Alguns podem achar que estou louco. Ué Breno, o ideb das escolas do Rio não aumentou? Está sendo noticiado aos quatro cantos. Sim, caro amigo. Saiu do péssimo para o muito ruim, na maioria dos casos. Observem esta Tabela com os dados. Atentem mais para os resultados da sétima série. Analisem com carinho as notas do IDE-Rio (genérico do IDEB brasileiro). Ele é feito somente com duas séries. Avaliam o segundo segmento (antigo ginásio) somente com notas de portugês e matemática da sexta série e o primeiro segmento (antigo primário) com notas da segunda série . Esse é o avanço. Essa é a maquiagem.
Dentre os vários outros absurdos, como a escola (nesse caso em escolas estaduais do Rio de Janeiro) perder pontos na avaliação devido a alunas grávidas. Isso mesmo, se uma aluna fica grávida a culpa é da escola que não teve projetos suficientes para que essa mulher não engravidasse. E sabe o mais bizarro? Existem alunas casadas. Com isso, uma escola é mal avaliada se uma aluna casada tiver filho.
Somos a segunda pior rede estadual de ensino médio do Brasil, só perdemos para o Piauí!
Com isso, gostaria de compartilhar um discurso de uma professora Amanda Gurgel do Rio Grande do Norte que reflete bem a realidade de todos os estados brasileiros. Diante da secretária de educação do estado, ela deu um tapa na cara de todos os políticos com luva de pelica.
foi reajustado em 60% esse ano, indo para a bagatela de R$15.000,00. Cada um com direito a um carro jetta, num gasto total de R$ 3.528.088,20. Iso é, 2743 meses ou 228 anos de trabalho meu para carros de luxo de vereador.
Estamos num modelo capitalista, só por aí é o suficiente entender porque estamos num caos na educação, não só a escola sofre, toda a sociedade está submersa em valores desumanizantes... competitividade, individualismo, valorização do ter e não do ser que incorre em aumento na criminalidade, no abuso de droga, alcoolismo, sistema de saúde precário, moradia, saneamento, etc. Não se inclui com este falso modelo de inclusão, a aprovação automática sem levar em conta a diversidade, sem investimentos no social. Uma escola com objetivos academicistas, vendendo sonhos que não são compreendidos... Os números mostram 70% são analfabetos funcionais ou de fato são... não há investimento nas demais habilidades. O sentimento que se desenvolve nas crianças que se tornam adolescentes é de menos valia, a revolta se instala, a indisciplina e o desrespeito aos professores. violência e quebra-quebra, professores com sindrome de Bournot, professores jovens perdem a esperança e exoneram... os números crescem dia após dia. Não há um olhar para o que de fato tem ocorrido, sim julgamentos rápidos apontando os dedos para quem está tentando remendar o irremendável.
Li o post do Breno e todos os comentários. Relacionei algumas causas citadas pelo péssimo nível da educação no braxzill. Baixo salário, currículo ideologizado, desrespeito humano ao professor, desleixo do próprio professor. Cada um acha que o motivo é um e alguns concordam que seja mais de um.
Mas o ponto comum e que ninguém aceita como a origem do problema - e alguns até defendem - é que a escola é "pública", ou seja, de ninguém! Isso mesmo, não tem dono!
Estamos muito errados ao nos referirmos à escola estatal como "pública". Alguém citou a Inglaterra. Já estudei o tema e conheço - teoricamente - o sistema inglês. Lá a escola é pública, isto é, pertence e é administrada pela comunidade, não pelo governo. Qualquer pessoa lá pode tomar a iniciativa de abrir uma escola pública. Ela não lhe pertencerá, mas a comunidade escolar. A gestão é democrática e ela não pode visar lucro a alguma determinada pessoa, mas tem que ter superávit para se autosustentar. O governo aplica dinheiro previsto em orçamento proporcional ao nível da escola e à quantidade de alunos. A administração desse dinheiro, a contratação de professores, a manutenção da escola é responsabilidade da escola, que geralmente tem administrador contratado e conselho formado por cidadãos.
A nossa escola não é pública: é estatal. Pertence ao Estado; sua administração é do Estado; os professores são funcionários do Estado e a diração é nomeada pelo Estado, constituindo-se num núcleo de imposição do poder estatal sobre aquela comunidade escolar. Herdamos o modelo instituído pelos governos militares, copiado da Igreja Católica. Só que no caso dos milicos e da Mitra, esse sistema tinha propósitos definidos e era necessário a seus fins.
