Controle mentes usando algas, vírus e laser

Essa é uma daquelas técnicas que pode gerar polêmicas, e só não gerou ainda porque não caiu nas graças dos jornalistas mais sensacionalistas. A optogenética é um jeito de ligar e desligar neurônios apontando para eles um laser. Não tão simples assim, porque você tem que injetar no cérebro a ser testado um vírus que leva para dentro dos neurônios desejados o gene que vai virar a proteína sensível a luz.

Veja o video:

Essa proteína vem de algas e responde a laser, e dependendo de quais neurônios a produzirem ela pode ativá-los fazendo por exemplo o camundongo do vídeo sair correndo, a mosca tentar voar, o verme parar de se mover, sempre que o laser os atingír.

Isto pode ser usado para controlar o ritmo de células cardíacas e os movimentos de células da pele, como mostrado mais ao final do vídeo.

Mas além de permitir controle, a optogenética é uma ferramenta para estudar as ligações entre os neurônios e revelar os circuitos que formam o cérebro, esses sim o Santo Graal da neurociência.

Não precisamos nos preocupar com controle mental por enquanto, estão longe disso, mas isso me faz perguntar se aquele cabo do filme Matrix era um cabo de fibra óptica.

 

Dica do Felipe do Psicológico

O comportamento é hereditário?

Sim, o comportamento pode ser herdado pelos genes. Calma, relaxe, esse estranhamento vai passar. Se bem que hoje em dia, nessa era pós-genômica, parece que as pessoas não se espantam mais quando ouvem isso de genes controlando comportamentos. Claro que não é exatamente isso que acontece, mas saber que há influencia dos genes nas nossas ações me parece um mistério que vale ser estudado. Como isso acontece?

cachorro feioPrimeiro preciso provar que isso acontece. E veja só, vou provar usando cachorrinhos porque eles são fofos. E porque eles são fofos? Porque nós, humanos, selecionamos os cães fofos, não só os de pêlo macio, mas os companheiros, que nos olham nos olhos, que nos entendem. Nada a ver com lobos, concorda? Mas cães são os lobos selecionados por nós para terem um comportamento compatível às nossas necessidades (ou caprichos). A seleção é feita quando deixamos só os totós bonzinhos cruzarem, e assim os filhotes vão ficando cada vez mais bonzinhos. [Veja este vídeo que mostra com o a seleção pelo comportamento levou a mudanças morfológicas e as raposas selvagens foram ficando com cara de cachorrinhos fofos cuti-cuti]

Incrível como eles podem nos entender mais até do que um chimpanzé. Em um experimento do tipo “em qual copo está a comida”, quando o experimentador aponta para o copo que contém comida, chimpanzés continuam apenas chutando um ou outro, mas os cães entendem e escolhem o copo apontado. Entendem até quando apenas olhamos o copo, sem apontar o dedo. É muita sintonia, ou podemos chamar de co-evolução? [sei que tem um vídeo com esse experimento mas eu não achei. Se você sabe qual é mande o link nos comments]

Mas só isso não é prova suficiente. Somos animais também, mas não cães, então temos que provar a ação dos genes no comportamento de nossa espécie.

Um jeito de fazer isso é ver como doenças psiquiátricas, como esquizofrenia, podem ser herdadas, passadas de pais para filhos. E realmente é isso que acontece com esta doença intrigante, a qual transforma uma pessoa conhecida em outra totalmente diferente, perturbada por alucinações, delírios, apática e acaba mudando o comportamento. Diversos estudos mostraram a herdabilidade desta doença.

Primeiro podemos estudar a familia dos doentes para ver se outros parentes também são afetados e comparar a famílias de pessoas não-doentes (tento não usar a palavra NORMAL, acho que não cai bem, concorda?). Se o doente tiver mais parentes também doentes do que uma família genérica, temos uma pista de que está ligada aos genes. Sabemos que a chance da população geral de ter esquizofrenia é 1%. Se seu avô tem a doença sua chance sobe para 3%; um dos pais ou um irmão sobe apra 10-20% e os dois pais sobe para 40-50%.

Ainda sim isso não é uma prova definitiva, porque o ambiente é um grande responsável por definir nosso comportamento, e uma característica da família pode ser derivada da criação nessa família, como o fato de eu ser cabeça-dura, que pode ser genético ou só o exemplo do meu pai, do pai dele, todos cabeças-duras. Coisa de família.

