Porém, nada disso é novidade. Todo ano este mesmo fenômeno acontece. A zona de convergência do Atlântico sul traz muita umidade (da região amazônica) para a região sudeste nesta época do ano. Só que na região serrana, a umidade já é por natureza mais alta. Assim, o sinergismo entre estes dois acontecimentos, gera tamanha pluviosidade. Entre às 8 horas da manhã do dia 11/01 até às 8 horas da manhã do dia 12/01 foram 201mm de chuva.
Crescimento urbano desordenado, canalização de rios, coleta de lixo deficiente e corrupção são os grandes causadores de mortes, intensificados por eventos climáticos mais intensos. Por exemplo, no morro do Bumba e em Angra dos Reis, no ano passado, foram locais de desastres iguais aos que acontecem agora em janeiro de 2011. Em ambos os locais, o poder público, mesmo sabendo que a ocupação nestas áreas era irregular, cobrava IPTU dos moradores, além disso, forneciam serviços públicos que estimulavam a moradia nestes locais (água e luz). É a “mãe natureza” se vingando da gente? Claro que não. É o poder público roubando até o último centavo dos impostos que pagamos.
Então o que faz as televisões? Mostram resgates cinematográficos, atualizam o número de mortos (com um prazer quase que sexual), chamam especialistas em clima, entre outros, para prender a atenção dos telespectadores. Mas discutem os reais motivos desses desastres? Outra vez, claro que não! Colocar a culpa em políticos é manchar a imagem dos maiores contribuintes dos lucros da TV (ou você acha que comercial de governo na TV Globo é de graça?).
Tudo isso é evitável, mas requer remoção de comunidades, multa por ocupação e descartes de lixo irregulares, proteção da mata de encosta de morros, preservação de curso natural de rios, entre outros. Porém, isso não dá IBOPE. Pelo contrário, gera até antipatia dos currais eleitorais dessa corja que se mantém no poder.
O que fazer? Comoção da população, tomar as ruas e protestar, não votar em famílias que estão no poder a décadas, resumindo, NADA. Nós não faremos nada. Ficaremos emocionados com a tragédia aleia, revoltados com os governantes, tristes com Deus (afinal, alguns acreditam que é Ele que manda nos regimes de chuva), indignados com o Cacique Cobra Coral (Convênio com centros espíritas para ajudar no “regular” o regime de chuvas do Rio de Janeiro, aqui e aqui também), entre várias outras atitudes que não ajudarão em nada.
Enquanto especialistas (caso verídico da Globo News), alegarem que a natureza “faz”chover mais nas áreas mais quentes para resfriá-las (algo com intenção da “mãe natureza”), ficaremos na mesma. O controle de massa é muito forte. E que esperemos as enchentes de Março (bem provável o acontecimento) e a tragédia do início do ano que vem.
poxa eu só tenho 11 e vir minha melhor amiga morta e meu pai que pegou ela no colo e eu amava ela!!
e outra coisa minha amiga esta com trauma e ela só tem 9 anos
Meus pêsames
Conheci este blog somente hoje. Muito interessante, com uma visão crítica e desromantizada das questões ecológicas.
Sobre a tragédia da região serrana:
- A cidade de N. Friburgo sofreu grande destruição na região central, que não é considerada "área de risco", nem é de ocupação ilegal.
- Em Petrópolis, o maior desastre ocorreu no Vale do Cuiabá, que é justamente uma área de preservação ambiental. As fotos mostram as marcas da tromba d'água na encosta coberta de mata nativa.
Parece que, em grande parte, a tragédia foi resultado de um evento anormal mesmo. Uma chuva para ser repetida daqui a 4 séculos, como sugeriu um meteorologista, cujo nome não recordo.
Não nego que exista descaso de autoridades. É mesmo recorrente. Mas o problema não pode ser tão simplificado. Uma prefeitura tenta remover moradores de uma área de risco. Logo aparece um demagogo para "defender os pobres". O demagogo, em geral, está ligado aos interesses imobiliários. Segue-se uma batalha judicial que pode durar muitos anos. Este é apenas um exemplo.
Culpar "o governo", sem apontar as falhas objetivas, é tão genérico e inconsequente quanto culpar "as mudanças climáticas" ou qualquer outro deus ex machina.
No mais, parabéns pelo blog, que passarei a acompanhar.
Sei que o post é antigo, mas como o assunto é recorrente ainda vale comentá-lo.
Quando a tragédia ocorreu não parei de lembrar de uma lei federal que vigora desde 1965: NOSSO Código Florestal (Lei 4771). A lei enumera as Áreas de Preservação Permanente (APP), cuja função é (dentre outras) a preservação de recursos hídricos e estabilidade geológica e a proteção do solo e bem-estar da população. Dentre essas áreas estão margens de rios, áreas com declividade superior à 45o e topos de morros.
