Não questiono a importância social e religiosa da Jornada Mundial da Juventude. Acredito que para os que compartilham dessa ideologia, esse grande encontro é de suma importância e que renovador para sua fé.
No próprio site da encontro, a jornada tem como objetivo “objetivo principal dar a conhecer a todos os jovens do mundo a mensagem de Cristo, mas é verdade também que, através deles, o ‘rosto’ jovem de Cristo se mostra ao mundo.”
Mas a mensagem de Cristo não inclui a preservação do lar? Na bíblia, mais precisamente em Gênesis 1.11, temos a seguinte passagem do momento em que Deus está criando o nosso planeta: “E disse Deus: Produza a terra, relva, ervas e árvores que deem frutos.”
Como mais um exemplo, temos em Dt 22,6-7: “Se encontrarem um ninho de aves numa árvore ou no chão, e se houver nele crias ou se a mãe estiver a chocar os ovos, não levem a mãe com os filhos. Deixem a mãe voar em liberdade e podem ficar com as crias. O Senhor vos abençoará se fizerem assim.”
O porquê de eu estar comentando isso, se deve ao fato que pudemos constatar na reportagem sobre a preparação de uma localidade em Niterói (RJ) para a missa do Papa Francisco. 334 árvores de Mata Atlântica foram derrubas sem qualquer tipo de estudo, ou mesmo licença ambiental para tal. O próprio secretário do Ambiente do município relata que não foi pedido autorização para a dita supressão. Um absurdo.
Além disso, temos a construção do campus fidei em Guaratiba.
Como podemos observar acima, em Guaratiba, a situação não foi muito diferente. Esta área está muito próxima ao rio Piraquê, o qual já se encontra assoreado e com risco de inundação durante a Jornada. Claro que todo o desmatamento da área, bem como, com uma possível chuva, a deslocamento de sedimento para o rio, a situação deve piorar.
Me pergunto, é essa a mensagem que queremos dar? É essa a mensagem que Cristo queria dispersar?
Acredito que não. Porém, como tudo o que fazemos hoje em dia, me parece que as pessoas sofrem de uma cegueira ambiental para satisfazerem seus interesses. Como já mostramos aqui, por exemplo, o Rock in Rio foi feito em um parque na MARGEM de uma lagoa. Isso mesmo. Desmataram a margem de uma lagoa para construir um parque.
Que se dane as leis ambientais, vamos vamos fazer o que for para realizarmos o Rock in Rio. Que se dane, vamos fazer o que for para realizarmos a JMJ. É esta cegueira ambiental a que me refiro. Como crianças ansiosas, passamos por cima do que for (leis, ética, bom senso…) para darmos vida aos nossos sonhos mais megalomaníacos.
A grande questão do discurso ambiental é manter ele, mesmo em face aos nossos maiores interesses. Em um contexto de prioridades, ele deve ser sempre o primordial. Quer construir um parque ou um local para missas, ok! Sem problemas! Mas procure o melhor local e o que menos causará problemas ambientais e, também sociais.
Não basta o discurso piegas: “O meio ambiente é nosso lar! Nós somos à favor do meio ambiente!”. É no momento que nossos interesses são colocados a prova que vemos se o nosso discurso é transformado em ação.
Moro no bairro da Lapa, na capital de São Paulo, próximo ao Bairro Pompeia, e não param mais de construir prédios, e mais prédios e em 10 anos a coisa esta cada vez mais feia. Quintais cheinhos de árvores frutíferas sumiram de nosso bairro. Coloco uma banana no meu telhado mais baixo, e vejo com que fúria os passarinhos vem comer.Alguem se importa? Recentemente construiram, de duas casas, 24 aptos, cavando a terra, do lado de minha residencia. Um horror. A defesa civil para quem eu liguei, nem se importou. A prefeitura tb não.Ah, quem vai ter saude no meio de tantos prédios. Um roubando o sol do outro.E porque onde foi construido para o show do rock já não deixaram pronto para grandes eventos?!!!. Mas o JMJ não tem culpa, né. Quem tem culpa são os responsáveis, os mesmos do show do rock.Bolas.