Eu, a Bruxa Má do Oeste e nosso tema de pesquisa

Como é ter o mesmo tema de pesquisa que a Elphaba, a Bruxa Má do Oeste? Na verdade, é bem divertido! Ela é uma personagem de um livro infantil estadunidense, adaptado em um filme em 1939, O Mágico de Oz. Minha família é obcecada nesse filme, especialmente, a minha mãe. Assim que soube que estava grávida de mim, ela comprou um livro sobre essa história, cheio de ilustrações coloridas e ainda com efeitos sonoros. Eu cresci sonhando com o mundo além do arco-íris

 No final desse mês, vai ser lançada a segunda parte do filme Wicked, que se passa nesse mesmo universo. Wicked é, originalmente, um livro, também norte-americano. Só que escrito por outro autor muitos anos depois, que foi adaptado como musical. A história é centrada principalmente na Elphaba, a Bruxa Má do Oeste. Ela é a grande vilã na narrativa da Dorothy, protagonista do O Mágico de Oz.

Grande parte da história de Wicked se passa na Universidade de Shiz. No livro, a Elphaba começa uma iniciação científica com o Doutor Dillamond, que conduz experimentos para entender diferenças biológicas entre humanos, animais e Animais. Os Animais, com letra maiúscula, são animais que falam e com comportamentos antropomorfizados, como o próprio Doutor Dillamond que é um bode. O objetivo da sua pesquisa é mostrar que não há fundamento científico para a grande repressão que os Animais estão enfrentando neste momento na história de Oz. A cada dia, eles perdem violentamente mais direitos e enfrentam ameaças sérias de existência. 

Além de ativista pelo direito dos Animais, Elphaba entra nesse estágio com Doutor Dillamond na intenção de trilhar sua própria pesquisa feminista sobre a diferença entre os sexos. Ela quer investigar se existe uma diferença no nível celular entre homens e mulheres e reivindicar por mais direito às mulheres. Por coincidência ou influência de ter crescido imersa nessa fantasia, acabei compartilhando interesses de pesquisa com a Bruxa Má do Oeste. Durante o mestrado, me debrucei sobre a pergunta se o sexo da célula faz diferença. Especificamente, no contexto da pesquisa biomédica com células-tronco, refletindo sobre caminhos para endereçar interesses das mulheres nas tecnologias de saúde.

Em Oz, Elphaba não chega a iniciar sua pesquisa. Ela rompe com todas as instituições, desde a universidade ao governo, e se refugia em uma vida em isolamento. O ápice do musical é esse momento que ela decide desafiar tudo e a todos, inclusive a gravidade. Felizmente, fora de Oz, pude perseguir a pergunta de pesquisa da Bruxa Má do Oeste, orientada pela professora Daniela Manica. O que eu encontrei, eu conto na série de podcast “Feminista In Vitro”, que vai ser lançada pelo Podcast Mundaréu em 18 de fevereiro de 2026. No lugar da gravidade, eu desafiei a realidade e a ciência. Em vez de alçar voo, embarquei em uma viagem pela célula. Você vem comigo?

Legenda da imagem: Colagem digital com imagens da Elphaba e da identidade visual da série Feminista In Vitro

Créditos da imagem: Fernanda Mariath

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