Claramente a tragédia afetou principalmente pessoas que viviam (formal ou informalmente) nessas áreas de proteção permanente, que não poderiam ser habitadas.
Nossa legislação ambiental é ampla e contém alguns erros claros e graves. Mas o maior erro é quando ignoramos a lei dos homens e, consequentemente, viramos vítimas das leis naturais. E é bom lembrarmos que nosso código florestal deve ser revisto por nossos legisladores esse ano.
OBS.: Breno e Luiz, adorei o site!
Abraço, Renata Maria.
muito bom o seu blog!
eu sou bióloga e monitora no Museu de Ciências Morfológicas da UFRN estamos com planos de por nosso blog no ar, enquanto isso poderia nos seguir no twitter
@MCM_UFRN
bjnhs
Infelizmente a cultura da maioria do povo brasileiro se restringe em ficar em frente a televisão vendo programas inúteis, dando valor a coisas que não irão acrescentar nada em suas vidas, e se esquecem das próprias vidas, é a massa televisiva manipulando a população.
Daí é fácil ficar colocando a culpa na natureza (a mesma não tem como se defender das acusações), como fazem os meios de comunicaçao (e as pessoas acreditam, pois foi falado na tv), ao instante que catástrofes e mais catástrofes acontecem e a negligência do setor público cada vez mais evidente e o povo nada faz.
Afinal é mais comodo ficar lamentando as mortes, ou mesmo, esquecer a tragédiaa, afinal não foram afetados.....
Gente me desculpem, mas isso aqui foi um desabafo, pois não aguento mais, essas situações, onde o povo se fecha para problemas seríssimos que poderiam ser evitados.
Evitar ocupações em áreas de risco e a retirada das familias que já moram nesses locais, sem dúvida são um bom começo pra solução do problema.
isso tudo foi por causa do homem da disobediencia querer fazer construçoes em arias de risco por isso que eu creio em Deus
Boa noite Breno. Sou morador de TERESOPOLIS. Gostaria de veicular meu protesto e exigência, junto às autoridades, da solução que se encontra minha cidade. Anexo a carta que será endereçada ao Prefeito de Teresópolis e pergunto como posso conseguir adesões e difundir na plenitude tais exigencias.
SEGUE A CARTA:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JORGE MARIO, PREFEITO DE TERESOPOLIS-RJ
Eu, MARCELO MACHADO DE OLIVEIRA NETO, natural do Rio de Janeiro e cidadão teresopolitano, em nome da coletividade e vítimas, venho através da presente missiva apresentar o presente protesto em face das atuais circunstâncias que cercam nossa cidade pelos fundamentos que passarei a expor.
Primeiramente não é tão simples explicar as catástrofes ocorridas a partir de supostas condutas imprudentes dos moradores em edificarem suas casas em encostas. Como V.Exa pode constatar, não foram somente casas humildes e feitas em encostas que sofreram os sinistros. Varias mansões não localizadas em encostas igualmente foram vitimadas. Mesmo que se considere que a razão da maioria das destruições foi a simples construção em “áreas de risco” tal argumento não pode proceder porque todas as propriedades são tributadas através do IPTU. Evidentemente que uma vez que há o fato gerador da propriedade territorial urbana há incidência do tributo, contudo absurdo se considerar a tributação de propriedade territorial irregular em situações de iminente risco aos moradores. Como se aceitar a inércia do município em fiscalizar, restringir tais edificações que são objeto de tributação. Ora, sabe-se que a Administração Pública possui poder de polícia sobretudo para impedir a edificação em áreas consideradas de risco.
O governo federal já declarou a ajuda na reconstrução de nossa cidade com cifras que garantem o propósito colimado. A grande pergunta que fica aqui é o porque de não se ter procurado evitar tais ocorrências, sobretudo por ser situação reiterada, embora não nas dimensões apresentadas. O povo sabe que seria possível, até mesmo por relatos apresentados por especialistas, projetos arquitetônicos e de engenharia que prevenissem as atuais ocorrências.
Como cidadão, em nome dos moradores e vitimas de Teresópolis, espero que todos os recursos gerados pela União sejam fiscalizados e apresentem objetiva e documentalmente o destino e vinculação dos gastos.
Exmo Sr. Prefeito, informo que, como cidadão deflagrarei da forma mais ampla possível e transparente, a observância pela população e pelas autoridades a cobrança de rigoroso e regular uso do dinheiro publico na solução do caos em que se encontra nossa cidade. Pelo amor que tenho por nossa cidade tornarei publico, na plenitude o presente pleito.
MARCELO MACHADO DE OLIVEIRA NETO
concordo bem sobre esse aspecto porque a cada ano que passa,eu creio que tudo isso ea causa do aquecimento global
que aos poucos vai destuindo a camada de ozonio
Olá, Breno!
