O que é gráfico?
Quando começo a falar de gráficos nas aulas de Estatística, gosto de iniciar com a pergunta “o que é gráfico?”. Essa é uma pergunta sugestiva, e também traiçoeira, pois estamos muito acostumados a falar em gráficos de jogos, gráficos de filmes (720p, 1080p, HD), até mesmo com a ideia de gráficas como locais de impressão e confecção de materiais, ou designers gráficos, entre outros termos, esta não é uma palavra nada incomum no nosso dia-a-dia. Porém em uma aula com foco em Matemática/Estatística, o termo parece que se reduz bastante, ficando numa ideia de dois eixos perpendiculares nos quais temos barras, colunas, linhas, pontos representando o comportamento de alguma coisa. Nessa discussão as vezes surge o gráfico de setores (acho que em nenhuma turma jamais o chamaram assim de primeira tentativa, sempre pizza), que já não está mais associado a dois eixos perpendiculares.
Mas a própria pergunta é capisciosa, pois se falamos em dois eixos, e acrescentamos um terceiro eixo, deixa de ser um gráfico? Se em vez de pontos, desenhamos linhas, deixa de ser um gráfico? Mesmo um gráfico de setores, se desenharmos outra forma e distribuirmos suas porcentagens referentes a área de cada uma, continua sendo um gráfico (embora não seja denotado como setores). Inclusive neste blog em várias ocasiões já tratamos de gráficos.
Blog Zero em Gráficos Coloridos
Funções complexas tem gráficos fofos
Mas vamos analisar juntos alguns casos antes de pensarmos em uma definição. No caso abaixo, estamos falando de um gráfico?
Com um olhar, já sabemos que se tratam de duas pessoas.
Sabemos que a pessoa da direita está com raiva (sombrancelhas apertadas). E agora?
Cada uma segura um objeto (ainda indefinido).
Um jedi vs um sith?
Um jedi vs Darth Maul!
Mace Windu vs Darth Maul!
Como exemplificamos, não foi preciso de muito esforço para representar ambos os personagens. Temos além de suas presenças, a informação de suas posições (um de frente ao outro) e de suas posturas (cada um apontando a arma ao outro), permitindo que tenhamos uma ideia de suas intenções. Viu só, quanta informação representamos em um conjunto de risquinhos?
Por um péssimo costume, pensamos nos conceitos ligados a Matemática (quase sempre) como cenários desconexos e abstratos. Um gráfico como esse apresentado (Mace Windu vs Darth Maul) não seria reconhecido como gráfico nas salas de aula, mas certamente um jogo para PS5 com essas imagens seria criticada à beça como tendo péssimos gráficos.
Em ambos os casos, temos a mesma situação, a representação de informações a partir de uma imagem. Se a imagem representa com clareza a informação e permite a quem vê chegar facilmente (com relativo esforço as vezes) na conclusão de quem tratou os dados, então o gráfico é um bom gráfico. Porém, um gráfico que confunde, que atrapalha a compreensão, ou que requer um esforço maior do que o necessário para sua interpretação, é certamente um gráfico ruim.
Nessa discussão, as vezes ouço uma questão de que uma tabela é um gráfico, afinal, consigo ver os dados nela. Se pensarmos em uma tabela com poucos valores, de fato, talvez nem seja necessário criar um gráfico para ela, pois isso levaria a um esforço de leitura maior do que a compreensão direta dos próprios dados tratados. Contudo, se pensarmos que uma tabela pode ter centenas de células, certamente não conseguiriamos em um olhar, enxergar e compreender toda a informação que ela carrega (sem ler um a um os valores), e o gráfico dela teria exatamente a função de sintetizar os dados na forma de uma imagem.
Como referenciar este conteúdo em formato ABNT (baseado na norma NBR 6023/2018):
SILVA, Marcos Henrique de Paula Dias. O que é gráfico?. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Zero – Blog de Ciência da Unicamp. Volume 14. Ed. 1. 2º semestre de 2025. Campinas, 18 de setembro 2025. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/zero/6049/. Acesso em: <data-de-hoje>.