Nobel de química 2015 em infográficos

nobel-quimica-pt12911

Muita coisa depende do DNA. Ele guarda informação para fazer proteínas, e isso ele faz nossa vida inteira. E além de ter que durar muito ele ainda se estressa demais, porque cada vez que a célula vai se duplicar, o DNA tem que separar as suas fitas e fazer uma cópia de cada. Quando vai mandar a mensagem pra fazer proteínas, ela se abre para copiar o pedaço que interessa. Esse abre e fecha vai danificando o pobre do DNA. Além disso ainda tem radicais livres e radiações como a UV que detonam ainda mais a pobre da molécula.

Se não tivesse como arrumar, o DNA se desfaria rapidinho. E quando isso acontece os resultados podem ser dois: câncer ou envelhecimento precoce.

Mas calma, temos os ganhadores do Nobel de química de 2015 para nos ajudar! Eles descobriram mecanismos de reparo que as células têm para corrigir os erros.

E cada um descobriu um tipo de reparo, já que pra cada tipo de dano tem um tipo de reparo. É como um carro que se levou uma batida você leva no funileiro, se for motor, no mecânico, e se for elétrico, só resolve uma autoelétrica. No caso do DNA os danos são reparo por excisão de bases (base excision repair), reparo por mau pareamento (mismatch repair), e reparo por excisão de nucleotídeos (nucleotide excision repair).

O infográfico que eu fiz alí acima mostra quem descobriu qual tipo de reparo. Claro que tem muito mais gente pesquisando sobre isso. Aliás, qualquer coisa sobre câncer pode apostar que tem muita gente pesquisando, porque é um assunto importante, complexo e muito interessante.

A própria organização do prêmio Nobel fez esquemas para mostrar como funciona cada tipo de reparo, o que eu achei bem legal da parte deles.

base excision repair

mismatch repair

nucleotide excision repair

E aqui um infográfico de um site muito bacana, o Compound Interest, que só faz infográficos de química. Muito bons e nada chatos, mas em inglês.

2015-Nobel-Prize-in-Chemistry

Publicado originalmente em inglês no blog do Mind the Graph

Saiba mais:

Reportagem da Revista FAPESP

http://www.compoundchem.com/nobel2015/

Nobelprize.org

Ferramente de infografia que usei: Mind the Graph

Faça infográficos perfeitos para área de biomed

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Mind the Graph

Aqui vai uma dica preciosa para quem quer fazer uma ciência mais bonita, mais descolada e mais design. E mais fácil e rápida de ser entendida também:

USE INFOGRÁFICOS!!!

Use nas apresentações, nos posteres em congressos, nas aulas, na tese e nos seus artigos científicos também. Economize o tempo das pessoas em entender e deixe o mundo mais bonito.

Se você é da área de biomédicas tenho uma dica melhor ainda: uma ferramenta online que tem todas as ilustrações e templates que você precisa. É a Mind the Graph. Uma startup 100% nacional com uma qualidade excelente, vários templates e milhares de ilustrações altamente personalizáveis. Troque cores, estilos e formatos das células, por exemplo.

O banco de imagens não pára de crescer, e aqui eu selecionei as que eu achei mais  interessantes.

Cientista em pose like a boss

like a boss science
Yeah, science!

Giardia, um clássico das aulas de biologia

Pesquise no google por PAREIDOLIA
Pesquise no google por PAREIDOLIA

CUIDADO! Isso é uma prensa!

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Ei! Isso tá gelado!

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Olha o passarinho… er… quer dizer…

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Faça uma história em quadrinho

Usar cocaína causa euforia e poderes mediúnicos

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=ukJyP5np9fg” title=”Tutorial%20on%20how%20to%20create%20infographics%20for%20Life%20Science%20and%20Health.”]

 

Disclaimer: Eu já comi churrasco na casa do sócio do Mind the Graph, ou seja, sou seu amigo. E também escrevo para o blog da empresa. Se agora você desconfiou de mim, entre lá e dê uma olhada para tirar a prova.

Divertida MENTE, COCÔlorido e camisinhas brochantes

Neste episódio: Divertida MENTE, COCÔlorido e camisinhas brochantes.

