Seja o dono de uma grande farmacêutica, seu porco capitalista!

Algumas das coisas mais odiadas no mundo atualmente:

As duas primeiras não precisamos explicar, mas é da última que vamos falar aqui.

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=85I89ZrwIfU”]

 

Saiu um jogo de simulação [tipo SimCity lembra?] chamado Big Pharma, que coloca o jogador no comando de uma dessas indústrias. Estas são tão criticadas por tocarem em uma lógica meio absurda que traz desconfiança nas pessoas: quanto mais doentes, quanto mais doenças, melhor para os negócios.

Por isso pessoas se revoltam, gritam que essa indústria é sádica; que só trata doenças de pessoas e países ricos; que usa pobres como cobaias; que sabota tratamentos naturais/alternativos/caseiros; e que faz remédios que só servem para piorar as pessoas, como os quimioterápicos, e fazê-las comprar mais remédios.

Essas acusações são verdadeiras? Assim como com a Dilma e o Fernando, nem todas. Quimioterapia não é feita para debilitar mais ainda o paciente, e a sabotagem não é tão conspiratória como se pensa, mas essas indústrias não são santas, claro.

A dúvida que o jogo traz é: se essas pessoas que criticam estivessem no lugar do empresário dono da indústria, o que fariam no lugar dele? Deixariam de lucrar com ricos para fazer remédios baratos para pobres? Deixariam de sabotar seus concorrentes?

Bom, talvez só jogando para saber.

 

Vi no BoingBoing

 

Guerra de esperma humano

Imagem: Young man is sitting in bed and watching pornography on laptop. LoloStock/Shutterstock
Imagem: Young man is sitting in bed and watching pornography on laptop. LoloStock/Shutterstock

Calma, isso não é um filme pornô, mas sim algo comum em diversas espécies, que é a batalha pela fecundação.
Cada um tem uma estratégia: aranhas perdem o pênis na fêmea fazendo um tampão para outro macho, vermes ejaculam em maior volume quando tem um macho competidor por perto, e por aí vai.
Em humanos é difícil de estudar isso, e você deve imaginar porque, certo?

Mas os cientistas deram um jeito: Dar um potinho para os rapazes e apresentar um vídeo pornô por 6 vezes (dias diferentes, claro), sempre com a mesma atriz. Mesmos atores em cenas diferentes. A sétima vez é que era com uma nova atriz (não virava um ménage, só trocavam a atriz).

Desta vez, com a mulher diferente, os espermatozóides são melhores e em maior quantidade que das vezes anteriores!
Poder ser uma estratégia para aproveitar a chance de engravidar uma mulher diferente da que você está acostumado? Difícil provar essas estratégias evolucionárias, mas é bacana ver que os humanos não estão fora da guerra de esperma.

Só tome cuidado ao usar este argumento quando você for pego pela oficial pulando a cerca. Apelar para o “dar uma variada é natural” é uma falácia naturalista e não tem nada a ver com o contrato que você fez com a sua digníssima. Variar pode ser bom pra todos, mas de comum acordo.

PS1: o trabalho não fala quais foram as atrizes envolvidas. Uma falha na descrição da metodologia, a meu ver.

PS2: desculpe ficar repetindo “guerra de esperma”. Sei que a imaginação nos trai nessa hora.

 

Fonte:
Men – Here’s How A New Woman Alters Your Ejaculations

Artigo:
Joseph, P., Sharma, R., Agarwal, A., & Sirot, L. (2015). Men Ejaculate Larger Volumes of Semen, More Motile Sperm, and More Quickly when Exposed to Images of Novel Women Evolutionary Psychological Science DOI: 10.1007/s40806-015-0022-8
Dica de livro:
Guerra de esperma

Post no Scienceblogs:
O carnaval do século XVIII – parte 1

Relatório do clima do IPCC tem que ser mais social

david parkins
imagem David Parkins

 

Ok, já sabemos que o aquecimento global existe, é causado por nós e que muita gente vai se dar mal no futuro se não fizermos nada. Isso os relatórios do clima do IPCC deixam bem claro. Eles também dão dados, tabelas, gráficos, limites de quanto CO2 ainda podemos gastar, etc.

