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As Catástofres Naturais no Brasil

Toda época de chuva no Brasil é o mesmo dejà vu, seja no verão no Sudeste, seja no inverno no Nordeste, enchentes, deslizamentos e inevitavelmente mortes. Mas o que mais me preocupa sempre é o que as pessoas resolveram fazer DEPOIS da catástrofe. Porque imediatamente depois sempre vem ajuda, dinheiro, solidariedade, mas e na hora de reconstruir tudo e a aprender com a desgraça o que acontece?

Recebi um material (diga-se de passagem já tem muitos meses) da Fundação Bunge sobre o trabalho deles no Vale do Itajaí depois das enchentes e deslizamentos de 2008 e eu fiquei muito contente em saber que lá eles aprenderam com os erros e estão tentando não repetí-los. O projeto chama-se “Conhecer para sustentar” e visa não apenas ajudar as famílias a reconstruirem suas vidas, mas também a conhecer melhor o local onde vivem e por que acontecem esses eventos.

Tomara que a população da região serrana do Rio de Janeiro também tenha essa clareza e possa aprender com essa situação difícil, nem que o aprendizado seja apenas votar diferente daqui 2 anos. Entendo que nem tudo a gente pode esperar do governo, esse projeto por exemplo vem de uma iniciativa privada, mas ter governantes conscientes e responsáveis é um bom começo.

Veja o trailer do documentário produzido pela Fundação Bunge sobre o projeto:

Esses dias vi no Jornal Nacional (veja a seguir) uma reportagem sobre o trabalho que está sendo realizado lá no Vale do Itajaí depois dos desastres de 2008 e foi bem legal ver que a prefeitura resolveu instituir uma “Diretoria de Gelologia” para cuidar das áreas de risco da cidade e ajudar no planejamento urbano.

Umas das falas que eu achei interessante foi do Prefeito de Blumenau quando ele diz que 2 anos é um tempo muito longo para quem espera, mas eles optaram pelo caminho mais longo e mais seguro. Achei legal um prefeito/ político enfatizar isso, pois na grande maioria das vezes eles são imediatistas e querem apenas ficar bem na fita com o eleitorado, imagino o quanto não deve ter sido fácil para ele aguentar o povo cobrando e exigindo soluções rápidas e fáceis. Acho que temos um bom caso de sucesso no Brasil, em que uma tragédia pode e deve ensinar muito, principalmente a planejar e fazer melhor.

Produtos ecológicos, selos verdes…

 

Existe alguma definição de produto ecológico para eu entender o que um produto de fato tem de diferente para se declarar assim?

Vez ou outra vejo por ai as pessoas falando de produto ecológico. Que todos devemos comprar produtos ecológicos, que o produto tem um diferencial ecológico e portanto seria melhor que os outros ou perguntam até quanto eu estaria disposta a pagar por um produto ecológico.

Com a ajuda de um colega de internet achei esse artigo (em inglês) “O valor do consumidor no projeto sustentável”. O artigo tenta ilustrar como o valor adicional pode encorajar o desenvolvimento de produtos sustentáveis (com menor impacto ambiental e menores custos externos), o artigo se refere especificamente a móveis. O que mais me interessou nesse artigo foi saber o que eles consideravam como menor impacto ambiental e custos externos. Para isso eles submeteram os produtos (e toda a sua produção) a 3 métodos: Avaliação do ciclo de vida (Life Cycle Assessment-LCA), Custo do ciclo de vida (Life Cycle Costing – LCC) and Contingent Valuation (CV) (não encontrei uma tradução que me convencesse).

Vou tentar explicar o que eu entendi de cada um desses métodos. O LCA identifica e quantifica a energia, os materiais e os poluentes produzidos, essa avaliação vai ao longo de toda a vida do produto que inclui: extração e processamento da matéria-prima, manufaturamento, distribuição, uso, reciclagem e disposição final. O modelo usa um inventário de ciclo de vida composto por vários bancos de dados (queria saber se todos os produtos que se declaram ecológicos tem um inventário desses). Alguns dos dados coletados por eles sobre a fabricação dos móveis foram: descrição do processo de fabricação; fluxo dos materiais usados em todos os estágios do processo incluindo descrições e quantidades; consumo de energia durante o processo de fabricação; e quantidades finais dos resíduos gerados (emissões atmosféricas, efluentes e resíduos sólidos).

O método LCC considera todos os custos que ocorrem durante o ciclo de vida completo do produto. Eles podem ser divididos em 2 categorias: Custos internos e custos externos. Custos internos é a soma dos custos  de que uma companhia tem responsabilidade, como o pagamento de seus funcionários e custos externos (ou custos sociais) são custos que as companhias não são necessariamente responsáveis, como a poluição do ar por conta da emissão de poluentes na fabricação de seus produtos.

O Contingent Valuation é um método que testa a disponibilidade dos consumidores a pagarem por determinado serviço ecológico, por exemplo eles pesquisam entre as pessoas o quanto elas estariam dispostas a pagar para manter uma floresta. No caso do artigo eles usaram esse método para medir o quanto as pessoas estariam dispostas a pagar a mais por um produto com menor impacto ambiental.

Juntando tudo isso acho que deu pra perceber que pra eles chegarem a conclusão de que os consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos com menor impacto ambiental não foi assim tão simples.

 

itatiaia 047 Produto ecológico pra mim é esse moranguinho silvestre que ninguém plantou, é orgânico e depois que eu comi não deixou resíduos.

O que eu quero mostrar é que para chamar um produto de ecológico ou ter um selo verde ou ser sustentável muita coisa em toda a vida do produto é levada em consideração. Economizar água na produção, tratar os efluentes, usar materiais reciclados, como fazer a distribuição dos produtos, pensar na melhor maneira de extração da matéria-prima ou ainda pensar em como esse produto deve ou pode ser reciclado depois de usado são algumas das ações que devem ser consideradas para tentar fabricar um produto com menor impacto. E quando eu listo cada uma dessas ações não estou dizendo que a preocupação deve ser uma OU outra a preocupação deve ser em todos esses aspectos e mais um tantão de outros. Eu já disse, Ser sustentável é difícil, acredite. Então, como qualquer ser humano sabe que cumprir todas essas tarefas beira o impossível não me diga que seu produto é ecológico, que tem selo verde e bla bla bla. Dizer que se comprometeu a usar de maneira responsável os recursos hídricos, consumir energia elétrica de forma consciente e descartar corretamente o lixo ou reaproveitar materiais pré consumo para a produção de escova de dente não faz do seu produto sustentável, isso beira a obrigação de qualquer empresa que quer continuar existindo nesse mundo e não joga dinheiro pela janela. As mudanças que foram feitas em um dos seus produtos pode fazê-lo um pouco melhor que os outros, pode representar o seu interesse pelo tema, mas não pense que isso é o melhor que pode ser feito, acredite, não é.