É isso mesmo, as coisas que serão feitas serão feitas dentro do status quo, ou seja, o importante que é mapear áreas de risco e realocar a população dificilmente acontecerá!
Se puder dê uma olhada no texto que escrevi, ano passado, mas recuperado pra esse no Blog do Guaciara: http://guaciara.wordpress.com/2010/01/12/sao-paulo/
Abraço!
Breno, em varios bairros irregulares aqui em SP tem luz, tv a cabo e telefone, mas nao tem agua encanada e esgoto. Pq? Luz, tv a cabo e telefone sao serviços oferecidos por empresas e nao pelo governo e eles nao estao preocupados se o local é regularizado ou nao.
O governo pode ser omisso, tem feito bem menos o que pode e deve, mas a responsabilidade não é só dele.
É triste, mas a história se repete, é uma evidência
Ver mortes e desabamentos sem poder tomar providência
Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo embaixo de lama
O estado do Rio de Janeiro pede ajuda, implora, clama
No ano passado, a tragédia foi no réveillon, nas ilhas de Angra, belas
Igual: deslizamentos nas encostas, perdas e inúmeras sequelas
Mas parece que Cabral, o governador, não sabe ou se esqueceu
De férias na Europa? Como pode? Não agora! Entendeu?
É momento de usar o que sobrou e se tem em mãos
Já que, mais uma vez, faltaram políticas de prevenção
Defesa Civil precisa reforçar a ação e conscientização
Residências irregulares tem destino certo: desabarão
Com a tragédia anunciada, Dilma confirma sua chegada
O governador, já de volta, mostra o que restou das estradas
FGTS, muito bem, será liberado para quem precisar
E para aqueles que não tem mais onde morar
Do Governo Federal virá um bilhão para reparos
Para as famílias de 500 vítimas é difícil o amparo
A reconstrução terá apoio de todos, amigos e parentes
E se possível, senhor, uma estiagem de políticos negligentes
(http://noticiaemverso.blogspot.com)
twitter: @noticiaemverso
Esquecer daqui a pouco "ninguém" vai se lembrar olha que bonito temos agora o BBB, e olha o que temos depois o carnaval
com uma forcinha dos veículos de imprensa, a tanta coisa para se fazer naqueles lugares que apareceram Ns porjetos mas nenhum sera executado assim como em São Paulo. Cade os piscinões? É um ciclo chove falam, prometem, não cumprem, chove .... e assim vai e o povo ai morrendo, fico puto com isso, o que faço nada fico puto com isso também, so tento eleger os melhores representantes do povo, mas acho que nem estamos fazendo direito..
Caro Roberto,
tenho que concordar com a Marcos. Ninguém vai para as ruas protestar. Hoje, no Rio, no mesmo momento das enchentes, tinham 20 mil pessoas recebendo o Ronaldinho Gaúcho no Flamengo. Não tenho esperança nenhuma que a população carioca vá fazer algo. Vamos esquecer sim, como tudo nesse país.
Abraços
Me desculpe Marcos Rocha, mas "esquecer de tudo" é absolutamente inadmissível.
Tenho certeza absoluta que se o povo da cidade do Rio de Janeiro for maciçamente à rua protestar sobre a má gestão administrativa que permite a ocorrência de tais tragédias, as coisas irão mudar.
E somente desta maneira.
Boa tarde Breno! Estava escrevendo revoltado com toda esta situação, moro em SP e vejo de perto o sofrimento de gente de Franco da Rocha, por exemplo, e preocupado com amigos que moram ou trabalham em Nova Friburgo. Local lindo... Mas a situação é exatamente ao que foi relatado: - Ano após ano a "desgraça anunciada" se repete. Levantamos as mãos para o céu e pedimos clemência a Deus. Os políticos culpam o excesso de chuva ou culpa o povo por conta do lixo na rua. Realmente temos culpa por conta de quem colocamos no poder... mas isso, infelizmente, será matéria de TV, Rádio, Jornais e Blogs.
"Vamos" esquecer de tudo!
Até a próxima chuva!
Até a próxima tragédia!
Cláudia,
não seja ingênua. Ilegal é um termo muita variável, principalmente em cidades pequenas como em Angra. Principalmente, quando famílias se alternam no poder. Em Niterói, eles sempre souberam que aquilo era um lixão, mas mesmo assim o bairro foi construído ali em cima. Tinha água, luz e creche.
abraços
Breno, mesmo q eles combravam IPTU em área de risco em Angra? Isso é ilegal. Em SP sei q esse tipo de coisa nao acontecia (pelo menos enqto eu trabalhei lá) pois áreas de risco nao podiam ser regularizadas, portanto a pessoa nao tem posse do local e consequentemente nao tem como pagar IPTU. Lembro até q regularizaçao de algumas áreas só aconteciam com parecer técnico de que a área nao era de risco.
Provavelmente essas áreas devem ter sido regularizadas antes do Estatuto da Cidade.