No Zero a gente leu “História Bizarra da Matemática” de Luciana Galastri

Diferente das outras postagens que escrevi sobre livros que li relacionados às ciências ou matemática, que geralmente lia o livro inteiro em um ou dois dias, este aqui foi um que demorei alguns meses para terminar.

Não que ele seja ruim, muito pelo contrário, ele é bom, bastante denso e prazeroso de ser lido, mas creio que o principal motivo de eu ter levado mais tempo para terminá-lo, estava na própria completude e qualidade de cada capítulo.

Eles são densos, curiosos e de leitura bastante agradável, porém por serem tão completos, dão a sensação da saciedade ao terminar um capítulo. É como terminar um bom filme, por mais que tenha outro bom filme pronto para começar, queremos sentir um pouco mais daquele sabor em nossas mentes, deixá-lo digerir um pouco mais, processar mais seus detalhes antes de sobrescrever nosso prazer com um novo conteúdo.

Se alguém me perguntar, se este é um livro de história da matemática, a resposta é não. Pois embora ele trate da história da matemática, ele não é centrado no que se entende por “história da matemática”. Essa obra passa por detalhes que seriam tidos como secundários, terciários ou até mesmo irrelevantes para a rede de fatos e ideias que constituem os tópicos que a “história da matemática” aborda. Contudo, é errado pensar que este é um livro de curiosidades da matemática, pois o mesmo também não se reduz a mostrar coisas legais, curiosas ou peculiares. Se eu precisasse definir do que este livro trata, diria assim:

Se existisse um filme que abordasse em detalhes toda a “história da matemática” que justifica os principais conceitos e ideias por trás do que entendemos hoje por matemática. O livro “História Bizarra da Matemática” seria seu making-of (ou os bastidores).

Seus capítulos tratam de “histórias da matemática”, eventos, personalidades, situações, relacionamentos e coisas esquisitas (para não dizer bizarras) que estiveram de algum modo envolvidas com a “história da matemática”. Seriam como se fossem detalhes que por serem um tanto esquisitos, vieram a passar por um processo educado de apagamento.

O legal desse livro é exatamente isso, pois olhando para essas partes meio “apagadas” podemos ver que a matemática não é esta coisa tão polida e puritana, feita de nobres cérebros conectados a corpos que as realiza pelo bel prazer existencial. Enquanto na verdade está mais para um grande caldeirão, cheio de tudo o que tem na cozinha, misturado, cozido e empelotado… dele vão saindo algumas partes boas, outras que serão descartadas, outras que fingiremos que não existiram…

Essa visão real da coisa, é algo que considero bastante positivo, pois ajuda a perceber que todos os matemáticos eram seres humanos, dormiam, comiam, ficavam doentes, tinham suas crises e seus momentos de bizarrice.

Cada capítulo deste livro poderia muito bem ser um post de divulgação científica, pois como disse seu texto é bem denso e suas ideias amarradinhas. O mais legal que eu achei nisso tudo, foi a linguagem com que ele foi escrito, pois diferente de uma obra acadêmica, ou de referência, ou mesmo daquelas voltadas a convencer o público geral que “matemática é legal” (ou pelo menos não tão chata), esse daqui vai numa outra vertente… de mostrar que ela é bizarra, e para isso foi escrito com uma linguagem um pouco mais “nerd” (dai a razão de eu considerar seus capítulos muito bem escritos).

Enfim, ganhei esse livro no meu aniversário de 30 anos como presente dos meus pais (estou a um mês de fazer 32 e finalmente consegui me organizar para escrever este post), obrigado mamis e papis esse post não existiria sem vocês 🙂.

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Como referenciar este conteúdo em formato ABNT (baseado na norma NBR 6023/2018):

SILVA, Marcos Henrique de Paula Dias da. No Zero a gente leu “História Bizarra da Matemática” de Luciana Galastri. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Zero – Blog de Ciência da Unicamp. Volume 10. Ed. 1. 2º semestre de 2023. Campinas, 16 set. 2023. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/zero/5412/. Acesso em: <data-de-hoje>.