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Muito se tem falado da Rio+20. Essa conferência, diferentes das outras que já comentamos aqui no blog, tem como objetivo discutir a agenda sobre o desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.
 
Neste momento surgem vários especialistas em programas jornalísticos dando seus pareceres sobre o que é e como proporcionar um crescimento sustentável do planeta.
 
No rádio, escuto que uma dentre várias das metas seria reduzir as emissões per capta anuais para 1 tonelada de carbono. Quando falo per capta, me refiro mundialmente. Desde de um brasilieiro que emite em média 12 toneladas por ano, até um americano com suas 20 toneladas ou mesmo um indiano pobre que emite 4 toneladas. Deste modo, novas tecnologias e nova mentalidade consumidora irão levar à essas reduções nas médias de emissões.
 
Ouço também que o crescimento sustentável está também intimamente ligado a ações básicas de fechar uma torneira enquanto escova os dentes, ou mesmo enquanto se ensaboa durante o banho.
 
Neste contexto, o embaixador Embaixador Luiz Alberto Figueiredo que será o negociador-chefe do Brasil na Rio+20 presta as seguintes declarações na mídia :
 
“Nós queremos que da Rio+20 saiam objetivos de desenvolvimento sustentável, que seriam metas globais de comportamento dos países para buscarmos finalmente a plena sustentabilidade do ponto de vista econômico, ambiental e social. Esse legado já será importantíssimo”
 
“Essa Conferência é sobre desenvolvimento sustentável. Parece muito claro hoje que os modelos de desenvolvimento que estão sendo usados estão mostrando a sua incapacidade de resolver a crise e também estão gerando outras crises. Então, temos que ter um olhar mais abrangente sobre o que queremos para os próximos anos. Rio+20 não é apenas 1992 mais 20 anos, mas principalmente 2012 mais 20 anos”
 
Diante deste contexto, novas notícias já começam a parecer e o cenário não se mostra promissor.
 
O primeiro ministro do Reino Unido, a chanceler da Alemanha e o presidente dos EUA não deverão participar da conferência.
 
O próprio o secretário geral da ONU para o evento, Sha Zukang, admite que “As pessoas só mostram suas cartas no último minuto, infelizmente“.
 
Chagando ao extremo da declaração do professor da UnB, Eduardo Viola, que é professor titular de Relações Internacionais da UnB e especialista em negociações relacionadas ao clima, na qual ele atesta que :
 
“Neste momento, temos três superpotências no sistema internacional: Estados Unidos, União Europeia e China. Elas são o centro do sistema. Dessas três só a União Europeia, mesmo que limitadamente, se orienta para uma economia mais verde. Estados Unidos e China são conservadores e não querem ceder soberania nacional”
 
Isto é, a Rio+20 tende ao fracasso como a maioria das outras conferências mundiais sobre desenvolvimento sustentável e clima.
 
Além disso, devemos somar a grande crise européia. Não acredito que propostas promissoras como as de redução das emissões dos gases do efeito estufa, sejam feitas como nas conferências anteriores. Neste momento de austeridade, metas incertas, ou mesmo polêmicas, podem deixar o clima ainda mais tenso nos países do velho continente.
 
Por fim, ainda teremos interdições de trânsito em rotas extremamente utilizadas por nós cariocas (Zona sul/Barra), assim já estou prevendo engarrafamentos monstruosos (vide protesto ridículo do greenpeace na ponte Rio-Niterói), decreto de feriado escolar e ponto facultativo para servidores municipais e estaduais (o prefeito teve a petulância de pedir que os cariocas não saiam de casa com seus carros, capacidade ZERO de coordenar um grande evento), frota gigantesca de embarcações no litoral carioca para proteção dos chefes de Estado (e que queimamos diesel para movimentar isso tudo), dentre outros problemas.
 
Se nem a própria conferência consegue ser sustentável, como então discutir esse tema. Seria o mesmo que  organizar uma conferência para discutir a violência contra indígenas, mas para realizá-la ser necessário destruir uma aldeia e matar seus integrantes. Não sei se é patético ou desesperador.
 
Tento aqui fazer um panorama geral do que estar por vir. Vou adentrar mais profundamente em cada um desses quesitos nos próximos posts sobre o assunto.