Mas algumas coisas eles não nos dizem, como de que jeito implantar mudanças na sociedade para resolver o aquecimento?

Só saber o que está errado, e até indicar uma solução para o problema, não garante que as pessoas vão partir para a ação e resolvê-lo. As pessoas e os governos simplesmente não funcionam assim.

Por isso é importante que daqui para frente esses relatórios tenham mais participação de cientistas sociais, porque eles estudam pessoas, sociedades e suas relações.

Saiu um comentário na Nature falando sobre isso. É de um dos raríssimos cientistas políticos que participaram deste último relatório do IPCC, por isso ele sabe como a coisa funcionou por dentro. Ele conta que só uma área das ciências sociais estava bem representada: a economia. Outras áreas como sociologia, ciência política e antropologia tem que estar juntas e misturadas com a física e economia.

E tem um bom motivo para as ciências sociais ficarem de fora disso, e o motivo é que elas tocam em polêmicas que muitos querem evitar. A gente tem que lembrar que o IPCC está num cabo de guerra entre a ciência e a diplomacia, e por isso não basta um dado estar cientificamente certo para ser apresentado. Ele tem que ser um consenso político, e é aí que o bicho pega, porque cada país tem um interesse diferente sobre o mesmo dado. Por exemplo, alguns dos maiores poluidores são países emergentes, que poluem justamente porque estão emergindo, enquanto os países desenvolvidos já se desenvolveram, já poluíram, e podem se dar ao luxo de reduzir. Então de quem é a culpa do aquecimento? Quem tem mais responsabilidade para resolver? Como convencer pessoas a agir agora para evitar um mal futuro?

Ao tentar fugir desse tipo de polêmicas políticas e comportamentais, o IPCC perde força. Afinal, o objetivo é resolver o problema, e não fazer relatórios eternamente.

É isso que a imagem que ilustra este post, tirado do comentário da Nature, representa. Genial o desenho, né? A ciência tem que cair fundo na sociedade.

Mas só colocar cientistas sociais não vai resolver o problema, porque pessoas e sociedades são as coisas mais complexas de se estudar, e mesmo dentro de cada área dessas ciências  tem muita discordância. A ajuda que as sociais podem trazer é justamente focar e direcionar essas polêmicas, já que elas estão acostumadas com isso e também porque que acabam sendo as polêmicas do IPCC em alguma escala.

O importante é deixar de fugir de polêmicas e tentar resolver. É pra pegar a polêmica e pôr uma melancia na cabeça dela pra todo mundo ver, e chamar os cientistas sociais para tentar solucionar. Uma ideia é fazer relatórios paralelos focando nesses problemas e entregar para cientistas sociais de todo o mundo discutirem de forma independente.

Pare com isso Glória Maria. Chá de ninho NÃO!

Glória maria vs andorinhao2

A pessoa tem dinheiro, educação, é uma das criaturas mais viajadas do Brasil, afinal esse é o trabalho dela, e ainda sim consegue ter um nível de ignorância extrema. Pelo menos ignorância científica.

Confiança cega por métodos velhos de tradições antigas, é uma coisa que pode ser perigosa e cruel. (Confiança cega na ciência também. Por isso fique sempre atento).

Estou falando de uma estrela da TV, mas dessa vez foi a Glória Maria (não confundir com Ana Maria) que disse não viver sem o chá de ninho de passarinho tailandês.

Esse tal ninho é feito por duas espécie de andorinhão, Aerodramus fuciphagus e Aerodramus maximus (achei fontes citando o Collocalia Fuciphaga também, mas são todos andorinhões), e é feito de baba. Isso mesmo. Não é feito de galhos e folhas: o macho da espécie produz uma baba que endurece e forma o ninho. Nojento, né?

