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Sempre escutamos nas aulas de embriologia ou genética, que nosso genoma é composto por metade vinda do pai (espermatozóide) e metade da mãe (óvulo). Isso deve ao fato que estas células realizam a divisão celular do tipo meiose, na qual ao final de sucessivas divisões, são geradas células (germinativas) com metade do material genético de uma célula normal (somática).

Pesquisadores da Universidade de Washington observaram que isso não é bem assim. Em um trabalho com embriões de lampréias marinhas, no qual tentavam marcar células que possuíam DNA “quebrado” (isto é, faltando pedaços), constatram que todas as células eram marcadas. Era como se toda célula recebesse um rótulo “morrendo”. Isso intrigou bastante os cientistas.

Após isso, esse gruppo se juntou a outros pesquisadores (Instituto de Pesquisa Benaroya, Seattle) para tentar enteder o que estava acontecendo com este animal marinho. Assim, detectaram que algumas sequencias de DNA encontradas no esperma da lampréia não se faziam presentes no embrião. Eles se concentraram em um pedação de DNA que se repete muito (GERM1) no genoma do esperma. Monitorando a quantidade de sequências GERM1, constaram que esta vai diminuindo drasticamente com o desenvolvimento do embrião. E quando a larva nasce, a sequência quase que foi perdida por completo, restando pouquíssimos “exemplares”. Ao anlisar genes espécificos, focaram no SPOPL (ajuda a estabilizar o complexo DNA-proteínas na cromatina). Este gene, presente no genoma do esperma, não era mais encontrado em células, por exepmlo, do fígado destes animais. Este comportamento, também foi observado com algumas partes do DNA dos óvulos.

 
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Possíveis explicações: estes animais podem estar poupando energia ao diminuirem seu genoma, menor quantidade de DNA, menos trabalho (energia gasta) na replicação do mesmo. Ou ainda, ele retira genes que estão ligados com o rápido crescimento e proliferação das células germinativas (a liberação de espermatozóides é na casa de milhões de células por vez), assim, estariam as lampréias estariam se protegendo de possível desenvolvimento de tumores (caso esses genes percam o controle sobre sua transcrição) eliminando grandes quantidades deles.

Esse fato ainda merece bastante pesquisa, mas pode revolucionar a maneira como vemos o desenvolvimento embrionário. Será que isto ocorre com nós humanos? Será que isto pode estar por trás da maior propensão de algumas pessoas a determinados tipos de câncer? Bem, perguntas a serem respondidas com muita ciência hard core.

Fonte: ScienceNOW