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Continuando a assunto da Rio+20, iniciado no post anterior, me prendo agora no foco das políticas brasileiras de estímulo ao consumo (principalmente veículos) como forma de desenvolvimento do país.
 
 
Neste contexto,  a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira deu a seguinte declaração ao ser indaga se essas políticas não iam de encontro ao discutido na conferência Rio+20:
 
“Temos de debater como gente grande. Está na hora de debatermos as unidades de conservação, a regularização fundiária, o acesso à informação com conhecimento técnico e científico. Vamos acabar com o achismo ambiental”
 
Bem, não é nova a questão de que a raiz de todos os problemas ambientais reside no fato do consumo desenfreado da população humana. Claro que guardada as devidas proporções para cada faixa social. Não podemos comparar o consumo médio de um americano e um queniano.
 
Muito me assusta esta posição da ministra. Uma coisa é ter consciência que esta política é de curto prazo e as vantagens superam os impactos a longo prazo (coisa que eu ainda não concordo), outra é desmerecer discussões que vão de encontro com a posição do governo que ela participa.
 
Deste modo, vamos as questões técnicas da produção de carros.
 
Para produzirmos um carro de médio porte, são emitidos 17 toneladas de CO2e. Esta quantidade equivale a cerca de 3 anos de emissões de uma típica casa de uma país desenvolvido. Sendo que a cada 161 Km percorridos (não se assuste com os números, a pesquisa foi feita nos EUA e 161 Km equivale a 100 milhas) o carro emite cerca de 34 kg de CO2. Multiplicando pela vida útil de um carro (estimo uns 250.000 Km em média), chegamos ao resultado estimado de, aproximadamente, 53 toneladas somente de CO2 emitidas somente para fazer o carro andar. Fora os outros gases nocivos a saúde humana e fora a manutenção do carro.
 
Claro, quanto mais usarmos o carro mais esse resultado será diluído. Entretanto ao estimularmos a compra de carros novos, a taxa de emissões da produção do veículo, bem como a das emissões por causa da queima de combustíveis aumentarão exponencialmente. Fora a pressão por mais recursos naturais.
 
Existe muita ciência por trás dessas estimativas. Não são baseadas em “achismo“. É claro que muitos ambientalistas podem querer discutir isso em um nível mais raso, sem a apresentação de dados (não que os que eu tenha apresentado estejam completos, reitero que são só uma estimativa), mas não temos pessoas tão ingênuas assim no Ministério do Meio Ambiente para negar que esta política é danosa para o planeta.
 
Como o crescimento sustentável possui um dos seus pilares no bem estar social e mlhoria da qualidade de vida, todos no planeta deverão ter acesso a compra de carros? Não existe aço no mundo para isso. Acho que nem se explorarmos outro planeta.
 
Por que não uma política de estímulo ao desenvolvimento de transportes públicos? Isso envolveria as indústrias civil e metalúrgica (grande empregadoras), aqueceria  setor de prestação de serviços e desenvolvimento. E, por fim, não seria tão danoso quando o estímulo desenfreado por automóveis.
 
Fica parecendo que as metas de desenvolvimento sustentável estão sempre no futuro das políticas públicas, caindo na famosa frase de boteco “Fiado só amanhã”. O amanhã nunca chega e as ações erradas continuam sendo tomadas.
 
Referências