E é disso que se faz uma sopa, que é usada pela medicina tradicional (=velha) chinesa para várias coisas: boa saúde, tratar infecções, vitalidade e, como tudo na velha medicina chinesa, vigor sexual!!! Assim como os chifres de rinocerontes, agora em extinção.

gloria angelica chá ninhoMas a Glória Maria revelou que não faz sopa, faz um chá com o ninho de baba para manter a juventude.

Nas palavras da Paulinha, minha colega que compartilhou a notícia: A mulher fala uma bizarrice dessas e todo mundo acha normal?!

Bom, nem Paula nem eu achamos normal, por isso resolvi apurar.

Infelizmente tive que assistir um trecho do programa Estrelas, com Angélica.[Pior que isso só se fosse com o marido dela.]

O vídeo tem dois pontos altos que eu vou contar para você não ter que assistir essa droga e nem dar audiência para a página que o carrega.

De onde vem esse ninho?

Olha o ninho aí
Olha o ninho aí

Glória diz, com a maior tranquilidade, que os coletores de ninhos tiram o primeiro ninho feito pelo andorinhão, que é branquinho. O bichinho fica nervoso e faz outro ninho, que sai com uma cor mais amarelada que o anterior por cauda do estresse. Aí tiram esse dele também e o passarinho faz um outro, mais escuro ainda, com toda raiva e estresse que ele tem em seu coraçãozinho. E tiram esse dele também. É este terceiro que é o “bão”, o tal elixir, produto do estresse, da tortura e do desespero de um pequeno pássaro tailandês. É este que, SEGUNDO A LENDA, sustenta a gloriosa beleza da Glória (… glória, aleluia!).

Além de estressar o bicho, é claro que uma iguaria cara como esta (que custa até 100 dólares por sopa nos Estados Unidos) gera um comércio massivo que diminuiu muito o número de ninhos e, consequentemente, de pássaros nas regiões de coleta! E só como uma cereja no bolo, muita gente morre coletando esses ninhos de paredões e cavernas.

Pior que a danadinha está com tudo em cima, hein.
Pior que a danadinha está com tudo em cima, hein.

Mas fazer o quê, né? Vale tudo para manter a beleza e o vigor sexual de uma jornalista/celebridade/viajante brasileira que acredita em clamores místicos de uma medicina sem base científica, não é mesmo? Vai um pó de chifre de rinoceronte aí?

Eles, os negros

Dizer que orientais e negros não enrugam já é um dado difícil de confirmar. Se alguém tiver algum estudo sobre isso me mande, por favor. Agora, falar que isso se deve ao ninho de passarinho é demais. Não achei registro de uso de ninho na África. E outra coisa, Glórinha: “eles” os negros? Pô, e você é o quê? Se sua pele é bonita e você não aparenta ter a idade que tem (especula-se 65) pode ser pela sua ascendência negra, querida! Sorte sua. Mas chega de comer baba de passarinho né, querida!

BÔNUS – imagem do colega @rmtakata:

Glória maria chá de ninho takata

Referências:

Recomendo muito esse vídeo engraçado (em inglês) do canal Tasted

O endereço da entrevista (tá aqui pra constar mas não clique, please):
http://gshow.globo.com/programas/estrelas/O-Programa/noticia/2014/05/gloria-maria-presenteia-eva-filha-de-angelica-com-um-vestido-de-marrocos.html

http://www.andamanadventures.com/press_articles/birds_nest_climbers_thailand.shtml

Algumas imagens e relatos sobre a sopa

 

Sobre o falecimento de César Ades.

Ontem, 14 de Março de 2012, foi confirmada a morte de César Ades em decorrência de traumatismos ocasionados por um atropelamento sofrido na região da Avenida Paulista (São Paulo, SP) na semana anterior.

Esse texto é destinado a criar um pouco mais de conteúdo a respeito dessa personalidade tão importante para a ciência brasileira, mas desconhecida do grande público. Algo que, já comentei com os colegas do SBBr, considero uma das obrigações dos divulgadores de ciência no Brasil.