Cocô e camisinha que se colorem quando detectam alguma doença. Bacana né? Ah, mas sei lá, só sei que existe.

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=VoflVBNu4U0″]

 

Se não acredita no que dissemos, ÓTIMO! Você aprendeu algo. Mas para provar, seguem as referências:

Deixe seu filho ficar triste
http://vida-estilo.estadao.com.br/blo…

Conheça os vencedores desta edição do Prêmio Jovem Cientista
http://www.cnpq.br/web/guest/noticias…
/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/­2596513

Raymond Wang, Nicole Ticea Win Top Intel Science Fair Awards
http://www.huffingtonpost.ca/2015/05/…

Cocô colorido
http://www.echromi.com

http://mulher.uol.com.br/comportament…

Estudantes criam camisinha que muda de cor ao detectar doença sexualmente transmissível
http://oglobo.globo.com/sociedade/sau…

Pílula de glitter
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/v…

Seja o dono de uma grande farmacêutica, seu porco capitalista!

Algumas das coisas mais odiadas no mundo atualmente:

As duas primeiras não precisamos explicar, mas é da última que vamos falar aqui.

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=85I89ZrwIfU”]

 

Saiu um jogo de simulação [tipo SimCity lembra?] chamado Big Pharma, que coloca o jogador no comando de uma dessas indústrias. Estas são tão criticadas por tocarem em uma lógica meio absurda que traz desconfiança nas pessoas: quanto mais doentes, quanto mais doenças, melhor para os negócios.

Por isso pessoas se revoltam, gritam que essa indústria é sádica; que só trata doenças de pessoas e países ricos; que usa pobres como cobaias; que sabota tratamentos naturais/alternativos/caseiros; e que faz remédios que só servem para piorar as pessoas, como os quimioterápicos, e fazê-las comprar mais remédios.

Essas acusações são verdadeiras? Assim como com a Dilma e o Fernando, nem todas. Quimioterapia não é feita para debilitar mais ainda o paciente, e a sabotagem não é tão conspiratória como se pensa, mas essas indústrias não são santas, claro.

A dúvida que o jogo traz é: se essas pessoas que criticam estivessem no lugar do empresário dono da indústria, o que fariam no lugar dele? Deixariam de lucrar com ricos para fazer remédios baratos para pobres? Deixariam de sabotar seus concorrentes?

Bom, talvez só jogando para saber.

 

Vi no BoingBoing

 

Achei um otimista da ciência brasileira: Stevens Rehen

Nessa crise é difícil ser otimista com a ciência brasileira. Mas eu achei um e ele não está no governo!
Para ele, a ciência no Brasil não é das melhores porque somos uma nação nova, mas vai melhorar.
Stevens Rehen é um pesquisador reconhecido, faz minicérebros e investe boa parte do seu tempo em divulgação científica.

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=ET8l_VKD5ZQ”]
Tudo sobre ele aqui: http://stevensrehen.blog.uol.com.br/
No twitter: @stevensrehen
No facebook: https://www.facebook.com/stevens.rehen

Citado no episódio:

https://www.youtube.com/user/nerdologia

https://www.youtube.com/user/minutosp…

Fraude científica: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/n…

Aprenda a duvidar de tudo com Suzana Herculano-Houzel (parte 1 de 2)

Ela duvidou de tudo, inclusive do mais básico que ensinam na faculdade, e por isso acabou virando uma grande cientista.
Aqui, Suzana Herculano-Houzel faz um apanhado geral das suas pesquisas mais bacanas.

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=416gkcfzjow”]

 

Gravado durante a IBRO2015: http://ibro2015.org/

Todas as informações sobre a Suzana aqui: http://www.suzanaherculanohouzel.com/

Ela é super atuante no Facebook: https://www.facebook.com/suzana.hercu…

A primeira brasileira no TED global:
http://www.ted.com/talks/suzana_hercu…

Guerra de esperma humano

Imagem: Young man is sitting in bed and watching pornography on laptop. LoloStock/Shutterstock
Imagem: Young man is sitting in bed and watching pornography on laptop. LoloStock/Shutterstock

Calma, isso não é um filme pornô, mas sim algo comum em diversas espécies, que é a batalha pela fecundação.
Cada um tem uma estratégia: aranhas perdem o pênis na fêmea fazendo um tampão para outro macho, vermes ejaculam em maior volume quando tem um macho competidor por perto, e por aí vai.
Em humanos é difícil de estudar isso, e você deve imaginar porque, certo?

