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Diante da dica do @luizbento (lembrando, quem quiser acompanhar a gente, o meu é @brenoalves e o do blog é @discutindoeco), não pude deixar de postar sobre este assunto. Para quem nunca imaginou os lugares que podem ser usados para testar teorias científicas, apresento a Biogeografia de bactérias de banheiro.

Um artigo publicado hoje Plos One, pesquisadores da universidade do Colorado (EUA) analisaram as comunidades bacterianas presente em banheiros. A biogeografia estuda padrões de distribuição espacial de espécies. Esse padrão pode mudar ao longo do tempo devido, por exemplo, a modificações na geografia da região ou mesmo competição entre espécies.

Ao avaliarem as espécies de bactérias que habitam nossos banheiros, eles os dividiram em três regiões: as associadas a superfícies em geral, o chão e superfícies as quais são tocadas diretamente por humanos.

E aí? Encara um destes?

Vamos ao resultados. A comunidade bacteriana associada ao chão dos banheiros foi a mais diversa, sendo que a maioria das espécies são comumentes encontradas no solo. O que faz bastante sentido devido o carreamento de partículas de solo transportadas pelos calçados. As espécies encontradas nas superfícies em geral são prevalentemente associadas a bactériasentéricas humanas. Já as superfícies comumente tocadas por humanos apresentaram maior número de espécies bacterianas associadas a pele humana.

Outro fato interessante é a diferença entre as comunidades entre banheiros femininos e masculinos. Sendo que nos femininos, existe grande abundância de bactérias que habitam a vagina humana por todo o recinto. Indicando grande contaminação por urina neste ambientes. Acredito que a maneira como as mulheres se limpam pode influenciar isto, bem como a tentativa de não enconstar no vaso.

Observando o gráfico acima, o assento sanitário apresenta, por exemplo, espécies bacterianas advindas do intestino humano. Algo bastante óbvio, ainda mais por causa dos espiritos de porco que defecam na tampa do vaso (fato comum em banheiros masculinos). Observem também como a contaminação por bactérias associadas a urina é ampla tanto dentro como fora do banheiro.

Ok, mas para que usar técnicas ultra modernas de pirosequenciamento para identificar bactérias em banheiros? Esse são dados preciosos para medidas de saúde pública, como por exemplo mapeamento de transmissão de patógenos e confirmação de procedimentos de higiene pessoal.  Além disso, é comprovado a importância da higiene tanto nossa, quanto do banheiro em si, pois bactérias comumentes associadas a pele e ao aparelho intestinal estão amplamente espalhadas por todo o banheiro, facilitando assim a transmissão e disseminação de doenças cutâneas e entéricas entre humanos.

Então não se esqueça: lave as mãos depois de usar o banheiro, meninos mirem no vaso (Ok, os primeiros jatos são sem direção, mas depois mantenha o controle!) e meninas muito cuidado ao encostar em paredes e pias de banheiro e depois se limpar com o papel higiênico, tentem pegar uma quantidade tal de papel que proteja sua vagina da sua mão contaminada.

O objetivo deste post não é causar pânico geral, mas ser um alerta das possíveis vias de transmissão de  patógenos. E claro, lembrar de ter higiene quando usar o banheiro público. Pense que é como se estivesse usando o da sua casa.

Referência:

Flores, G., Bates, S., Knights, D., Lauber, C., Stombaugh, J., Knight, R., & Fierer, N. (2011). Microbial Biogeography of Public Restroom Surfaces PLoS ONE, 6 (11) DOI: 10.1371/journal.pone.0028132