Mas como isolar o ambiente pra poder ter certeza da ação dos genes? Em animais a gente pode trocar os filhotes de família, mas em gente isso não pode ser feito por cientistas, mas o cientista pode ir atrás de pessoas separadas de suas famílias pela vida. E o ideal é achar gêmeos. Primeiro comparando gêmeos idênticos, que têm os mesmos genes, e gêmeos fraternos, que são como irmãos comuns. O que se faz é comparar pessoas doentes e ver se seu irmão é doente também. Se gêmeos idênticos tiverem mais irmãos também doentes do que os irmãos fraternos, desconfiamos que há influência dos genes, certo? Afinal todos os irmão tiveram a mesma criação, sendo a única diferença a diferença no genoma. Mas estudo bom mesmo é o de gêmeos idênticos criados por famílias diferentes, porque esses sim tiveram diferentes ambientes e se mantiverem maior taxa de doença entre irmão é porque essa doença é bem genética. O problema é achar tantos gêmeos doentes e criados separados.

Ainda sim existem outros tipos de estudos, como juntar vários doentes e vários não-doentes e sequenciar o DNA deles todos olhando as diferenças. Se uma diferença estiver presente em vários doentes e pouco em não-doentes, achamos um marcador da doença. Isso poderia ser usado para diagnóstico e pode guiar pesquisas para tratamentos.

Mas claro que as coisas não são fáceis assim. Em doenças complexas, como hipertenção e esquizofrenia, não há um gene responsável pelo problema, são vários genes que interagem. As vezes o problema não é nem na sequência do gene, mas sim na sua região reguladora, e por aí vai.

Então o que sabemos até hoje? Que o comportamento é influenciado pelos genes e que o ambiente também influencia o comportamento. Qual dos dois é mais importante? Aí vai do gosto do cliente, porque ninguém consegue responder isso.

Podemos pensar que o ambiente que permite a expressão dos genes, ou que os genes são os responsáveis pelo desenvolvimento na barriga da mãe e isso define as características comportmanetais; mas o ventre materno é um ambiente, e ele influencia o desenvolvimento; mas abuso de drogas tem fator genético mostrados por estudos como os de cima, então é culpa do gene; mas quem tem essa tendência só a desenvolve quando entra em contato com a droga, logo, ambiente; mas a pessoa que tem a tendência na verdade tem a tendência de procurar coisas novas, e por isso entra mais em contato com o mundo das drogas, logo, é o gene;… Será que isso terá um fim? Será que realmente um tem que triunfar sobre o outro?

Bônus: Veja este vídeo do John Cleese sobre o assunto. Genial

 

Leia mais:

Ambiente social e cultural, ou genética? Qual decide nosso destino?

Abuso na infância altera o comportamento e o DNA

Squeeze my balls, baby

Beber com os amigos está no gene?

A solução da violência é uma questão metafórica

Stop_The_Violence____by_thymeismatter

“Pare com a violência ou eu te mato”

Qual a solução para a violência? Depende de qual metáfora você usar para ela. Se quiser que as pessoas votem por soluções mais agressivas é só classificar a violência como uma “besta” ou um “monstro”. Mas se quiser que elas votem por “tratar” a violência com ações mais amplas, é só usar a palavra “vírus” no seu texto.

Simples assim. É o que pode ser visto nesse estudo na revista PLoS ONE que usou 253 pessoas. Elas tinham que dar soluções para a violência depois de ler um texto sobre o tema. Metade dos textos continha a palavra “beast” e a outra metade “virus” como metáforas da violência. Dos que leram a besta, 71% deram soluções severas, enquanto que os que leram o vírus se dividiram em 54% com solução severa e 46% com tratamento, como melhorar a economia.

Será que o ser humano é assim tão voluvel como pluma ao vento?

Olha aí a responsa de jornalistas, professores e, ahan, divulgadores de ciência.

 

Vi na Science Now

Quer estudar neuro? Pergunte como

brain_by_podajmidlon.jpgVeja, o título deste post é uma pergunta, por isso você não encontra-rá a resposta definitiva aqui.
Segue email que mandei para meu amigos “neuróticos”, anunciando minha intenção de começar seriamente a estudar neuro. Este é um antigo sonho e agora acho que está na hora de começar.
Mas começar por onde? A área é gigante. Bom, este era outro motivo para mandar o email. Veja abaixo e opine.

