Passei seis anos da minha vida dedicados a academia. Iniciação científica, mestrado e um doutorado engatilhado. Porém entre o doutorado e o mestrado, tive um ano para repensar minha vida. Diferente dos anos anteriores onde fui emendando uma coisa na outra, a onda acadêmica me levava.
Para que eu faria um doutorado? Prazer, realização pessoal, orgulho, gostar de ciência… tudo isso eram atrativos. Porém, toda hora me vinha a cabeça o tempo entre o mestrado e doutorado que fiquei sem bolsa. Me encontrei no limbo, sem contato nenhum fora da universidade e sem possibilidade de ganhar dinheiro dentro dela. E foi nessa situação de extrema tristeza e desilusão que tomei algumas atitudes para minha nova vida.
Isto mesmo, como na alegoria da caverna de Platão. Um mundo de sombras. A sombra da publicação, a sombra da pressão do seu programa de pós-graduação, a sombra do seu orientador, entre outras. É… o mundo de ilusão da universidade é muito sedutor. Professores com egos inflados, viajando pelo mundo (e de graça! Como vocês sabem a universidade sempre libera verba para esses “congressos”). Eu admirava isso. Toda essa politicagem dentro dos institutos. Estava cercado de Pseudo-Deuses.
Sempre imaginei: “Poxa, me formei numa universidade ótima, tenho mestrado nessa mesma universidade, arrumo emprego quando quiser…” Nem preciso dizer que quebrei a cara. O mundo real é diferente, as coisas são bem mais difíceis! Os contatos são muito importantes. Por sorte, acabei conseguindo trabalho alguns meses depois. Hoje, leciono em dois colégios. Mas, trabalhar como biólogo ainda não consegui.
Nesse momento, me pergunto: E se eu tivesse um doutorado? Bem, na minha humilde opinião, seria a mesma situação, só que 4 anos a mais na falta de experiência no mercado. Qual o futuro de um Doutor no Brasil? Se não for para ser professor de Universidade ou em um raro centro de pesquisa, acho que só vale de pontos a mais um uma possível prova de título em um concurso público. Nosso país precisa absorver esses pós-graduados. Não podemos ter a profissão de pesquisadores? Nosso país gera tanta tecnologia assim para a quantidade de doutores e mestres que produzimos? Ou será que estamos formando uma massa de desempregados super qualificados? Qual o futuro de um doutor? Pós doutorado atrás de pós doutorado para ter uma bolsa?
Um doutor não pode nem financiar um carro no nome dele. Ele não tem comprovante de renda! É um absurdo! Temos prazo de validade, esse prazo é a data do término da bolsa! Ou quem sabe, te pasteurizam de novo e prolongam essa prazo por mais 2 anos.
É nesse contexto que vemos as notícias de fraude de dados se ampliando cada vez mais. É a pressão para sermos os melhores do mundo, temos que publicar em revistas internacionais. Fazer ciência para o Brasil e publicar para gringos. Tenho certeza que o número de pessoas que leram os trabalhos que participei como um dos autores é ínfimo diante das pessoas que já leram o que escrevi nesse blog.
Mas aonde quero chegar? Acredito que é vital que o Brasil crie instituições para absorver todos estes cientistas altamente qualificados. Pois, ou os perderemos para o exterior ou não vão trabalhar na área que foram altamente capacitados a trabalhar (investimento de milhares de reais no lixo). Ou se não, teremos que abrir 1 milhão de universidades para ter vaga para tanto professor!
Bem, essa é minha humilde opinião. E que venham as críticas…rs
Senhores(as), diante de tantos depoimentos, fiquei um tanto quanto intrigado.
Digo isso pois sou químico e trabalho na insustria desde que me formei. Passei por várias e nunca houve uma valorização pelo maior esforço feito. Começei a dar aulas em um curso técnico, achei muito bom e proveitoso.
Fiz a prova do mestrado, estou querendo largar tudo para insvestir na carreira e realmente pretendo virar professor. De certa forma eu entendo o lado de um profissional pesquisador o que é diferente de um profissional da educação. Mas diante de tudo que já passei, acredito que ainda dar aulas é menos stressante e mais lucrativo que uma insdústria, deixando claro as proporções. Na região que moro, sempre há falta de profissionais qualificados (professores) em várias áreas.
Então pergunto as vocês … o problema é ser tornar um pesquisador ou a profissão como docente esta complicada onde vocês se situam?
Sorte à todos!!
