Diante deste cenário desolador da COP-15, esta semana foi publicado um artigo na revista Science com diretrizes que o Brasil deve tomar para acabar com o desmatamento na Amazônia. Como se sabe, 80% das emissões de gases estufa do Brasil são advindos do desmatamento (queimadas ou derruba de árvores) da floresta.
Uma primeira ação foi a criação do fundo Amazônico. Este fundo tem como objetivo captar investimentos para prevenção do desmatamento e estímulo da conservação e uso sustentável da floresta. Quem vai administrar o dinheiro que entrar é o BNDES e, no primeiro momento, a Noruega já investiu 1 bilhão de dólares. A segunda ação é a exclusão da cadeia de suprimentos do mercado de carne bovina e de soja de fornecedores que desmatem aéreas de floresta. Com estas duas ações, o estudo indica que é possível acabar com o desmatamento na floresta amazônica e com isso reduzir entre 2-5% das emissões globais de gases estufa.
Para quem acha que isso é um número desconcertante, o Brasil entre 1996 e 2005 desmatou a uma taxa de 19.500 Km2/ano. Essa conversão em pasta e áreas de cultivo liberou para atmosfera entre 0,7-1,4 GtCO2e (gigatoneladas de CO2 equivalente) por ano para atmosfera. Em 2008, na criação do fundo amazônico, nosso país se comprometeu a reduzir o desmatamento em 20% da taxa histórica (1996-2005) até 2020. Além disso, o estudo indica a necessidade da compensação financeira dos povos nativos da floresta quando estes mantiverem, em suas propriedades, áreas de preservação.
Por uma bagatela de aproximadamente 12 bilhões de dólares para serem investidos entre 2010 e 2020 para o possível término do desmatamento nesta região, o estudo também revela que esta ação poderá gerar receitas entre 37-111 bilhões de dólares. Porém, os próprios pesquisadores admitem que seria “uma façanha extraordinária e extremamente difícil, talvez única na história do avanço de fronteiras agropecuárias“.
Diante do fracasso da COP-15, onde Obama somente repetiu o que o mundo todo já sabia e continuou seu jogo de empurra com a China, o presidente Lula fez um discurso histórico. Lembrando ao mundo os 200 anos de emissões descontroladas dos países desenvolvidos e suas resistências em querer mitigar o probelma que causaram. Assisti também uma entrevista do ministro Carlos Minc desesperado em tentar conseguir pelo menos um pequenino acordo entre alguns países, mas, como ele mesmo repetiu 4 vezes, acordo este muito aquém do que o IPCC recomenda como mínimo de redução do emissões para as temperaturas globais não subiram acima dos assustadores 4°C. Como já discutido aqui neste blog, a COP-15 tende ao fracasso absoluto, os grandes líderes mundiais não chegaram a nenhum acordo devido interesses econômicos.
Que venham mais conferências inúteis como essa! Quem sabe um dia algo sério seja firmado.
Referência:
Nepstad, D., Soares-Filho, B., Merry, F., Lima, A., Moutinho, P., Carter, J., Bowman, M., Cattaneo, A., Rodrigues, H., Schwartzman, S., McGrath, D., Stickler, C., Lubowski, R., Piris-Cabezas, P., Rivero, S., Alencar, A., Almeida, O., & Stella, O. (2009). The End of Deforestation in the Brazilian Amazon Science, 326 (5958), 1350-1351 DOI: 10.1126/science.1182108
Discursos de pseudoambientalistas, políticos, ongs; apenas servem como paliativo. Ou o mundo radicalmente impõe o controle da natalidade, incluso taxa zero pois, "desenvolvimento sustentável" é meramente um alinhavo de retalhos sobre uma base falsa! Anselmo.