Prof. César Ades (1943-2012)

César Ades era professor titular do Departamento de Psicologia Experimental da USP desde 1994 e foi um dos grande responsáveis pelo início e desenvolvimento dos estudos na área e comportamento animal no Brasil.

Participou da área acadêmica desde a metade da década de 1960, quando se formou psicólogo. Em sua longa e produtiva carreira, orientou e formou 34 mestres, 22 doutores. Além de ter publicado centenas de artigos científicos ou de divulgação científica e livros, foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Etologia.

Como parte da homenagem, indico uma entrevista para a revista Scientiae Studia em 2011. Para acessá-la é só clicar no link da referência abaixo:

KINOUCHI, Renato Rodrigues  and  RAMOS, Maurício de Carvalho. Psicologia e biologia: entrevista com César Ades. Sci. stud. [online]. 2011, vol.9, n.1, pp. 189-203. ISSN 1678-3166.

Nela, o professor César conta um pouco de sua história científica e dos momentos que o fizeram se decidir sobre sua área de pesquisa e carreira acadêmica. Achei interessante reproduzir aqui o motivo de ter feito psicologia:

“A filosofia era obviamente uma das alternativas, mas, embora me seduzisse o seu aspecto de reflexão e de análise essencial, parecia-me, na época, abstrata demais, lidava com as coisas, por assim dizer, num segundo nível de intencionalidade, a partir do pensamento de outros pensadores ou da atividade científica. Sentia-me mais atraído pela observação e manipulação diretas de fenômenos naturais. A biologia, de outro lado, parecia empírica demais e sem propostas a respeito de mecanismos mentais. Fui para o justo meio, a psicologia.”

Menciona também o início de seus estudos experimentais e sobre a publicação de seu primeiro artigo, que teve como objeto de estudo o comportamento exploratório espontâneo de ratos brancos. Também lista, com a humildade que lhe era notória, algumas de suas principais referências:

“São tantas as influências, serei muito incompleto.”

Sobre a área mais “administrativa” da academia, é interessante seu relato sobre os problemas e resistência dos colegas em sua luta para instalar uma comissão de ética em pesquisa com seres humanos quando foi diretor do Instituto de Psicologia. Ele também foi responsável pela criação, no mesmo instituto, da Comissão de Ética em Pesquisa com Animais (CEPA).

O final da conversa aborda a carreira de pesquisador, responsabilidades como cientista e sobre a satisfação proporcionada por uma vida dedicada à descoberta científica.

Resumindo, considero a entrevista uma aula para quem se interessa por ciência e pelas pessoas envolvidas nesse meio. César era um dos mestres que extrapolavam títulos e conquistas, sendo querido por todos que o conheciam.

Aproveitem para conhecer um pouco mais dessa grande personalidade da ciência brasileira e preencher um pouco do vácuo que existe sobre o nosso conhecimento de pesquisadores brasileiros importantes, mas exteriores à grande mídia.

Outras homenagens e links sobre o professor:

Currículo Lattes

César Ades na Wiki-PT (atualizada)

César Ades, psicólogo (In memorian)

Um memorial ao Cesar Ades (Ciência à Bessa)

 

Doenças psiquiátricas: uma questão de escolha

Difícil decisão hein, bichano

Muita gente tem estudado um tema na psicologia e nas neurociências que é a tomada de decisão. Basicamente é entender como o nosso cérebro, portanto nós, escolhe entre sorvete de morango ou de chocolate (você pode trocar o tema “sorvete” por emprego, namorada, Mac ou PC, casamento ou bicicleta, etc).

O interesse nessas áreas é bem claro, principalmente pro pessoal de publicidade e propaganda, economia, e essas coisas que envolvem dinheiro ou como as pessoas o gastam.

