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“I don’t think we should be taking much notice of what’s on blogs because they seem to be hijacking the peer-review process.” Phil jones.

É com esta afirmação que começo minha reflexão sobre a divulgação científica. Phil Jones é o protagonista do Climategate (muito bem explicado pelo Brontossauros). Achei seu comentário extremamente infeliz. Acredito que a revisão por pares é o que mantém a credibilidade da ciência. Quando tento publicar um trabalho e o coloco sob avaliação de outros pesquisadores da minha área (na maioria da vezes esses revisores são cientistas renomados), estou buscando a validação da importância do que pesquisei.

Outras pessoas poderão reproduzir o que fiz? Meu encadeamento de ideias é coerente com o meu objetivo? Usei a estatística correta? Estes são alguns questionamentos que um pesquisador por si só pode fazer e mesmo assim não observar algum erro. Quantos de nós corrigimos textos nossos, acreditamos que está tudo correto e, quando publicamos, aprecem correções no primeiro comentário? Por isso, antes de um trabalho ser publicado, ele é primeiramente revisado pelo autor, depois por seu orientador, em seguida, por companheiros de laboratório, para depois sim ser submetido para publicação. E aí pimba! Volta cheio de correções. É assim que a ciência atual funciona e é o que me fascina.

Blogs nunca poderão se apoderar deste papel. Quando pegamos um artigo científico e tentamos fazer uma revisão sobre ele na forma de post, estamos aproximando este conteúdo do público em geral. Muitas das vezes, quando o blogueiro é um pesquisador, ele emite opiniões mais embasadas sobre o trabalho (agindo até com o rigor de um revisor). O que também não é sempre o que acontece, muitos blogueiros não são especialistas. Além disso, os comentários, na sua grande maioria, não são feitos por pessoas que se dispõem a ler o referido artigo, mas se baseiam somente no texto feito sob o olhar do blogueiro.

Sim, mas e aí? Os blogs não servem para nada neste mundo da revisão por pares? Na revisão stricto sensu não, mas acredito que nessa nova era de revistas exclusivamente eletrônicas e relevância do artigo avaliada levando em consideração quantas vezes ele foi avaliado em blogs (como a PLoS já faz). E a parte mais importante, aproximar o grande público da ciência. Pegar um artigo científico e transformar em algo palatável, passível de se entendido e, o melhor, INTERESSANTE! Pegar um artigo sobre um tema extremamente técnico e dar uma roupagem mais divertida (mas fiel aos conceitos) é muito difícil, muito difícil.

Finalizando, quanto mais conseguirmos fazer da ciência algo popular, discutível dentro de um elevador, em um salão de beleza e, o melhor, em um bar, mais estamos formando cidadãos críticos. Resolver problemas do cotidiano usando o método científico pode ser extremamente útil e eficiente (na minha opinião, é com certeza), mas a sociedade só vai conseguir isso quando aprender a gostar de ciências. E essa é uma das minhas metas de vida, tentar mostrar o quanto pode ser interessante ler como foi realizado um experimento em um laboratório ou um trabalho de campo, e que os resultados disso afetam diretamente nossas vidas. Ainda engatinho em relação a isso, mas tenho grandes mentores como bons exemplos.

Fonte: Nature News 1 e 2