Mas os cientistas deram um jeito: Dar um potinho para os rapazes e apresentar um vídeo pornô por 6 vezes (dias diferentes, claro), sempre com a mesma atriz. Mesmos atores em cenas diferentes. A sétima vez é que era com uma nova atriz (não virava um ménage, só trocavam a atriz).

Desta vez, com a mulher diferente, os espermatozóides são melhores e em maior quantidade que das vezes anteriores!
Poder ser uma estratégia para aproveitar a chance de engravidar uma mulher diferente da que você está acostumado? Difícil provar essas estratégias evolucionárias, mas é bacana ver que os humanos não estão fora da guerra de esperma.

Só tome cuidado ao usar este argumento quando você for pego pela oficial pulando a cerca. Apelar para o “dar uma variada é natural” é uma falácia naturalista e não tem nada a ver com o contrato que você fez com a sua digníssima. Variar pode ser bom pra todos, mas de comum acordo.

PS1: o trabalho não fala quais foram as atrizes envolvidas. Uma falha na descrição da metodologia, a meu ver.

PS2: desculpe ficar repetindo “guerra de esperma”. Sei que a imaginação nos trai nessa hora.

 

Fonte:
Men – Here’s How A New Woman Alters Your Ejaculations

Artigo:
Joseph, P., Sharma, R., Agarwal, A., & Sirot, L. (2015). Men Ejaculate Larger Volumes of Semen, More Motile Sperm, and More Quickly when Exposed to Images of Novel Women Evolutionary Psychological Science DOI: 10.1007/s40806-015-0022-8
Dica de livro:
Guerra de esperma

Post no Scienceblogs:
O carnaval do século XVIII – parte 1

Você o estudou mas ele NÃO EXISTE: o mesossomo

miniatura mesossomo

É incrível, descobriram que o mesossomo não existe desde o final dos anos  70 e ele ainda é ensinado e está em todos os livros didáticos!

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=j-w1o4OPk0U” title=”mesossomo%20não%20existe”]

Dane-se água em Marte, nasceram quíntuplos!

Adaptada de Letícia Macedo/G1
Adaptada de Letícia Macedo/G1

Descobriram que pode ter água líquida em Marte! E não foi ALGUÉM, mas sim um robô do tamanho de um fusca, que desceu lá por um guindaste a jato.

Só que nada disso importa, porque o importante é que nasceram QUINTUPLOS aqui no Brasil!

Gente, que coisa maravilhosa! Cinco bebês dentro da mesma barriga! Que coisa misteriosa e maravilhosa!

Não importa que água líquida seja uma das pistas mais importantes para se achar vida fora da Terra, o importante é saber se todos nasceram bem. Quantos meninos e meninas? Qual o peso deles? Oh, uma tem apenas 500 gramas mas sobreviveu, que valente!

Em Marte descobriram alguns números interessantes também. Se você pegar um metro cúbico de terra de lá, dá pra extrair 6 canecas de água dela. Ou seja, parece um desertão mas tem água. E essa água não congela porque tem muito sal, não o nosso sal do mar, mas um outro sal, que não deixa a água congelar mas não deixaria nenhum ser vivo nosso conhecido sobreviver lá também.

Então se não tem nada vivo em Marte AINDA, vamos comemorar a vida que existe aqui na Terra: QUINTUPLOS!!! Ô benção.

 

[Desculpem o sarcasmo, mas ontem vendo jornais na TV vi só uma notinha sobre marte em 1 (hum) jornal (SBT), mas a notícia dos quíntuplos teve minutos preciosos de horário nobre em 4 (cuatro) jornais, com repórter entrevistando o pai que dizia “ainda estar em outro planeta”. Pena esse planeta não ser Marte.]

