Em seu famoso artigo de 1858, Wallace discorre sobre como diferentes animais podem ter mecanismos para contrabalancear pontos negativos. Ele cita o caso de animais que apresentam pés deficientes mas asas robustas e outros que apresentam grande velocidade em decorrência da ausência de armas de defesa. Ele propôs uma espécie de feedback em uma escala diferenciada, mas a idéia é a mesma da proposta pelos autores do artigo sobre a cadeia de proteínas. Enquanto Wallace discute na escala do organismo, que, de alguma forma, “(…) verificaria e corrigiria qualquer irregularidade antes dela se tornar aparente (…)”, as proteínas teriam o mesmo papel em microescala.
Então pera aí. Se existe algum mecanismo que de certa forma é capaz de “(…) direcionar o processo evolutivo” (segundo palavras de Rabitz, co-autor do trabalho) os defensores da balela do “Design inteligente” estão certos?!? Claro que não. Segundo Chakrabarti, “Estes princípios estão completamente consistentes com os princípios da seleção natural. Mudanças biológicas são sempre promovidas por mutações aleatórias e seleção, mas em certo ponto da conjuntura evolutiva, esses processos aleatórios podem ter criado estruturas capazes de direcionar a evolução subseqüente em direção a uma maior sofisticação e complexidade”.
Desta forma, os autores defendem que esta descoberta teria o efeito contrário ao esperado pelos defensores da pseudo-ciência citada acima. Como boa parte dos argumentos deles estão voltados para “Como órgãos tão complexos podem ter sido originados por aleatoriedade?”, a descoberta deste novo mecanismo pode ajudar a afundar de vez estes argumentos neocriacionistas. Mas acho que nem precisava desta nova descoberta para isso.
Vi a nota sobre o artigo no incansável EurekAlert!
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