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Um artigo publicado na última edição da revista Nature mostra a possível posição de lider na controle de emissões de gases estufas dos países em desenvolvimento. As metas apresentadas são bastante ambiciosas. Projeções indicam uma possível redução de emissões de 35% até 2020. O professor Carlos Nobre (Rede-Clima e Inpe) encabeçou as pesquisas que estimaram ser possível redução de 1 bilhão de toneladas de CO2 nas emissões anuais do Brasil até 2020.

Porém, o fator que é apontado como o crítico para alcançar esta meta é a redução do desmatamento. Pronto…. uma ducha de água fria que eu tomei ao chegar nessa parte do artigo. Dois terços desse bilhão são contabilizados através de uma redução de 80% no desmatamento. Só que o desmatamento por si só, atualmente, responde por mais da metade do total de emissões anuais brasileiras. Além disso, outras 320 milhões de toneladas podem ser cortadas através de melhorias em processos de produção energética e de práticas agrícolas.

grafico emissao.jpgCom esses dados nas mãos, Nobre finaliza que o objetivo agora é conseguir calcular quanto isso deve custar e, assim, buscar financiamento. Um das possíveis fontes é o Fundo da Amazônia (criado em 2008) com o objetivo de obter doações (estrangeiras, principalmente) para “proteger” a floresta. Por exemplo, somente a Noruega se comprometeu a doar 1 bilhão de dólares até 2015 caso o projeto mostre resultados reais de melhora na preservação amazônica.

Ao meu ver, isso é um pouco utópico, vide as inciativas tomadas pelo Brasil para conter o desmatamento de vários biomas brasileiros. O avanço do platio da cana-de-açúcar e o aumento das fronteiras da pecuária são fatores bastante disfícieis de controlar, ainda mais com a bancada ruralista brasileira. Bancada essa sem nenhum compromisso ambiental, fazendo juz a quem os colocou no governo. Resta esperarmos o discurso do presidente Lula no COP-15 em dezembro, depois disso, resta saber se isso vai ser colcado em prática ou não (e é aí que mora o perigo).

Referência:
Tollefson, J. Brazil mulls major climate action. Nature (465): 18. doi:10.1038/462018a