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A cerveja é uma bebida milenar. Sua origem é datada de 4000ac, sendo que seus primeiros fabricantes estão entre sumérios, egípcios e mesopotâmios. Basicamente, ela é produzida através da fermentação de diferentes tipos de açúcares encontrados em cereais. Tradicionalmente aqui no Brasil, utiliza-se cevada e milho. Porém, podem ser usadas outras fontes de açúcares, como o trigo, além de complementos como mel, mandioca, café e chocolate.

Na história suméria, existe uma deusa da cerveja: Ninkasi. A adoração era tão grande que compuseram até mesmo um hino para ela, além de vários versos a cultuando. 

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Recentemente, um químico chamado Mark Nelson, trabalhando com ossadas de um antigo povo sudanês (antigo reino Nubiano), observou a presença do antibiótico tetraciclina. Entretanto, este povo viveu, aproximadamente, 250-550ac  e, na história da ciência, o primeiro antibiótico descoberto pelo homem foi a penicilina a 82 anos atrás.

O que acontece é que este povo já dominava a arte de produzir cerveja, a tetraciclina é produzida por um tipo de bactéria (estreptomicetos) encontrada no solo, apresentando semelhanças morfológicas com os fungos, podendo até, erroneamente, serem caracterizadas como tais. Este grupo de bactérias é, atualmente, estudado por essa capacidade de produzir metabólicos secundários (antibióticos e enzimas extracelulares).

Esta bactéria é característica de solos áridos, tipicamente encontrados no Sudão. Possivelmente, elas contaminaram os barris de produção de cerveja, e como produzem colônias douradas e que flutuam sobre o líquido, elas podem ter sido propagadas como ingrediente da cerveja por este povo. Isso se deve a possível veneração ao outro por antigas civilizações. Com isso, o crescimento desta bactéria junto a cerveja, enriquecia este maravilhoso líquido com o antibiótico tetraciclina.

Esta hipótese de crescimento junto a cerveja foi testada pelo co-autor do trabalho George Armelagos. Ele produziu cerveja “contaminada” pela bactéria junto com seus alunos de graduação e obteve a bebida enriquecida com o antibiótico (que ótimo projeto de graduação, não?!).

Apesar de proteger contra infecções, o excesso de tetraciclina pode causar deficiência na absorção de ferro pelo corpo. Porém o custo da proteção contra infecções contrabalança este efeito colateral, ainda mais pelos prazeres de beber uma boa cerveja.

Não entendo o porquê dos cientistas atuais não enriquecerem cerveja com medicamentos. Iria ser altamente eficiente. Observemos o exemplo do flúor na água ou do iodo no sal de cozinha. Para você que queria mais um motivo para beber ou mais uma pauta para aquele interessante bate-papo de botequim, o primeiro antibiótico ser produzido devido a cerveja é uma boa pedida.

Fonte: Wired Science