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Foto: Mugley
Enquanto a mídia (e, por conseqüência, ambientalistas) do mundo inteiro culpam as cidades pelo aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera terrestre, o que acontece na chamada “zona rural” acaba não levando tanto crédito. Em um estudo publicado no periódico científico Environment and Urbanization, David Satterthwaite nos mostra que a contribuição das cidades para o aquecimento global pode estar sendo muito superestimada. Ele fez um levantamento de dados utilizados pelo IPCC (Painel internacional sobre mudanças climáticas) e viu que a contribuição das cidades para o aumento da emissão de gases estufa está em torno de 30 a 40 % do total, bem diferente das estimativas anteriores, que chegavam a 80 %.
Ainda segundo o estudo, os principais fatores que contrubuem com esta discrepância nas estimativas está relacionado a emissão de gases estufa pela agricultura (tanto de metano em riziculturas quanto de óxido nitroso devido ao uso abusivo de fertilizantes) e por indústrias de grande porte que queimam combustíveis fósseis e normalmente se localizam fora das cidades.

A grande discussão está realmente na definição de cidade. O autor tenta dissociar as grandes indústrias das cidades através do argumento de que não podemos culpar as cidades por esta emissão, mas sim os indivíduos e as instituições que geram esta emissão. Dois terços da população mundial vive em cidades consideradas pequenas e, desta forma, contribuem muito menos do que as considaradas metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro.

É claro que a emissão de carbono por queima de combustíveis fósseis é relevante na maioria das cidades, mas em termos globais esta contrubuição não chega a 57 %. A idéia de que só a mudança de hábito das pessoas nas grandes cidades pode diminuir de forma significativa o aquecimento global é uma falácia. Enquanto a demanda por alimentos continuar a crescer e ainda acharmos que nossa grande carta na manga é a utilização em massa de biocombustíveis baseados em plantas terrestres, a chance do cenário mais pessimista do IPCC prevalescer é quase uma realidade.

Vi no NewScientist