E eu me acostumei a ver esse tipo de estudo de tomada de decisão nesses temas monetários. Mas lendo um comentário de uma discussão com neurocientistas trabalhando nessa área percebi que eles têm aplicação em coisas mais importantes, como nas doenças psiquiátricas.

Uma pessoa deprimida não toma decisões como quando ela esta numa fase normal. E não só esta, mas diversas doenças são caracterizadas por pessoas tomando más decisões com relação à ansiedade e emoções. Caso clássico é o do vício, que nada mais é que um problema no circuito de recompensa e tomada de decisão no cérebro.

Agora ficou mais claro para mim como os estudos em tomada de decisão não são só uma curiosidade interessante ou uma ferramenta do marketing, mas também estão na base do entendimento das doenças psiquiátricas.

 

Vi no The Kavli Foundation

Dica do Marco Evolutivo

Hepatite C, desinformação e conscientização!

O que são as hepatites? Quem sabe o que é a hepatite C, como essa doença é contraída, quais são os sintomas? Quem sabe responder como é feito o diagnóstico da hepatice C e se existe tratamento em caso de contaminação?

Mais: quem de vocês, leitores, já fez um exame para saber se possui essa doença ou outra hepatite?

Algumas das perguntas acima são parte de um panorama preocupante delimitado pelo Instituto Datafolha em uma pesquisa conduzida a pedido da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH). Os dados referentes Às respostas de 1137 pessoas de 11 regiões metropolitanas brasileiras foram apresentados hoje no XXI Brasileiro de Hepatologia realizado em Salvador (Bahia) e resumem a falta de conhecimento sobre o tema.

Apesar de a Organização Mundial de Saúde considerar a hepatite causada pelo tipo C do vírus a principal pandemia mundial, com aproximadamente 170 milhões de pessoas infectadas, mais da metade dos entrevistados (51%) não soube definir “o que é hepatite C” e a grande maioria (84%) não fez um único teste para detectar a doença.

Considerando que a SBH estima que existam entre 3 e 4 milhões de brasileiros portadores do vírus da hepatite C, melhorar o conhecimento de todos é fundamental. Desse modo, aqui vai uma singela contribuição acompanhada de um “puxão de orelha”:

O que são hepatites?

As hepatites são inflamações do fígado causadas por diversos fatores, desde genéticos a uso de medicamentos ou, como é o caso do motivador desse post, infecções virais. No Brasil os vírus causadores de hepatites mais comuns são os tipos A, B e C, mas também existem os vírus D e E.

Como desconfio que posso estar infectado? Quais os principais sintomas e como é o exame para detecção?

Sem frescura que é só uma agulhinha!

Esse é o grande problema: em geral, as hepatites são doenças silenciosas e geralmente quando os sintomas aparecem a doença já está em um estágio avançado, sendo essa a importância de se fazer exames regulares e evitar situações de contágio. Alguns dos sintomas são febre, dor abdominal, vômitos, fezes esbranquiçadas e urina escura, sendo que os dois últimos são um forte indicativo de problemas no fígado.

A boa notícia: uma simples coleta de sangue já fornece material suficiente para realizar todos os exames de detecção!

Quais as causas de transmissão?

Apesar de se associar rapidamente a hepatite C às demais doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), fazer sexo sem proteção com alguém infectado é uma das formas mais raras de transmissão, bem como em transfusões de sangue (ao contrário do que ocorria a alguns anos). Claro que isso não diminui EM NADA a importância de se fazer sempre sexo seguro. Outro modo de contágio é a transmissão de uma mãe infectada durante a gravidez, mas o grande risco está no compartilhamento (consciente ou não) de material para uso de drogas (como seringas e agulhas) e de higiene pessoal.

O material de higiene pessoal merece atenção especial pois chegamos ao ponto em que não existe mais a desculpa de um “grupo de risco”. Todos usamos esses materiais e precisamos ter cuidado de nunca compartilhá-los. Alguns exemplos:

  • Lâminas de barbear/depilar.
  • Alicates de unha e outros objetos cortantes ou que entrem em contato com regiões que possam ter sido cortadas por outro instrumento, como aquele palitinho usado por manicures ou o potinho de água morna usado para “amaciar” as cutículas.
  • Escovas de dentes.
  • Material para confecção de tatuagem e colocação de piercings.

