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A revista Nature está publicando durante o esse mês uma série de artigos comentando as reações ao redor do mundo sobre a teoria da evolução por seleção natural de Darwin. No editorial da revista, dois fatores são dados com cruciais na assimiliação de idéias científicas: a capacidade da sociedade de enteder informações factuais e o filtro cultural pela qual as informações são filtradas. Fica a cargo dos cientistas resolver a primeira questão, por mais que ache que raros são desse tipo. Vejo na revolução dos blogs científicos o passo fundamental entre a academia e a sociedade. A popularização, com posterior divulgação (ampla e gratuita) da ciência, coloca os blogs científicos na posição de elo entre esses dois compartimentos.

Já a segunda questão é um pouco mais complicada. Esta depende de duas perguntas: quando? e onde?  Valores culturais mudam nesses dois eixos. Pense no Brasil de 1950 e agora de 2009. Um filho xingar o pai era caso de espancamento, hoje em dia, a criança é taxada como “esperta demais”. As coisa mudam, bem como a aceitação de uma teoria científica. Na Inglaterra recém presenteada com a livro A Origem das Espécies (1859) “acreditar” no que Darwin escreveu era caso de colocar em perigo a salvação de sua alma. As fomosas charges de Darwin parecendo um macaco mostravam o tom de repulsa da sociedade vitoriana em relação as suas idéias.

Charge de darwin.png

Darwin com o rabinho entre as pernas
Porém, Marwa Elshakry mostra, no primeiro artigo desta série na revista, que há quem diga que as idéias de evolução de Darwin já tinham sido levantadas por pensadores famosos de suas culturas e que não tinham nada de depreciativas. Na China, Yan Fu (por volta do final da década de 1890) ao traduzir o livro de Thomas Huxley Evolução e Ética reinterpretou as idéias de Darwin à luz dos pensamentos Confuncianos, onde o humano agia de forma contra natural quando coloca os interesses de outros acima dos seus próprios interesses. Já indianos, afirmam que as idéias do velhinho barbudinho (não o papai noel, e sim a a foto mais conhecida de Darwin) tem suporte nas crenças cosmologicas do Hinduismo. Satish Mukherjee vê na Samkhya uma precursora na moderna idéia de evolução. Até mesmo na cultura Mulçumana temos exemplos dessa natureza. Críticos comentam que antigos filósofos mulçumanos já tinha um termo para idéia de espécie (anwa’) e que esta poderia sofrer mudanças ao longo do tempo. Algumas escritas dessa mesma cultura ao comentar sobre hierarquia na natureza, colocavam os símios como formas mais basais de humanos.

Por mais que alguns não queiram, Darwin mexeu com a forma do antropocêntrica de se colocar na natureza. Ou acreditando que o que Darwin escreveu já era bem sabido na sua cultura (preponderantemente por culturas orientais), ou que o que ele escreveu era pecado passível de excomungação (preponderantemente culturas ocidentais), a idéia de evolução por seleção natural pode ter transformado algumas crenças em fatos . Os quais, atualmente com o maior entendimento de genética, crescem vertiginosamente em número. Como entender a aquisição de resistência bacteriana a antibióticos sem ser à luz da seleção natural? Ou no melhoramento de espécies vegetais na agricultura?

Na minha opnião, as provas que Darwin conseguiu reunir nas precárias condições em que ele tinha na época, bem como sua maestria em explicar de maneira extremamanete detalhada e precisa algo que sempre foi tema principal na crise existencial humana, mostra toda a genialidade do Inglês que sem querer-querendo revolucionou o pensamento científico. Nada faz mais sentido a não ser à luz da seleção natural.

Referências:

Elshakry, M. (2009) Global Darwin: Eastern enchantment. Nature, 461(7268), 1200-1201.

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