No caso dos governos civis, sem propósitos institucionais - sequer um projeto de nação que ultrapasse o mandato do governante no cargo - esse sistema se presta ao sadismo, à instituição do caos social, à criação do estado de calamidade permanente necessário à ação benemérita de nossos políticos sempre bem intencionados e capazes de nos remediar por uns míseros votinhos, ou um empreguinho num concursozinho fraudulentosinho para o filhinho. (E tem muito professor incluso aí!)
O problema a ser resolvido é muito maior e, se os professores grevistas aqui em SanCa não conseguem perceber isso e acham que dá pra costurar aqui, remendar ali e manter o sistema como está, então a vaca foi pro brejo mesmo. Prefiro acreditar que estejam agindo de má-fé.
Infelizmente, apesar da razoabilidade do que eu li ali para cima, o que dá mesmo para aproveitar é: "se não gosta do seu emprego, procure outro"!
Lamentável,
Acho que devemos nos valorizar mais, deixar as picuinhas e levar mais a sério a´politização da nossa categoria, infelizmente há professores que batem no peito dizem que odeiam a politica é aí que se instala o perigo,as manobras de maninpulação etc. Aqui em Minas o governos Aécio paga para um licenciado miseros R$ 560,00 para Ensino médio e o povo ainda o elegeram.
Otimo blog e otima postagem com relação ao discurso da professora, direta, objeta e SINCERA.
Ricardo Faria
Cara Dani,
acho que você foi equivocada desde o início no seu comentário. Se você faz acordos desse tipo no seu trabalho, não quer dizer que outros façam o mesmo. Se a sua linha de argumentação é tão rasa assim, não perderei mais meu tempo conversando com você. Continue com sua mediocridade, se alimentando nesse seu cocho de ignorância.
Eu ao contrario acho que vcs ganham bem demais , não foram os professores que fizeram um acordo com os alumos ( fazem de conta que dão aula e os alunos fazem de conta que apreendem) , se não gosta do salario , procure outro emprego
Vi em uma reportagem que no Reino Unido e Cingapura, os politicos nem pensam em colocar os filhos em escolas particulares. Os eleitores não aceitam, significaria ignorar a boa qualidade das escolas publicas de lá.
E se um politico é descoberto matriculando seu filho no ensino particular, acaba parando nos jornais, tem que pedir desculpas publicamente e transferir seu filho para a escola publica.
Ae falam: "Mas essa obrigação fere a liberdade do politico"
¬¬'
Fala sério, se um politico opta pela vida publica, deve assumir suas obrigações.
E essa medida impalntada aqui no Brasil? Não dá nem para imaginar....
Concordo com suas colocações sobre a desvalorização da profissão de professor. Existem outros posts aqui no blog que falam sobre isso. Um sobre a profissão como um "sacerdócio", fato este totalmente equivocado. Não é um dom ser professor, depende de muita preparação e conhecimento. PORÉM, a questão salarial entra como uma das primordiais. Você foi extremamente reducionista. Como a professora do vídeo falou, ela precisa se sustentar. Será que professor tem que sempre se nivelar por baixo? Alagoas paga bem, ok. Mas chega perto de um salário de engenheiro, por exemplo? Acho que fica bem distante, convenhamos.
Sua mudança para a esfera federal foi somente por questões ideológicas? Ou o dinheiro contou alguma coisa? Aposto na segunda. Mas não tem nada de errado nisso. Quando somos bons em algo, queremos ser valorizados. É normal.
Precisamos de atualização, formações em novas práticas, melhores condições de infra-estrutura E salário condizente com as outras profissões do mercado. Salários baixos atraem menos pessoas e os melhores procuram outras profissões (na maioria dos casos).
Abraços
Considerar que o baixo salário é a causa (ou a principal causa) do fracasso da educação no Brasil é uma falácia. O que isso quer dizer? Que o professor, por ganhar pouco, não dá uma aula que preste? Não cumpre seu dever? Ao invés de ensinar, enrola? Não creio que isso aconteça, pois é algo imoral. Há essa questão da sobrecarga de trabalho, mas isso, penso, é só o desfecho de um processo, não o seu início.
