Por favor, não me interpretem mal por causa do título desse post, tudo será explicado ao longo do texto.
De modo geral, as mulheres são mais “conservadoras” em relação às operações financeiras. É o que diz um estudo publicado em 1999 que analisou os resultados de 150 estudos que avaliaram a tendência de homens e mulheres em relação à tomada de decisões que envolviam riscos financeiros.
Essas diferenças entre homens e mulheres em evitar operações financeiras de maior risco podem também ser associadas às diferenças observadas nas escolhas de carreira. Nas instituições de ensino analisadas 37% das mulheres estudantes de MBA escolheram carreiras que tinham maior risco associado (como bancos de investimento ou mercado de ações) contra 57% dos estudantes homens. Apesar de se considerar sempre os fatores sociais e culturais, se acredita que as diferenças biológicas entre os sexos podem desempenhar um papel importante nessas diferenças comportamentais.
Dentre essas diferenças biológicas a testosterona, ou “hormônio masculino”, se destaca. Níveis mais altos de testosterona em homens podem resultar em diferenças comportamentais e de aprendizado, e já foi demonstrado em outros trabalhos que a testosterona aumenta a motivação para competição e dominância, diminui a sensação de medo e altera o equilíbrio entre a sensibilidade entre punição e recompensa. Prá completar a testosterona também já foi associada a comportamentos tidos como de alto risco, como jogatina e abuso de álcool.
O fato de esse hormônio influenciar as decisões de risco no mundo financeiro ou em outros aspectos econômicos que envolvam tomada de riscos ainda é controverso no mundo atual e um novo estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences traz mais alguns dados referentes à essa questão.
Cientistas da Universidade de Chicago investigaram diferenças entre homens e mulheres em relação à aversão a riscos financeiros verificando as concentrações salivares de testosterona em mais de 500 estudantes de MBA.
Apesar de não terem encontrado nenhuma variação entre os homens (nós homens realmente não temos graça nenhuma), no caso das mulheres os níveis mais altos de testosterona circulante foram associados a uma menor aversão ao risco financeiro. Ainda nesse estudo, os níveis de testosterona e a aversão ao risco foram bons indicadores para se predizer as escolhas de carreira dentro da área financeira.
Ou seja, de acordo com os dados desse estudo norte-americano podemos concluir que as mulheres que têm mais testosterona (por isso a brincadeira com o “mulher-macho”) adquirem uma abordagem mais agressiva em relação à condução de sua carreira, algo que ainda é visto como característico dos homens (e que eu acho que vai cair por terra logo logo).
Aguardem mais textos falando sobre as maravilhas (ou não) que a testosterona pode fazer por você, seja homem, seja mulher!
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ps: Esse deve ter sido o texto mais curto que já escrevi até hoje. Achei tão estranho quanto vocês, mas não reparem, a causa é simples: são 4h da manhã e escrevi logo depois de entregar (FINALMENTE!) minha tese de Mestrado!
Byrnes, J., Miller, D., & Schafer, W. (1999). Gender differences in risk taking: A meta-analysis. Psychological Bulletin, 125 (3), 367-383 DOI: 10.1037/0033-2909.125.3.367
Sapienza, P., Zingales, L., & Maestripieri, D. (2009). Gender differences in financial risk aversion and career choices are affected by testosterone Proceedings of the National Academy of Sciences DOI: 10.1073/pnas.0907352106