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É com uma tristeza enorme que escrevo este post. Mais uma vez a região Serrana do Rio de Janeiro é assolada por enchentes e mortes. Mais de 350 mortos por deslizamentos de terra e inundações.

Porém, nada disso é novidade. Todo ano este mesmo fenômeno acontece. A zona de convergência do Atlântico sul traz muita umidade (da região amazônica) para a região sudeste nesta época do ano. Só que na região serrana, a umidade já é por natureza mais alta. Assim, o sinergismo entre estes dois acontecimentos, gera tamanha pluviosidade. Entre às 8 horas da manhã do dia 11/01 até às 8 horas da manhã do dia 12/01 foram 201mm de chuva.

dia 9.jpgRio de Janeiro no dia 09/01/11 (fronte: Nasa)

dia 12.jpgRio de Janeiro no dia 12/01/11 (fronte: Nasa)

Com certeza, os governantes irão eleger o vilão do problema: as mudanças climáticas. Climatologistas, meteorologistas e “especialistas” irão falar que os fenômenos meteorológicos são intensificados pelas mudanças climáticas. Sim, mas isso é um problema secular no Rio de Janeiro! Até hoje, não foi encontrada correlação significativa entre quantidade de chuva e descaso do poder público, agora, entre mortes que poderiam ser evitadas e descaso do poder público, sim.

Crescimento urbano desordenado, canalização de rios, coleta de lixo deficiente e corrupção são os grandes causadores de mortes, intensificados por eventos climáticos mais intensos. Por exemplo, no morro do Bumba e em Angra dos Reis, no ano passado, foram locais de desastres iguais aos que acontecem agora em janeiro de 2011. Em ambos os locais, o poder público, mesmo sabendo que a ocupação nestas áreas era irregular, cobrava IPTU dos moradores, além disso, forneciam serviços públicos que estimulavam a moradia nestes locais (água e luz). É a “mãe natureza” se vingando da gente? Claro que não. É o poder público roubando até o último centavo dos impostos que pagamos.

Então o que faz as televisões? Mostram resgates cinematográficos, atualizam o número de mortos (com um prazer quase que sexual), chamam especialistas em clima, entre outros, para prender a atenção dos telespectadores. Mas discutem os reais motivos desses desastres? Outra vez, claro que não! Colocar a culpa em políticos é manchar a imagem dos maiores contribuintes dos lucros da TV (ou você acha que comercial de governo na TV Globo é de graça?).

Tudo isso é evitável, mas requer remoção de comunidades, multa por ocupação e descartes de lixo irregulares, proteção da mata de encosta de morros, preservação de curso natural de rios, entre outros. Porém, isso não dá IBOPE. Pelo contrário, gera até antipatia dos currais eleitorais dessa corja que se mantém no poder.

O que fazer? Comoção da população, tomar as ruas e protestar, não votar em famílias que estão no poder a décadas, resumindo, NADA. Nós não faremos nada. Ficaremos emocionados com a tragédia aleia, revoltados com os governantes, tristes com Deus (afinal, alguns acreditam que é Ele que manda nos regimes de chuva), indignados com o  Cacique Cobra Coral (Convênio com centros espíritas para ajudar no “regular” o regime de chuvas do Rio de Janeiro, aqui e aqui também), entre várias outras atitudes que não ajudarão em nada.

Enquanto especialistas (caso verídico da Globo News), alegarem que a natureza “faz”chover mais nas áreas mais quentes para resfriá-las (algo com intenção da “mãe natureza”), ficaremos na mesma. O controle de massa é muito forte. E que esperemos as enchentes de Março (bem provável o acontecimento) e a tragédia do início do ano que vem.