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Semana passada falei um pouco sobre o histórico de enchentes em Santa Catarina, o que eu chamei de “mais do mesmo”. Esta semana o Olhar Virtual (publicação da coordenadoria de comunicação da UFRJ) publicou uma entravista com Jorge Xavier, chefe do departamento de Geografia da UFRJ. Ele faz uma crítica à mídia que dá aos fatos um tom de novidade, quando na verdade o que temos é uma repetição. Selecionei abaixo alguns trechos da entrevista.

“A fim de mitigar os efeitos de uma chuva de grande porte, devem ser criados planos de contingência, isto é, um levantamento prévio dos locais que podem ser atingidos, uma avaliação de prioridades no que diz respeito à aplicação de recursos e de tempo e um estudo prévio da distribuição dos recursos caso o acidente seja inevitável. (…) diante de uma tragédia como essa, considero válido o envio de verbas feito pelo Governo Federal. Mas devemos ter em mente que esse dinheiro está sendo mal aplicado. Ele deveria ser empregado em ações preventivas. É preciso que os governantes deixem de agir apenas em situações críticas, quando não fazer nada significa uma perda política.”

Acho que o Jorge Xavier citou um ponto crucial. Esta semana o prefeito do Rio anunciou o investimento de mais de 10 milhões de reais em um plano de prevenção de enchentes, intitulado “Plano Diretor de Manejo de Águas Pluviais”. Medidas como cadastro de 900 quilômetros de rede de drenagem, a inspeção de 1.500 quilômetros de rios e galerias e a aquisição de 40 estações hidrológicas estão previstas. Tirando a questão política de que o vencedor da licitação será anunciado apenas 2 dias antes do fim do mandato do prefeito, acho que medidas como essa são válidas. Botar a culpa de tudo isso no aquecimento global é fácil. O Carlos Nobre apareceu em vários jornais para falar sobre isso. Esse tipo de notícia dá muita audiência. Investir em prevenção é muito mais complicado e, com certeza, não dá audiência.

No final da entrevista, o professor Jorge Xavier lembra do papel de pesquisadores, governo e mídia neste tipo de caso.

“(…) para que tragédias desse tipo não voltem a acontecer é preciso haver uma ajuda mútua entre os pesquisadores e o governo. E também é necessário que a mídia esteja sempre nos lembrando dos efeitos dessa ocorrência evitando que os erros do passado se repitam, no futuro.”

Para ver a entrevista completa, leia a reportagem de Lorena Ferraz para o Olhar Virtual.


UPDATE
(12:36 – 05/12/08)

No meio de uma conversa com a Paula sobre a tragédia em Santa Cararina, descobri uma coisa interessante. A famosa Oktoberfest de Blumenau teve origem em um outro evento catastrófico. Vocês conseguem saber qual foi? Uma enchente! Abaixo um trecho sobre a história do evento.

“A Oktoberfest de Blumenau teve sua primeira edição em 1984, logo após a grande enchente em Blumenau, em 1983 Blumenau foi quase totalmente destruída pelas águas do rio Itajai Açu. Inundadas até os telhados, na vazante as casas eram apenas restos enlameados das até então belas casinhas com jeito europeu, caiadas e com cercas cuidadas, muitas flores e frontais de madeira envernizada. Demorou um bom tempo até que a cidade pudesse voltar à uma certa normalidade, com o apoio da prefeitura e do governo do Estado. Mas cada chuva se transformava em uma ameaça. Em 1984, antes mesmo que a cidade estivesse funcionando normalmente, uma nova enchente, de proporções maiores para uma cidade ainda em recuperação da enchente anterior, destruiu Blumenau. “Completamente”, dizem alguns blumenauenses. “Menos a coragem do povo”, dizem outros…”

Para ler mais sobre a famosa Oktoberfest de Blumenau, entrem aqui.