Este email é um pedido de ajuda. Por isso fique a vontade para não responder caso não tenha tempo. Mas qualquer dica será de grande valia.
É chegada a hora de me aventurar muito seriamente no estudo das neurociências (meu antigo sonho).
Ainda não vou trabalhar com isto, quero apenas começar a estudar a área.
Por isso gostaria de pedir uma ajuda na sistematização deste embasamento.
Por onde começar é a grande questão. Separar as áreas já não é fácil. O que temos?
Neuroanatomia
Neurofisiologia
Bio mol aplicada na área
Neuropsicologia
Comportamento animal
…?
Tendo as áreas, por onde começar?
Tenho muito interesse em tomada de decisão e também na modulação molecular do comportamento. Como proceder para embasar melhor estes dois objetivos ao final? Alguma dessas áreas pode ser ignorada?
Livros-texto do tipo compêndio para me guiar: vale a pena ou melhor buscar livros mais específiocs e aplicados?
P. Ex.: Cem Bilhões de Neurônios, do Lent, é bom? Não é muito basicão? Há outros melhores?
O Kandel é o melhor mesmo?
Leituras adicionais (para reforçar cada área específica):
Dentro de cada área há livros interessantes, como por exemplo “Por que Zebras não Tem Úlcera”, do Sapolsky, “Erro de Descartes”, “Tabula Rasa”, do Steven Pinker, os do Oliver Sacks… E quando estiver estudando cada área devo ler quais livros?
Bom, era isso. Desculpe o brainstorm de perguntas (literalmente “brain-” ), mas a sua ajuda será muito importante para esta minha nova e determinante fase de aprendizagem.
Muito obrigado

The_Brain_by_soliton.jpgClaro que isto também foi um tipo de estudo ou sondagem, coisas que a minha cabeça de cientista não deixa de fazer, para saber quem responderia, o que responderiam, que livros indicariam, e lincar isto com a personalidade e área de estudo de cada um que respondesse.
Tenho muita sorte de ter amigos inteligentes, informados, solícitos, enfim, fantásticos. Muitas foram as respostas e ajudaram muito.
Tudo que eu quero é otimizar o meu tempo para o estudo, que será autodidático, por isso a preocupação de como organizar tudo na ordem que pareça mais lógica PARA MIM. Mas cada um entra com a sua dica pessoal, claro.
Os amigos que trabalham com comportamento de macacos mandaram material de etologia e neuro em primatas, a psiquiatra indicou as áreas médicas ou clínicas, psicólogo indicando psicologia cognitiva e estatística, e por aí vai. Sempre se puxa a brasa para a própria sardinha.
E ainda bem, afinal isso significa que o pessoal estuda o que gosta e se anima em chamar os outros para a própria área (ou estão usando a tática da piscina gelada: quem tá dentro diz que está uma delícia, só pra fazer quem tá fora pular e se ferrar).
Mas apesar da diversidade algumas coisas apareceram bastante:
Cada um tem um jeito de estudar, e eu preferi começar do micro pro macro, da molecular e fisiologia e ir subindo para a cognição e comportamento, mas o caminho inverso é uma opção muito válida.
O livro “Princípios de Neurociência”, do Kandel parece ser a bíblia mesmo. Mais fisiológico, mas a base é essa mesmo. Partindo daí a coisa vai variar dependendo do interesse pessoal. Para estudar mais como pensamos, aprendemos e nos comportamos, o “Neurosciência Cognitiva” do Gazzaniga parece interessante. Por isso neste momento decidi por começar por eles (eu vou ler as versões em inglês por serem mais atuais eeu ter conseguido os arquivos pdf, mas os links eu achei melhor pôr os em portugês). E não vai ser fácil, porque são dois gigantes, pelo conteúdo e pelo tamanho.
Por isso a partir de agora o blog pode passar por um processo de NEURIZAÇÃO dos temas, além de uma diminuição no ritmo de postagem. Fazer o que, eu não sou como muitos gênios e bots que consegue fazer tudo ao mesmo tempo.

Pombas de mochila

pomba mochila gps.JPGVejam se não é a coisa mais fôfa! Ou pelo menos o mais próximo de fôfo que um bicho nojento como uma pomba pode ser.
Uma pomba de mochila e fazendo pose!