Assim, percebo questão do salário é apenas uma das questões. Mas, no meu ponto de vista, apesar de importante, não é a principal.
O fracasso da educação no Brasil tem a ver com a mediocrização do ensino. Há tempos que vivemos um processo de "modernização" da educação onde as idéias mais esdrúxulas e descabidas ganham corpo e se transformam em política pública. "Pedagogismos" moderninhos minaram as bases da educação brasileira. A desvalorização do professor não começa pelo baixo salário, termina nele. O professor começa a ser visto como profissional de segunda categoria quando, a cada loucura proposta por "especialistas" das secretarias de educação, da universidades ou do MEC, aquiescem com um subserviente "sim, senhor".
Sou professor da rede pública, hoje na rede federal. Mas faz pouco tempo que deixei a rede pública de meu estado, Alagoas, aquele que ostenta os piores índices sociais, educação entre eles.
No meu tempo como professor do estado, só vi colegas se mobilizarem quando a questão era o salário. Não vi ninguém se indignar com um sistema falido, onde ensinar deixa simplesmente de fazer sentido, dado que os mecanismos de aprovação automática fomentam o desinteresse dos alunos.
Alagoas é o recordista em índices negativos em educação, não obstante, os professores da rede pública recebem o 4º maior salário do país! Apesar disso, meus colegas já engatilham uma outra greve. Mesmo com o aumento dos salários (em torno de 100%), não houve melhora significativa no quadro da educação em Alagoas. Nada mudou.
O problema é o sistema viciado, que tem numa sociedade que despreza o saber - a figura do ex-presidente que não perde a oportunidade de fazer apologia da ignorância é sintomática - que não tem apreço pelo conhecimento, o seu alicerce.
Coisa de uns 4 anos, o IBOPE fez uma pesquisa com pais e professores. Perguntava-se o que eles achavam da educação no Brasil. O resultado foi surpreendente: quase 80% dos pais e professores julgaram que a educação brasileira é boa, que está tudo bem com ela. Mas sabemos que não está. O desempenho de nossos estudantes nos testes do PISA mostra que a coisa não vai bem.
A questão, pois, não pode ser reduzida à questão salarial. O que tem de aconteer é uma reformulação profunda do modelo de escola no Brasil, com o concomitante aporte de professores melhor preparados, pois apesar dos vícios do "sistema", há que se ter um pouco de autocrítica: os professores precisam ser melhor formados na graduação, e a carreira precisa atrair os melhores alunos. (não tenho ilusões, isso deve levar um tempão, mas do jeito que a coisa vai, parece que não vai mudar nada).
Estamos conduzindo a educação no Brasil sem saber quais os objetivos concretos. A escola brasileira precisa mudar.
É Daniela infelizmente a nossa classe não é nada esclarecida! Até os bombeiros conseguiram uma manifestação decente aqui no RJ!
Também sou professora do município do RJ e sinto-me envergonhada com comemoração ridícula de nossa secretária de educação. Na escola pública quase tudo é maquiagem e posso afirmar que trabalhar como professora da rede pública hoje é uma verdadeira guerra. Por mais que o governo insista em divulgar números eu não acredito! Estou em sala e vejo o caos que está a educação pública brasileira. Alunos analfabetos no sexto ano, professores sendo agredidos todos os dias, pais omissos, superlotação em sala de aula... É minha gente a coisa é realmente para insanos e o salário óóóóóó é para fazer as compras do mês e só!
Não bastasse o salário, as condições de trabalho são péssimas, professor virou sinônimo de psicólogo, os alunos da dita inclusão são jogados na sala de aula, sem que tenhamos preparo para isso, salas lotadas... professor tem que ter paciência para tudo e todos, para desrespeito dos pais, alunos, políticos, entender problemas de todos... ESQUECEM QUE SOMOS PESSOAS COM FRAQUEZAS, ANSEIOS, QUE SENTIMOS DOR, QUE PAGAMOS CONTAS E TEMOS FAMILIA, e por aí vai...
Acho que a classe ainda é muito acomodada, se todos começassem a berra como a Amanda, talvez as coisas mudassem na educação desse país! MINHA OPINIÃO!
Aqui em Joinville, estamos em greve!