Os itens acima mostram uma verdade incontestável: todos estamos vulneráveis, por isso conhecer essa doença, suas formas de contágio e prevenção é essencial. Também é importante conscientizar crianças e adolescentes sobre o fato, uma vez que as meninas iniciam suas visitas aos salões de beleza cada vez mais cedo. Tatuagens e piercings também têm se tornado mais comuns em gente mais nova, o que é outro motivo de se conversar seriamente a respeito com que tenha vontade de fazer um dos dois.

Educar crianças e adolescentes sobre o risco de contrair essa doença é obrigação de todos os pais, mães, familiares e professores. Fazer o teste para saber se está saudável, também é!

Links interessantes:

Hepatice C no site do Ministério da Saúde – http://www.aids.gov.br/pagina/hepatite-c

Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) com teste rápido para hepatites virais – http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/page/2010/43925/cta_testerapido_hv_pdf_95624.pdf

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Controle mentes usando algas, vírus e laser

Essa é uma daquelas técnicas que pode gerar polêmicas, e só não gerou ainda porque não caiu nas graças dos jornalistas mais sensacionalistas. A optogenética é um jeito de ligar e desligar neurônios apontando para eles um laser. Não tão simples assim, porque você tem que injetar no cérebro a ser testado um vírus que leva para dentro dos neurônios desejados o gene que vai virar a proteína sensível a luz.

Veja o video:

Essa proteína vem de algas e responde a laser, e dependendo de quais neurônios a produzirem ela pode ativá-los fazendo por exemplo o camundongo do vídeo sair correndo, a mosca tentar voar, o verme parar de se mover, sempre que o laser os atingír.

Isto pode ser usado para controlar o ritmo de células cardíacas e os movimentos de células da pele, como mostrado mais ao final do vídeo.

Mas além de permitir controle, a optogenética é uma ferramenta para estudar as ligações entre os neurônios e revelar os circuitos que formam o cérebro, esses sim o Santo Graal da neurociência.

Não precisamos nos preocupar com controle mental por enquanto, estão longe disso, mas isso me faz perguntar se aquele cabo do filme Matrix era um cabo de fibra óptica.

 

Dica do Felipe do Psicológico

Computação Natural – Inspirando-se na Natureza para resolver problemas

Nature_VS__Technology_by_paskoff

[Perca a timidez e mande também seu post para o RNAm. Mande email pela página de contato]

– Post escrito por Daniel Ferrari

Olá para todos, eu me chamo Daniel, sou formado em ciência da computação, fiz meu mestrado em sistemas inteligentes, e atualmente estou tentado fazer doutorado. Fui convidado pelo Rafael para escrever um pouco sobre a área na qual realizo minhas pesquisas: a computação natural; mas primeiro vamos falar rapidamente sobre ciência da computação.

clip_image001A ciência da computação é responsável por estudar algoritmos para resolução de problemas, utilizando o computador como ferramenta no processo. Mas, o que é um algoritmo? O algoritmo é um procedimento detalhado que diz ao computador o que fazer para resolver um problema. Por exemplo, como fazemos para somar os números de 1 a 10? Uma pessoa pode fazer de cabeça ou usar uma calculadora, mas o computador precisa de um procedimento para resolver este problema. Este é um caso simples, mas imaginem a sofisticação do algoritmo do Google para realizar pesquisas tão rápidas e precisas na imensidão e confusão da internet. Este algoritmo é um segredo bem guardado.

Bom, voltando ao nosso assunto, a computação natural é uma linha de pesquisa da ciência da computação fortemente ligada à natureza, utilizando-se de fenômenos naturais como inspiração para desenvolvimento de algoritmos, ou criando algoritmos para simulação destes fenômenos, ou até mesmo usando materiais naturais para realizar computação.