Mas pra que raios pesquisadores puseram mochilas em pombas? É que as mochilas levam um aparelinho de GPS, e assim eles podem rastrear a dinâmica das pombas enquanto elas voam em bandos.

Isso tudo pra responder perguntas intrigantes (mesmo que pra gente pareçam inúteis): porquê um bando de pombos muda de direção de repente? E porquê ele de repente pára e pousa ao mesmo tempo no mesmo lugar? Ou mesmo sem motivo aparente ele levanta vôo?

Esse estudo mostrou que existe uma hierarquia, e os integrantes do bando seguem o mestre. Mas essa dinâmica é complexa, com trocas de liderança durante o vôo e etc.

Mostrou também que os pombos que seguem não fazem isso por reflexo, mas ponderam e escollhem seguir o lider do momento. Isso porque a resposta na mudança de direção não é tão rápida como se fosse por reflexo, parece que rola uma pensadinha antes de mudar.

Outra coisa que essa sim me intrigou: Os animais menos graduados no grupo ficam sempre pra trás e a direita do líder, e parece que isto tem a ver com o cérebro dos pombos que, parecido com o nosso, tem o lado direito responsável pelas relações sociais. Como o lado direito do cérebro “vê” pelo olho esquerdo (também trocado como o nosso), os pombos menos ranqueados preferem ver os chefes como olho que está mais atento a sinais sociais. Que loucura!

Vi no Science Now

ResearchBlogging.org

Nagy M, Akos Z, Biro D, & Vicsek T (2010). Hierarchical group dynamics in pigeon flocks. Nature, 464 (7290), 890-3 PMID: 20376149

Altruísmo: faz bem pros outros, pra você e para seus genes!

altruismo-reciproco.jpg

O Teleton está aí. E como o RNAm irá participar do evento no palco do SBT, porque não falar de um tema científico que tem a ver com o evento?

Como faz bem fazer o bem, não é mesmo? Mas será? Isto é o que chamamos de altruismo, ou seja, fazer o bem sem querer nada em troca.
Mas será que o altruísmo é bom? A imensa maioria dirá que sim. Mas daí eu pergunto: bom pra quem? Para a sociedade, a bondade de uma pessoa que se doa para o bem maior é bom, afinal o “maior” é a própria sociedade. Agora e o pobre coitado que se doa, ganha o quê? Uns dirão boa reputação, satisfação pessoal ou mesmo o reino dos céus (aqui a gente já percebe que não se faz o bem a toa, sempre há algum motivo ou “recompensa”).

O maior mistério da evolução

O altruismo é um dos maiores mistérios da biologia. Um mistério evolutivo, mais especificamente.
Afinal a concorrência na sociedade e na natureza é acirrada. Não há perdão para erros nem desperdícios. O objetivo é adquirir recursos para se reproduzir e manter seus filhos e passar os genes para a frente. E se o mundo é assim, como é que uma aberração como a altruismo pode aparecer?

Oferecer mordida no Sonho-de-Valsa é vantajoso?

Ajudar os outros? Doar dinheiro? Emprestar o carro? Dar uma mordida do Sonho-de-Valsa e um gole do Yakult? Isso só diminui os recursos, o que no fim das contas diminuiria suas chances de se reproduzir. Diminuindo as chances de reproduzir, mesmo que muito pouco, em milhares de anos de cruzamentos, o comportamento altruísta seria extinto, não acha?

Este pensamento parece bem lógico, mas como explicar que ele ainda exista? Em evolução, quando uma característica é mantida ela está presente por alguns motivos: ou ela é vantajosa (um cérebro grande, por exemplo); ou ela é neutra, não ajuda nem atrapalha (dente do siso); ou ela traz uma pequena desvantajem e está em processo de sumir (como o apêndice que só serve para dar apendicite). – Atenção biólogos puristas: estes são exemplos ilustrativos. Desculpem se não são necessariamente corretos ou consensuais

Neste caso o altruismo, por ser bem caro para quem o pratica, só pode trazer vantagens muito importantes. O caso é que só vemos a vantagem para o grupo, não para o indivíduo. E um grupo não se reproduz, não passa os genes pra frente.
Daí surgiu a idéia da Seleção de Parentesco (Willian Hamilton), ou seja, a gente só faria o bem para nossos parentes. Afinal eles possuem nossos genes também, e para evolucionistas, quem manda na evolução é o gene.
A Seleção de parentesco parece ter resolvido grande parte das perguntas sobre altruísmo.

