Na semana passada assisti um filme britânico, lançado recentemente. O nome do filme é Yesterday e se refere à famosa canção dos Beatles. Este misto de fantasia e comédia romântica (conto a seguir apenas a sinopse oficial, portanto sem correr risco de spoilers) conta a estória de um músico anônimo, desses que tocam em praças, feiras e estações (em Inglês, esse tipo de artista de rua é chamado de “starving musician”, ou “músico faminto”). Após um inexplicável e breve apagão mundial, este passa a ser o único músico no mundo que lembra dos Beatles e de suas canções. Após perceber isso, ele passa a tocar o repertório dos Beatles como se fossem suas próprias canções, o que lhe confere súbito e estrondoso sucesso midiático. Esta ficção se baseia na conjectura de que existe um valor hedônico absoluto e intrínseco, atrelado à uma obra artística (no caso, às canções dos Beatles), que pode ser detectado e apreciado pela maioria dos ouvintes, independente de sua familiaridade com a música e o seu contexto sociocultural.