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Nós, humanos, sabemos bem o que os virus podem causar conosco. O surto de gripe suína atormenta nossa sociedade. Porém a influência dos virus não para por aí. Nos oceanos, essas partículas possuem papel importantíssimo no ciclo do carbono. É claro que esse tipo de virus que atua nos oceanos não é o mesmo do Influenza, mas o “estrago” é muito pior.


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Vírus infectando bactérias ocêanicas (Os virus são os círculos mais claros dentro da bactérias)

Vírus são as formas de vida (usarei essa expressão, mesmo sabendo que
virus não são considerados seres vivos convencionais) mais abundantes
nos oceanos. São aproximadamente 4 x

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de partículas em todo o oceano. Sendo que quanto maior a profundidade
analisada maior a abundância de vírus, deste modo, nas zonas profundas
dos oceanos (mais de 1.000 metros de profundidade) apresentam elevada
quantidade de partículas virais.

No assoalho oceânico profundo, os vírus apresentam importância singular. Mas primeiro vamos
entender como se organiza esse ambiente. Por ser totalmente escuro,
bastante frio e estar sob pressões gigantescas apresentam uma fauna
característica. Sem luz, a produção de matéria orgânica se dá por
outras maneiras que não a fotossíntese. Basicamente por quimiossíntese,
onde compostos inorgânicos (H2S, por exemplo) são oxidados para
possibilitar a formação de matéria orgânica a partir de moléculas com
poucos carbonos em sua composição (CO2, CH4 e outras). Entretanto,
esses ambientes profundos dependem em grande parte do carbono exportado
de outras partes do oceano.

E é aí que entram os vírus. Ao
infectar organismos procarióticos (bactérias e archaeas) eles causam a
lise dessas células. Lisar uma célula significa estourar ela e liberar
seus componentes para o exterior. Sendo assim, transformam esses
organismos em carbono orgânico dissolvido e particulado que estará
disponível para a nutrição de outros procariotos não infectados. Esse
ciclo sustenta uma biomassa de 160 Pg de carbono, isto é, 30-45% de
toda a biomassa microbiana de todo o planeta Terra. É impressionante a
ocorrência desse fenômeno nas zonas profundas, pois este ambiente apresenta de
10-20 vezes menos recursos orgânicos que as zonas costeiras.

Deste modo, os vírus são responsáveis pela liberação de 0,37-0,63 Gt de carbono por ano nos oceanos e este carbono liberado é responsáveis por 35% do metabolismo dos procariotos presentes no assoalho oceânico. Além disso, facilitam a ciclagem de elementos como nitrogênio e fósforo neste ambiente. Antes negligenciados, os virus se mostram como componente crucial nos ciclos biogeoquímicos oceânicos e global.

Diferente do vírus da gripe suína, os vírus oceânicos são essenciais para a manutenção da vida. Pelo menos da vida de organismos marinhos de grandes profundidades.

Referência:

Danovaro, R., Dell’Anno, A., Corinaldesi, C., Magagnini, M., Noble, R., Tamburini, C., & Weinbauer, M. (2008). Major viral impact on the functioning of benthic deep-sea ecosystems Nature, 454 (7208), 1084-1087 DOI: 10.1038/nature07268