes tinham taxas metabólicas 20% menores do que os que morreram. Os pesquisadores concluíram que a seleção natural estaria selecionando os caracóis mais eficientes no uso de sua energia.
Esta foi a primeira vez que este tipo de estudo gerou algum resultado. Estes mesmo pesquisadores tinham tentado fazer isso com outros organismos (roedores). Porém quando um indivíduo não era recapturado, não era possível ter certeza se o indivíduo morreu, ou, simplesmente, se deslocou para outras localidade. Este problema não existe com os caracóis, pois se pouco se movimentam e suas conchas demoram a serem decompostas no ambiente.
Fonte: BBC – Earth News
Referência:
Paulina Artacho and Roberto F. Nespolo. 2009. Intrapopulation Variation in the Standard Metabolism of a Terrestrial Mollusc: Repeatability of the CO2 Production in the Land Snail Helix aspersa. Physiological and Biochemical Zoology 82 (2):181-189.
doi:10.1086/590222
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