Não me mato por um irmão, mas por dois irmãos ou oito primos talvez.

Alguns pesquisadores (Wilson e Wilson) acham que o grupo mesmo pode ser um mandante na evolução. Se isso for verdade fica mais facil entender o altruismo. Afinal um grupo com muitos altruistas agindo pelo bem maior do grupo seria melhor que um grupo cheio de egoistas cada um pensando só no seu umbigo. Isso explicaria como surgiram os insetos sociais, como formigas e abelhas, onde de toda a colônia só um indivíduo se reproduz, e os outros tratam de cuidar e ajudar esta rainha, mesmo que elas mesmas não tenham como se reproduzir. As operárias de colméias e formigueiros seriam o mais puro e extremo exemplo de altruísmo. (A Seleção de Parentesco ainda vale aqui, afinal operarias e rainha são
irmãs, mas a questão é como este comportamento começou, quando ainda
formigueiros e colméias não existiam.)

Nosso corpo é um exemplo de sociedade altruista. Nossas células aceitam benevolentes os comandos centrais do organismo. Elas até mesmo se suicídam quando necessário. As que fogem deste controle podem gerar tumores.

Muita gente até acha que o ideal de sociedade humana seria se ela fosse como um formigueiro. Isso pode dar trela a um tipo de autoritarismo, onde não se tem muita liberdade individual e só se pensa no bem maior. Será que queremos pagar este preço? Mas este é outro assunto.

Mas afinal, qual a vantagem de ser altruísta? Talvez o altruísmo seja mantido nos humanos pela seleção sexual. Assim como chifres grandes e pesados ou rabos gigantes e chamativos foram selecionados pelas fêmeas por elas acharem eles bonitos, o altruísmo talvez atraia mulheres. Assim haveira uma vantagem reprodutiva em ser altruísta, compensando as desvantagens. Isto manteria os “genes altruístas” na população, tornando o grupo altruísta mais apto a sobreviver.

Ainda é dificil saber todos os comos e porquês do altruísmo. Precisamos é saber que este assunto não precisa ser tratado apenas pela religião, filosofia ou psicologia. A biologia pode também estudar este tema, e descobriu que é uma estratégia evolutiva que funciona e já faz parte de nós humanos.

Mas o que vale é que fazer o bem faz bem sim. Portanto FAÇA! DOE! Participe do Teleton 2009 (veja como no fim do post).

Para mais:

A sociobiologia e a crítica dos antropólogos – Revista ComCiência – recomendo fortemente. Uma critica ao determinismo genético e ao antropocentrismo antropológico. Mas lembrem-se que a sociobiologia é apenas UMA das abordagens biológicas do comportamento humano

A evolução da bondade – SuperInteressante

Logo Teleton reduzido.JPG

As doações para a campanha já podem ser feitas desde o dia 8 de Outubro, e seguirão até o dia 6 de Novembro. Veja como fazer para contribuir:

Por telefone, para doar:

R$ 5 ligue 0500 12345 05
R$ 10 ligue 0500 12345 10

Para doações a partir de R$ 30,00 as ligações devem ser feitas para 0800 775 2009

Quem doar R$ 60 pode escolher um dos “mascotes” da campanha, o Tonzinho OU a
Nina. Doações de R$100 ganham o Tonzinho E a Nina. Só prá lembrar: a promoção não é cumulativa.

logo-aacd.gifPara doar pela Internet, acesse o site da campanha clicando AQUI (esse endereço é válido durante o ano todo). Para conhecer mais sobre a AACD visite o site deles AQUI!

Mulheres, testosterona e ousadia profissional: mulher-macho, sim senhor!

ResearchBlogging.orgPor favor, não me interpretem mal por causa do título desse post, tudo será explicado ao longo do texto.

De modo geral, as mulheres são mais “conservadoras” em relação às operações financeiras. É o que diz um estudo publicado em 1999 que analisou os resultados de 150 estudos que avaliaram a tendência de homens e mulheres em relação à tomada de decisões que envolviam riscos financeiros.

