Outras pessoas poderão reproduzir o que fiz? Meu encadeamento de ideias é coerente com o meu objetivo? Usei a estatística correta? Estes são alguns questionamentos que um pesquisador por si só pode fazer e mesmo assim não observar algum erro. Quantos de nós corrigimos textos nossos, acreditamos que está tudo correto e, quando publicamos, aprecem correções no primeiro comentário? Por isso, antes de um trabalho ser publicado, ele é primeiramente revisado pelo autor, depois por seu orientador, em seguida, por companheiros de laboratório, para depois sim ser submetido para publicação. E aí pimba! Volta cheio de correções. É assim que a ciência atual funciona e é o que me fascina.
Blogs nunca poderão se apoderar deste papel. Quando pegamos um artigo científico e tentamos fazer uma revisão sobre ele na forma de post, estamos aproximando este conteúdo do público em geral. Muitas das vezes, quando o blogueiro é um pesquisador, ele emite opiniões mais embasadas sobre o trabalho (agindo até com o rigor de um revisor). O que também não é sempre o que acontece, muitos blogueiros não são especialistas. Além disso, os comentários, na sua grande maioria, não são feitos por pessoas que se dispõem a ler o referido artigo, mas se baseiam somente no texto feito sob o olhar do blogueiro.
Sim, mas e aí? Os blogs não servem para nada neste mundo da revisão por pares? Na revisão stricto sensu não, mas acredito que nessa nova era de revistas exclusivamente eletrônicas e relevância do artigo avaliada levando em consideração quantas vezes ele foi avaliado em blogs (como a PLoS já faz). E a parte mais importante, aproximar o grande público da ciência. Pegar um artigo científico e transformar em algo palatável, passível de se entendido e, o melhor, INTERESSANTE! Pegar um artigo sobre um tema extremamente técnico e dar uma roupagem mais divertida (mas fiel aos conceitos) é muito difícil, muito difícil.
Finalizando, quanto mais conseguirmos fazer da ciência algo popular, discutível dentro de um elevador, em um salão de beleza e, o melhor, em um bar, mais estamos formando cidadãos críticos. Resolver problemas do cotidiano usando o método científico pode ser extremamente útil e eficiente (na minha opinião, é com certeza), mas a sociedade só vai conseguir isso quando aprender a gostar de ciências. E essa é uma das minhas metas de vida, tentar mostrar o quanto pode ser interessante ler como foi realizado um experimento em um laboratório ou um trabalho de campo, e que os resultados disso afetam diretamente nossas vidas. Ainda engatinho em relação a isso, mas tenho grandes mentores como bons exemplos.
Ola Breno.
Não estou de acordo com a totalidade do teu post porque não apneas porque acho que o peer-review é inultrapassavel.
Porque tu até reconheces isso.
Discordamos no entanto da interpretação do que o Phil Jones disse sobre os blogs.
É que a ciencia climatica que contraria o consenso é a publicada em blogs, e nem é bem ciencia. E isso não deve acontecer. É manipulação da opinião publica ultrapassando o mecanismo de revisão por pares.
Eles queixam-se que os seus artigos não sao aceites para publicação. Mas isso é normal. Se eu mandar um artigo para a Nature a demonstrar a capacidade da acumpunctura curar insuficiencias renais aguas provavelmente vou ser recusado. Porque tem de haver um erro algures. Essa discução já foi.
O mesmo para o moto perpetuo, teorias da relatividade a saldo, etc.
No entanto existem alguns artigos que passaram o crivo da revisão por pares.
E o que os emails mostram, não é uma conspirção. É que aquela gente se preocupa com o que a opinião publica pensa e se ve obrigada a responder a blogueres que andam constantemente a ver se acertam em erros disparando à direita e à esquerda, e sem grande ciência. Se puserem tudo em causa, passo a passo, mesmo que não tenham provas, só porque conseguem ser populares, fazem estragos. Porque vivemos em paises democraticos e o que as massas pensam conta.
Logo, é um abuso ao processo normal da ciencia que abusa igualmente do direito de expressão que existe. E que deve continuar. O que é preciso é chamar a atenção que o que é publicado num blogue não é equiparavel ao que é publicado numa revista de ranking elevado.
A divulgação cientifica não é uma questão que esteja aqui em causa. O que esta em causa é a ultrapassagem do peer-reviewe. E eu compreendo que eles estejam fartos de ter de responder a tretas escritas em blogs sem preocupações com o metodo, a bibliografia, a critica dos pares, etc.
É como os tipos das alternativas que publicam nos seus proprios blogues e agora fizeram os proprios jornais. É preciso denunciar já o surgimento de uma paraciencia.
Os cepticos do clima fizeram o mesmo. Agora têm os seus proprios jornais para publicar o que eles querem. Tudo bem, têm esse direito. Tal como têm o direito de publicar num blog.
Isso tem é de ser denunciado. Acho que ´o que o Phil Jones esta a fazer.
Lacy,
concordo inteiramente com você. Nosso trabalho é muito importante, porém pouco divulgado.
Abraços
Olá Breno,
Foi realmente infeliz a declaração de Phil Jones. Aparentemente, o próprio não enxerga os benefícios que o uso de blogs de ciência por cientistas podem trazer para a divulgação, disseminação e, por que não, "amabilização" da ciência frente o público leigo. Do contrário, ao invés de estimularem uma ponte entre os que fazem e os que divulgam, pessoas como o Sr. Jones, e há vários por aí, preferem desdenhar de tal empreitada. Tornar informações por vezes desinteressantes em algo que pode ser absorvido sem "choro e ranger de dentes", é algo extremamente difícil e custoso. É muito fácil escrever um bom artigo científico quando se tem bons dados, dada a linguagem científica rasa (e necessária, contudo!), mas fazer isso em um blog já é outra história...
Abraço!
Segundo a Unesco o século XXI não é o século do letramento científico?
Para isso os blogs de ciência só contribuem
Muito bom Breno,
Cada veículo com seu papel ou, como gostam os modernos, "cada um no seu quadrado".
Blogs de ciência feitos por cientistas que sabem se comunicar são um enorme avanço na divulgação e popularização da ciência. Assumiram função importante, conquistando espaços geralmente relegados por outras mídias.
Revistas científicas com peer review são ótimas para cientistas. O público não as compreende. Retrato de nosso país e suas carências educacionais? Não somente. Ou você acha que essas revistas são populares na Inglaterra, na Alemanha ou na Dinamarca? Muito menos nos EUA.
Muito bem colocado o seu post.
Parabéns!
Abs,
Lacy
Caro Breno Alves
Não sei o que levou Phil Jones a ter tal opinião. Pode acontecer que não goste dalguns blogues,para o que terá as suas razões,mas meter todos no mesmo saco é,claramente,um grande exagero. Traduzindo a Ciência em miúdos,passe a expressão,é uma maneira de Ela ganhar mais amigos.
Assim,Breno,com o devido respeito pelo senhor Phil Jones,
continue com o seu blogue.
Muito boa saúde.
O Phil Jones vem acumulando uma mancada atrás da outra... O tom highfalutin de "não-discuto-com-leigos" só faz piorar as coisas.
Uma atitude pedante e irresponsável.
E o pior é que enfia todos os gatos no mesmo saco...
Obrigado Roberto!
Estmaos juntos nessa jornada.
Abraços
Oi Breno,
É isso aí, educação é tudo. Tornar a ciência mais acessível às pessoas, para que estas possam conhecer a ciência na sua essência, e deixarem de lado as pseudociências, este é um grande papel dos blogueiros que trabalham de maneira séria para fazer divulgação de ciência.
Meus parabéns.
Roberto