A revista Nature está publicando durante o esse mês uma série de artigos comentando as reações ao redor do mundo sobre a teoria da evolução por seleção natural de Darwin. No editorial da revista, dois fatores são dados com cruciais na assimiliação de idéias científicas: a capacidade da sociedade de enteder informações factuais e o filtro cultural pela qual as informações são filtradas. Fica a cargo dos cientistas resolver a primeira questão, por mais que ache que raros são desse tipo. Vejo na revolução dos blogs científicos o passo fundamental entre a academia e a sociedade. A popularização, com posterior divulgação (ampla e gratuita) da ciência, coloca os blogs científicos na posição de elo entre esses dois compartimentos.
Já a segunda questão é um pouco mais complicada. Esta depende de duas perguntas: quando? e onde? Valores culturais mudam nesses dois eixos. Pense no Brasil de 1950 e agora de 2009. Um filho xingar o pai era caso de espancamento, hoje em dia, a criança é taxada como “esperta demais”. As coisa mudam, bem como a aceitação de uma teoria científica. Na Inglaterra recém presenteada com a livro A Origem das Espécies (1859) “acreditar” no que Darwin escreveu era caso de colocar em perigo a salvação de sua alma. As fomosas charges de Darwin parecendo um macaco mostravam o tom de repulsa da sociedade vitoriana em relação as suas idéias.
Por mais que alguns não queiram, Darwin mexeu com a forma do antropocêntrica de se colocar na natureza. Ou acreditando que o que Darwin escreveu já era bem sabido na sua cultura (preponderantemente por culturas orientais), ou que o que ele escreveu era pecado passível de excomungação (preponderantemente culturas ocidentais), a idéia de evolução por seleção natural pode ter transformado algumas crenças em fatos . Os quais, atualmente com o maior entendimento de genética, crescem vertiginosamente em número. Como entender a aquisição de resistência bacteriana a antibióticos sem ser à luz da seleção natural? Ou no melhoramento de espécies vegetais na agricultura?
Na minha opnião, as provas que Darwin conseguiu reunir nas precárias condições em que ele tinha na época, bem como sua maestria em explicar de maneira extremamanete detalhada e precisa algo que sempre foi tema principal na crise existencial humana, mostra toda a genialidade do Inglês que sem querer-querendo revolucionou o pensamento científico. Nada faz mais sentido a não ser à luz da seleção natural.
Referências:
Elshakry, M. (2009) Global Darwin: Eastern enchantment. Nature, 461(7268), 1200-1201.
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Caro Berlinck,
a questão de explorar ou não o tema, depende de coisas muito diversas, como por exemplo, a inspiração do dia. Você como blogueiro sabe como é. Vendo que você tem mais a falar sobre o assunto, explore-o no seu blog (Quiprona). Fica ai a dica de pauta.
abraços
Caro Roberto,
Gould é um evolucionista, não que dizer que seja o único. Dawkins, por exemplo, não divide a mesma opinião que Gould. Eu acredito que a seleção natural é a força reguladora. Porém, ela vai regular eventos aleatórios de mutação e, assim, de diminuição ou aumento do fitness. Assim, a existentência destes eventos não anula o processo de seleção natural, pelo contrário. Eles dão a material no qual a seleção atua. Por isso, disse que nada faz sentido se não à luz da seleção natural.
Abraços
Olá, sou biólogo e estudo a evolução de vírus, lendo seu post fiquei intrigado com sua colocação de que nada faz sentido se não luz da seleção natural. Por que pensar assim? Mesmo ferrenhos defensores da teoria da evolução pelo princípio da seleção natural, como Stephen Gould, acreditavam em restrições estruturais ou mesmo em processos estocásticos, deriva gênica, na fixação de alelos e consequentemente características. Estes processos são extremamente importantes e frequentes, tanto que junto com outros colegas criticaram ferrenhamente a ênfase exacerbada à seleção natural nos meados do século 20. A seleção natural e consequentemente as idéias de Darwin são importantes mas não estão sozinhas para o entendimento da moldagem das populações como conhecemos.
Gostei muito da matéria.Darwin foi muito feliz na hora de formar uma teoria da seleção natural, onde nem mesmo seu avô Erasmos Darwin conseguiu formular, deixou apenas como idéia e ele elaborou muito bem, sendo melhor que a de Lamarck, que é considerado o primeiro a desenvolver um método pra explicar a evolução.
Oi Breno,
Achei bom o texto de tua postagem, mas achei que você poderia ter explorado mais o tema. Por exemplo, o problema do antropocentrismo passa não somente por uma revião da posição do homem na natureza, mas também como "objetivo final" da criação. Afinal, "feito à imagem e semelhança" implica, naturalmente, ser quase uma entidade divina, que passou a ser questionada uma vez que foi "colocada em seu devido lugar", ou seja, como ser puramente biológico (além de social, que não deixa de ser biológico, segundo Wilson).
Além disso, acredito que as idéias de Darwin mexeram muito com a visão de mundo porque significaram uma mudança radical do paradigma vigente, segundo Thomas Khun.
Além disso, também acredito que as mesmas idéias ainda são muito mal compreendidas, por serem em geral mal ensinadas. Então há uma necessidade de se aprimorar o conhecimento das idéias de Darwin e de suas consequencias, bem como do desenvolvimento posterior da teoria da evolução à luz da genética e outras abordagens complementares atuais, para que estas possam ser melhor ensinadas e divulgadas.