Your-Ultimate-Savings-Guide_full_article_vertical.jpgEssas diferenças entre homens e mulheres em evitar operações financeiras de maior risco podem também ser associadas às diferenças observadas nas escolhas de carreira. Nas instituições de ensino analisadas 37% das mulheres estudantes de MBA escolheram carreiras que tinham maior risco associado (como bancos de investimento ou mercado de ações) contra 57% dos estudantes homens. Apesar de se considerar sempre os fatores sociais e culturais, se acredita que as diferenças biológicas entre os sexos podem desempenhar um papel importante nessas diferenças comportamentais.

Dentre essas diferenças biológicas a testosterona, ou “hormônio masculino”, se destaca. Níveis mais altos de testosterona em homens podem resultar em diferenças comportamentais e de aprendizado, e já foi demonstrado em outros trabalhos que a testosterona aumenta a motivação para competição e dominância, diminui a sensação de medo e altera o equilíbrio entre a sensibilidade entre punição e recompensa. Prá completar a testosterona também já foi associada a comportamentos tidos como de alto risco, como jogatina e abuso de álcool.

O fato de esse hormônio influenciar as decisões de risco no mundo financeiro ou em outros aspectos econômicos que envolvam tomada de riscos ainda é controverso no mundo atual e um novo estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences traz mais alguns dados referentes à essa questão.

Cientistas da Universidade de Chicago investigaram diferenças entre homens e mulheres em relação à aversão a riscos financeiros verificando as concentrações salivares de testosterona em mais de 500 estudantes de MBA.

flew_1124_p056_f1.jpgApesar de não terem encontrado nenhuma variação entre os homens (nós homens realmente não temos graça nenhuma), no caso das mulheres os níveis mais altos de testosterona circulante foram associados a uma menor aversão ao risco financeiro. Ainda nesse estudo, os níveis de testosterona e a aversão ao risco foram bons indicadores para se predizer as escolhas de carreira dentro da área financeira.

Ou seja, de acordo com os dados desse estudo norte-americano podemos concluir que as mulheres que têm mais testosterona (por isso a brincadeira com o “mulher-macho”) adquirem uma abordagem mais agressiva em relação à condução de sua carreira, algo que ainda é visto como característico dos homens (e que eu acho que vai cair por terra logo logo).

Aguardem mais textos falando sobre as maravilhas (ou não) que a testosterona pode fazer por você, seja homem, seja mulher!

Quer receber conteúdo novo em primeira mão? Siga-me no Twitter em @Gabriel_RNAm e assine nosso Feed/RSS!

ps: Esse deve ter sido o texto mais curto que já escrevi até hoje. Achei tão estranho quanto vocês, mas não reparem, a causa é simples: são 4h da manhã e escrevi logo depois de entregar (FINALMENTE!) minha tese de Mestrado!

Byrnes, J., Miller, D., & Schafer, W. (1999). Gender differences in risk taking: A meta-analysis. Psychological Bulletin, 125 (3), 367-383 DOI: 10.1037/0033-2909.125.3.367

Sapienza, P., Zingales, L., & Maestripieri, D. (2009). Gender differences in financial risk aversion and career choices are affected by testosterone Proceedings of the National Academy of Sciences DOI: 10.1073/pnas.0907352106

Como conseguir mais sexo e deixar as mulheres aos seus pés? Arrumando uma namorada!

flirting1.jpgVocê, garotão, quer ficar irresistível prá mulheres, e não tem lá muitos escrúpulos?
Que tal ficar mais atraente prá mulherada arrumando uma… namorada?!