A área que tenho mais contato é a pesquisa e desenvolvimento de algoritmos inspirados na natureza ou bio-inspirados. Aqui, os pesquisadores observam o comportamento dos fenômenos naturais e se utilizam desta observação como inspiração para novas formas de abordagem aos problemas. Como o próprio termo sugere a inspiração não quer dizer que o fenômeno é reproduzido, mas serve como base para novas ideias e pode fornecer diferentes visões de um problema.

clip_image003Para dar um exemplo de como a observação inspira um algoritmo vou falar das formigas. Todos as conhecem, sabem do que são capazes na sua cozinha e como são persistentes, e também podemos ver que são indivíduos simples que executam tarefas complexas. As formigas são capazes, dentre muitas outras coisas, de encontrar o melhor caminho entre uma fonte de alimento e o ninho. Elas realizam esta tarefa através de uma varredura do ambiente que é direcionada pela da comunicação entre as formigas.

Este comportamento, em particular, inspirou pesquisadores a desenvolver o algoritmo ACO (Ant Colony Optimization) que pode ser aplicado em problemas de roteamento de veículos. Para eu e você é como encontrar o caminho de casa até o trabalho, para uma empresa é qual é a melhor rota para entregar seus produtos. Pelo dinamismo inerente ao comportamento das formigas, o algoritmo é capaz de se ajustar a obstáculos durante o trajeto, como vias interditadas ou até mesmo tráfego intenso, basta fornecer as informações necessárias.

Existem muitos, mas muitos, algoritmos bio-inspirados alguns famosos e outros nem tanto. Redes neurais artificiais, algoritmos genéticos, sistemas imunológicos artificiais, algoritmos de enxames (abelhas, formigas, morcegos, baratas, etc.), inteligência coletiva, sistemas nebulosos (fuzzy systems), química artificial; estes são alguns exemplos de áreas de pesquisa de algoritmos bio-inspirados.

Utilizar o computador para simular a natureza, podemos dizer que é algo que já estamos mais habituados a ouvir. Os computadores ajudam pesquisadores desta área a compreenderem melhor a natureza, seus fenômenos, suas particularidades e seus perigos. Podemos ver isso em ação no jornal diário com a previsão do tempo, em simulações de furacões, e outras tentativas de se prever o comportamento da natureza. Mas o que mais pode ser simulado e para quê?

A computação gráfica se utiliza de algoritmos para simulação de movimento de animais e desenho de formas. Um dos algoritmos que acho mais interessantes é responsável por simular a movimentação em enxame ou bando (insetos, pássaros, peixes, espermatozoides, etc.) e é conhecido como algoritmo de boids. Este algoritmo possui regras básicas que atuam em cada um dos indivíduos, que na coletividade se comportam com uma massa coesa em continua movimentação. Outra área muito interessante de simulação são os fractais utilizados para desenhar formas naturais como plantas, linhas costeiras, nuvens, montanhas; vejam este vídeo bem interessante sobre o assunto.

Já, a computação com materiais naturais é relativamente nova e tenta “contornar” a Lei de Moore, que já foi comentada aqui anteriormente. Os processadores são feitos baseados em silício e este material tem um limite físico de miniaturização, então os cientistas começaram a pensar em outros materiais e formas para realizar computação. Duas linhas são fortes nesta área: computação molecular e a computação quântica. O conhecimento molecular e quântico não me é tão familiar assim, mas vou tentar passar uma ideia.

clip_image004A computação molecular utiliza técnicas desenvolvidas na biologia molecular para resolver problemas, ou seja, as moléculas são a memória e o processador de um computador. Acredito que a área mais forte nesta linha é a computação com DNA, mas já vou deixar claro aqui que não é, necessariamente, utilizando o DNA. A ideia é usar a base quaternária (A, C, T, G) ao invés da base binária dos computadores, para desenvolver algoritmos, onde as operações são procedimentos de laboratório biol
ógico (PCR, sequenciamento, etc.) e tudo ocorrendo dentro de um tubo de ensaio.

