A sustentabilidade a serviço da rentabilidade
Você sabia que existem técnicas de plantio que podem aumentar a produtividade e a rentabilidade dos pomares de citros, assim como de outras culturas?
É claro que o produtor de citros quer ter um retorno econômico maior no menor tempo possível (como todos nós, não é mesmo?). Por isso, eles vem adotando como estratégia, o adensamento do plantio, afim de obter um maior número de plantas por área, levando assim ao aumento da produção de frutos e com isso, caro amigo…ele vende mais e…ganha mais dinheiro, entendeu a vantagem? Quem não está afim de ganhar mais dinheiro, não é mesmo minha gente!
Só que quando as plantas são plantadas juntas umas das outras, há uma maior dificuldade de fazer a poda das plantas e a limpeza do pomar. Além disso há uma possibilidade maior da ocorrência de doenças. É a mesma coisa que acontece quando ocorre uma epidemia de gripe e a recomendação é você evitar lugares aglomerados de pessoas! Porque quanto mais gente junta…maior a probabilidade de você pegar uma gripe!! E isso acontece com as plantas também! Como já falamos elas são suscetíveis a várias doenças!! Aí você me pergunta. Qual a vantagem então? Você produz mais, mas aumenta a possibilidade de a planta ficar doente?
Eu te respondo…calma! Os produtores e pesquisadores são muito espertos meu caro leitor!! As copas dos citros são colocadas sobre um porta-enxerto tolerante a doenças!! Eita!! Mas como é isso??
Enxertia é o processo de juntar partes de plantas para formar uma planta só.
Pode parecer estranho, mas é um procedimento muito comum na agricultura, e até mesmo em humanos. Já ouviu falar em enxerto de pele? As plantas que são juntadas crescem como uma só, sendo assim, uma planta enxertada é uma planta composta de partes de duas plantas (http://www.cultivando.com.br/o-que-e-enxertia/).
A copa (parte de cima) é a principal responsável pelas características dos frutos, já o porta-enxerto (parte de baixo) exerce influência importante sobre a copa, como vigor, produtividade, precocidade de produção, resistência à seca, geada, doenças e pragas, influenciando também a qualidade e pós-colheita dos frutos.
Assim, a escolha do porta-enxerto é tão importante quanto a da copa, uma vez que as principais características agronômicas são determinadas pela interação entre ambos, a qual irá proporcionar melhor desempenho da planta (Bastos et al., 2014).
Flying Dragon
No caso da lima ácida Tahiti (limão tahiti), pode-se utilizar como porta-exerto, uma espécie prima dos citros, Poncirus trifoliata var. monstrosa Swingle, mais conhecido como trifoliata Flying Dragon (Stuchi, et al, 2012, Comunicado Técnico Embrapa).
Este porta-enxerto possui características muito importantes como: resistência à gomose, tolerância à morte súbita dos citros e ao declínio (as árvores murchas). E o mais legal é que ele torna a copa enxertada “nanica”, isso mesmo, ele deixa as plantas de Tahiti com um porte menor.
Essa característica possibilita o plantio de uma maior quantidade de plantas em uma área menor (adensamento do plantio) e facilita o controle fitossanitário, a colheita de frutos e a poda de limpeza.
No entanto, nem tudo é perfeito…o Flying Dragon possui baixa tolerância à seca. Por isso, pesquisadores estão estudando diferentes tratos culturas (maneiras alternativas) para controlar esse probleminha!
Manejo sustentável
Se você for em um pomar de citros, vai perceber que eles são plantados em linhas, e que entre essas linhas existem outras plantas que crescem de maneira espontânea ou porque são introduzidas lá, como é o caso das braquiárias. Esses espaços entre as linhas de citros são chamados de entrelinhas (que criativo, não??).
Pesquisadores do Centro de Citricultura Sylvio Moreira – IAC vem utilizando a roçadeira ‘ecológica’ (ferramenta utilizada com o trator convencional, que faz a limpeza das entrelinhas), em conjunto com herbicidas (químico que mata ervas daninhas), afim de projetar a vegetação existente entre as linhas dos pomares de citros (entrelinhas), para baixo das plantas cítricas (linhas).
Ou seja, o uso da roçadeira ‘ecológica’ proporciona uma deposição da palhada das braquiárias na linha de plantio do Tahiti, formando uma considerável camada de resíduo vegetal morto (mulch) e reduzindo a densidade de plantas daninhas. Além disso, isso aumenta os teores de matéria orgânica, melhora a disponibilidade de nutrientes no solo, aumenta o armazenamento de água no solo e a possibilita uma maior disponibilidade de água para as plantas. O que tem reflexo direto na produtividade e pode resolver o problema de baixa tolerância à seca do Flying Dragon.
Os resultados dessa pesquisa evidenciam o grande potencial da combinação copa x porta–enxerto (lima ácida Tahiti x trifoliliata Flying dragon), juntamente com o uso de um manejo sustentável que aproveita a vegetação espontânea e, ou introduzida afim de aumentar a rentabilidade na citricultura.
Escrito por Rodrigo Fernandes de Almeida e Laís Moreira Granato
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