Há muitos anos pesquisadores discutem quem é mais propenso a desobedecer o nono ou décimo mandamento (dependendo da religião que você considerar), que diz: “não cobiçarás a mulher do próximo”, também conhecido nos botecos do Brasil como “comportamento fura-zóio”.
Claro, nesse caso, pode ser “mulher” ou “homem”, como veremos a seguir.
ResearchBlogging.orgAlgumas pesquisas indicaram que os homens possuem uma tendência maior a perseguirem a parceira alheia, mas havia uma dúvida: essa tendência é realmente mais forte nos homens, ou eles simplesmente eram mais propensos a ADMITIR que iam mesmo atrás de gente comprometida? Agora há resultados experimentais de que mulheres solteiras têm uma atração particular pelos parceiros alheios, de acordo com esse estudo publicado no Journal of Experimental Social Psychology.
0_21_flirting_450.jpgBaseando-se na clássica queixa feminina “os melhores homens já têm dona”, as psicólogas Melissa Burkley e Jessica Parker, da Universidade do Estado do Oklahoma, questionaram se essa afirmação não seria resultante de os homens comprometidos serem percebidos como “melhores” pelas mulheres. Para investigar esse fato, as pesquisadoras questionaram 184 universitários (entre homens e mulheres), sendo que alguns eram solteiros, outros não, sobre seu par romântico ideal.
Em seguida, foi dito a cada um dos entrevistados que seu perfil havia encontrado um par de pensamento semelhante num programa de computador. Logo em seguida, os pesquisadores mostraram uma foto desse tal pretendente, um membro do sexo oposto bastante atraente. Todos os participantes homens viram a foto da mesma mulher, e o mesmo aconteceu com a foto dada para as mulheres.
Aí começa o experimento: metade do grupo de homens e do grupo de mulheres foi informada que a pessoa da foto era comprometida, sendo que os participantes restantes foram informados que as pessoas das fotos eram solteiras. As pesquisadoras então perguntaram qual era o grau de interesse dos entrevistados nas pessoas que o computador havia indicado, e estavam nas fotos.
Para os homens que participaram do experimento, e para as mulheres que já estavam comprometidas, não houve diferença significativa na atração pelo(a) pretendente sugerido pelo computador.
No caso dos homens, não houve distinção ALGUMA em relação à mulher da foto ser comprometida ou não, o interesse demonstrado foi o mesmo. Bom, isso não é novidade, nós homens temos poucos critérios, e todos sabem disso. Também acho que toda mulher já ouviu um “mas eu não sou ciumento” quando diz ser comprometida (convenhamos, um dos maiores xavecos-furados de todos os tempos né?), estou certo?
No entanto, as mulheres solteiras demonstraram uma preferência bem maior para ir atrás do companheiro alheio, em relação aos homens, e às mulheres comprometidas. Nas mulheres que foram informadas que o homem da foto era solteiro, ele despertou interesse de 59% das entrevistadas. Já, quando disseram que o homem já estava comprometido, pasmem: 90% (sim, NOVENTA) demonstraram interesse.
3-Flirt-061_384_426771a.jpg

“Aliança bonita… posso te pagar um drink?”


Segundo as autoras, esse maior interesse pode vir do fato de um homem comprometido ter demonstrado sua habilidade em assumir compromissos. Uma das explicações dadas por elas (e a que eu achei mais divertida, aliás) é que as qualidades desse homem comprometido já tenham passado por uma pré-seleção, que foi feita pela outra mulher (as garotas que participaram dessa pesquisa não são umas gracinhas?). Aliás, esse estudo foi bom para que as namoradas se cuidem (e, claro, cuidem dos seus respectivos), pois a concorrência pode vir sem dó nem piedade!
Depois desses resultados e das justificativas dadas pelas entrevistadas, lembrei na hora da minha mãe e de uma coisa que ela me ensinou, quando eu era adolescente: “água morro abaixo, fogo morro acima, e mulher quando quer dar, ninguém segura!” (já até imagino a cruz bonita que vão fazer prá mim, depois dessa)
Minha experiência de vida já me dizia que esse lance de mulher vir com tudo em cima de homem comprometido era verdade (por histórias minhas, e de vários amigos meus). Assim como as mulheres têm a máxima “todos os homens decentes já têm dona”, nós homens temos “o melhor jeito prá se fazer chover mulher, é arrumar uma namorada”.
E vocês, o que acham? Dêem suas opiniões, e que a guerra dos sexos comece!!!
Paraquedistas1.jpg* Este texto faz parte da Blogagem Coletiva Caça-paraquedista (conheça mais sobre essa iniciativa aqui). Se você entrou aqui pelo Google, seja bem-vindo e aproveite para conhecer um pouco mais sobre o blog e ciência!
Para receber nosso conteúdo em primeira mão, siga-me no twitter @Gabriel_RNAm e clique aqui para assinar nosso Feed/RSS!
Parker, J., & Burkley, M. (2009). Who’s chasing whom? The impact of gender and relationship status on mate poaching Journal of Experimental Social Psychology, 45 (4), 1016-1019 DOI: 10.1016/j.jesp.2009.04.022
Imagens: Getty Images; Ellen Stagg Photography