 

Links:
No Estadão: http://ciencia.estadao.com.br/noticias/geral,cientistas-encontram-indicios-de-agua-liquida-em-marte,1669046

Na Galileu: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI343184-17770,00-NASA+REVELA+DESCOBERTA+DE+AGUA+EM+MARTE.html

No The Guardian: http://www.theguardian.com/science/2015/apr/13/nasas-curiosity-rover-finds-water-below-surface-of-mars

O artigo na Nature Geoscience:

ResearchBlogging.org
Martín-Torres, F., Zorzano, M., Valentín-Serrano, P., Harri, A., Genzer, M., Kemppinen, O., Rivera-Valentin, E., Jun, I., Wray, J., Bo Madsen, M., Goetz, W., McEwen, A., Hardgrove, C., Renno, N., Chevrier, V., Mischna, M., Navarro-González, R., Martínez-Frías, J., Conrad, P., McConnochie, T., Cockell, C., Berger, G., R. Vasavada, A., Sumner, D., & Vaniman, D. (2015). Transient liquid water and water activity at Gale crater on Mars Nature Geoscience DOI: 10.1038/NGEO2412

Relatório do clima do IPCC tem que ser mais social

david parkins
imagem David Parkins

 

Ok, já sabemos que o aquecimento global existe, é causado por nós e que muita gente vai se dar mal no futuro se não fizermos nada. Isso os relatórios do clima do IPCC deixam bem claro. Eles também dão dados, tabelas, gráficos, limites de quanto CO2 ainda podemos gastar, etc.

Mas algumas coisas eles não nos dizem, como de que jeito implantar mudanças na sociedade para resolver o aquecimento?

Só saber o que está errado, e até indicar uma solução para o problema, não garante que as pessoas vão partir para a ação e resolvê-lo. As pessoas e os governos simplesmente não funcionam assim.

Por isso é importante que daqui para frente esses relatórios tenham mais participação de cientistas sociais, porque eles estudam pessoas, sociedades e suas relações.

Saiu um comentário na Nature falando sobre isso. É de um dos raríssimos cientistas políticos que participaram deste último relatório do IPCC, por isso ele sabe como a coisa funcionou por dentro. Ele conta que só uma área das ciências sociais estava bem representada: a economia. Outras áreas como sociologia, ciência política e antropologia tem que estar juntas e misturadas com a física e economia.

E tem um bom motivo para as ciências sociais ficarem de fora disso, e o motivo é que elas tocam em polêmicas que muitos querem evitar. A gente tem que lembrar que o IPCC está num cabo de guerra entre a ciência e a diplomacia, e por isso não basta um dado estar cientificamente certo para ser apresentado. Ele tem que ser um consenso político, e é aí que o bicho pega, porque cada país tem um interesse diferente sobre o mesmo dado. Por exemplo, alguns dos maiores poluidores são países emergentes, que poluem justamente porque estão emergindo, enquanto os países desenvolvidos já se desenvolveram, já poluíram, e podem se dar ao luxo de reduzir. Então de quem é a culpa do aquecimento? Quem tem mais responsabilidade para resolver? Como convencer pessoas a agir agora para evitar um mal futuro?

Ao tentar fugir desse tipo de polêmicas políticas e comportamentais, o IPCC perde força. Afinal, o objetivo é resolver o problema, e não fazer relatórios eternamente.

É isso que a imagem que ilustra este post, tirado do comentário da Nature, representa. Genial o desenho, né? A ciência tem que cair fundo na sociedade.

Mas só colocar cientistas sociais não vai resolver o problema, porque pessoas e sociedades são as coisas mais complexas de se estudar, e mesmo dentro de cada área dessas ciências  tem muita discordância. A ajuda que as sociais podem trazer é justamente focar e direcionar essas polêmicas, já que elas estão acostumadas com isso e também porque que acabam sendo as polêmicas do IPCC em alguma escala.

O importante é deixar de fugir de polêmicas e tentar resolver. É pra pegar a polêmica e pôr uma melancia na cabeça dela pra todo mundo ver, e chamar os cientistas sociais para tentar solucionar. Uma ideia é fazer relatórios paralelos focando nesses problemas e entregar para cientistas sociais de todo o mundo discutirem de forma independente.