É óbvio dizer que a computação molecular tem muitos desafios a serem superados, como a reutilização das moléculas e até mesmo custo destes procedimentos, mas eu acho que esta área pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos mais eficientes, remédios mais eficazes, e até mesmo cooperar na compreensão da interação das moléculas nos organismos. Outro trunfo desta área está no imenso paralelismo das reações moleculares que reduz o tempo de resposta aos problemas que são extremamente complexos.

clip_image006O computador quântico baseia-se na mecânica quântica, devo confessar que é algo tirado de um filme de ficção, já tive algumas aulas sobre o assunto que sempre me deixam um pouco confuso. A ideia é usar átomos (elétrons, fótons, nêutrons, entre outros) para computar, ou seja, ao invés de usarmos os bits tradicionais passaremos a usar os bits quânticos (qubits). O bit sempre é “0” ou “1”, já o qubit pode ser “0” ou “1” ou uma sobreposição. Para tentarmos entender melhor esta dualidade temos o paradoxo do gato de Schrödinger, que diz que um gato em uma caixa com veneno é dado como vivo e morto ao mesmo tempo até que ele seja observado e seu estado definido como vivo ou morto.

A dificuldade de trabalhar em escala atômica é controlar e observar estes átomos, o LHC (Large Hadron Collider) já mostra o grande desafio que é trabalhar em escalas tão pequenas, muitos menores que uma célula. Mas mesmo assim, a computação quântica tem atraído muitos pesquisadores através de simulações quânticas nos computadores atuais. Isto é, os algoritmos quânticos estão sendo simulados em computadores de silício permitindo que pesquisadores estudem o software antes do hardware existir. As simulações também ajudam os pesquisadores a pensar como será um computador quântico, sua viabilidade, seu funcionamento, e tudo mais que envolve o desenvolvimento de uma nova tecnologia.

Bom pessoal, isto é a computação natural, uma linha de pesquisa interdisciplinar que buscas novas formas de resolver antigos e novos problemas. Se algum dia você encontrar uma criança observando as formigas ou uma revoada de pássaros, lembre-se de que você pode estimulá-lo a se tornar um pesquisador. Espero ter colocado uma pulga atrás da orelha de alguns, caso queriam saber mais fica a dica de dois livros para iniciação na área: Computação Natural – Uma Jornada Ilustrada e Biologia Digital.

Até a próxima.

O que rolou na ciência HOJE: 14 de Abril

Nobel_Laureates_von_Frisch_Lorenz_Tinbergen.jpgAgora pra não confundir Lorenz com Tinbergen..

1892 – A General Electric Company é criada com a fusão da Edison General Electric Company and the Thomson-Houston Company.[A GE é talvez a maior empresa de tudo-que-se-pode-usar-num-lab-e-fora-dele. Desde aparelhos megacomplexos até reagentes e kits]

1912 – O navio RMS Titanic naufraga por volta das 02h20min após chocar cerca de três horas antes com um iceberg no Atlântico Norte.[“Nem deus afunda este navio” disse o engenheiro. E não afundou mesmo, afinal foi um iceberg]

1923 – A insulina se torna disponível para uso em larga escala por pacientes que sofrem de diabetes. [Era ainda purificada de vacas. Hoje em dia ela é produzida por células transgênicas – muito mais barata e segura por isso.]

Nascimentos:

1452Leonardo da Vinci, artista e cientista italiano [Provavelmente tinha transtorno em déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e mesmo assmi um gênio]

1896Nikolay Nikolayevich Semyonov, quimício russo laureado com o Prêmio Nobel de Química (m. 1986).

1907Nikolaas Tinbergen, ornitólogo holandês, laureado com o Prêmio Nobel de Medicina (m. 1988). [Pai da etologia. E a referência na wiki português é um desgosto.]