Desculpem pelos erros de português!!
voce esta num pais de idiotas, caro amigo devia ter visto antes
voce esta num pais de idiotas, caro amigo
Nossa, eu nem sei o que dizer. Também já passei por uma situação, digamos que semelhante. É muito triste a situação de pessoas formadas em áreas como as nossas (sou formado em química). Eu comecei um mestrado em uma outra cidade e, por falta de apoio de muitos e maturidade acabei desistindo. Retornei a minha cidade e recomecei o mestrado aqui mesmo. No entanto, passei por tantos problemas, como crises familiares e falta de dinheiro. Pensava: “Meus amigos que fizeram Direito ou Medicina já estão trabalhando , de carro, e eu aqui, andando de ônibus, catando moedinha…” Foi aí que mais uma vez desisti do mestrado! Abandonei tudo. Hoje, faço Direito, estudo pra concursos (até pra nível médio pagam mais que pra um doutor, algumas vezes), mas não sei se tomei a atitude correta. Na química, eu sentia um tesão, sabe?! Era o que eu, de fato, amava! No Direito, eu estudo muito, mas sem aquela vontade, sem aquela ânsia de querer saber mais e mais. Tenho 25 anos e tenho medo de lá na frente me arrepender. Tenho medo de ser mais um frustrado! Foi mal, gente…foi só um desabafo! 🙁
Amigo, voce desistiu do mestrado uma vez e conseguiu entrar novamente?
Boa noite!!
Quero dizer que adorei o texto e o blog!!! Estou passando por uma situação profissional muito difícil e até fiquei doente por conta disso.. ainda estou muito indecisa se devo ficar na área de Biologia ou não..Me formei em 2011 e já emendei no Mestrado de Ecologia. Só que quando estava na Pós descobri que a minha “orientadora” desviava dinheiro que era teoricamente para os estudantes da pós. Então fiquei numa situação delicada porque minha pesquisa era em um outro Estado, não tinha bolsa e ainda pra piorar estava estudando em outro estado, então já tinha gastos com hospedagem, alimentação,etc.. que minha família me ajudava. Não daria para gastar mais dinheiro com a pesquisa. Fiquei numa situação tão delicada que optei em abdicar do curso e voltar para minha Cidade. Desde que voltei não consegui emprego e nem orientação para prestar seleção para o Mestrado na minha cidade.. essa pequena experiência profissional me fez ver tantas coisas, ter decepções, frustrações.etc..
Fora algumas sacanagens que fizeram comigo que prefiro não comentar..hoje me encontro isolada, sem contatos profissionais e orientação e no final das contas não sei se vou continuar na área ou não..apesar do amor que tenho, me preocupo muito com o futuro e como as coisas vão ficar..quero fazer algo que ame e que me dê dinheiro e não sei se a Biologia vai me fazer conquistar os dois..o mercado tá saturado de gente e poucas oportunidades, eu não tenho vocação para ser professora e isso também complica..
Nesse momento estou fazendo uns tratamentos de saúde pois tudo isso me deixou muito debilitada…quando melhorar quero decidir qual o caminho devo seguir..
Foi realmente muito bom ter visto o blog e saber que tem pessoas que tb se preocupam com isso e passaram situações difíceis como eu..não que eu deseje o mal das pessoas, mas é que eu fico cada dia mais com a certeza de que talvez esse não seja o meu destio, que talvez seja melhor ver outros caminhos..
Valeu gente, força e sucesso!!
Gente, a BIOLOGIA está acabando com meu casamento. Quando conheci meu marido, fazia mestrado e eu pensava que ele ia continuar se empenhando e ter um futuro como profissional.
Bem, fomos morar juntos no fim do mestrado, já fazem 5 anos, ele ficou desempregado muito tempo, conseguiu substituição por 2 anos, mas de todo este tempo já fazem 3 anos de desemprego. Eu penso muitas vezes em deixá-lo pois não aguento esta situação, nossa, quantos concursos fez, já perdia conta, mas as vagas são muito reduzidas, ele quase passa sempre. Estou muito desanimada, por isso achei este blog para desabafar.
Camila,
Não sei muito o que falar nesse momento. Se vc gosta dele, acho que deveria apaioá-lo. Mas sei como ele deve estar se sentindo tb. Força para vcs.
Como as coisas são curiosas. Não te conheço pessoalmente, mas eu vivencio EXATAMENTE o que vc descreveu. Com um agravante: já estou no meu 4° ano de doutorado e não tenho mais bolsa! Continuo procurando emprego e nada (faz 5 meses!). Tenho um cv acadêmico competitivo (Fiz MSc na UFRJ e conclui com 2 artigos; estou na UNICAMP e publiquei 3 no PhD). Mesmo assim, infelizmente, encontro-me nesta situação. Por uma decisão errada do meu orientador, sou obrigado a sofrer as conseqüências. Enquanto isso, ele permanecerá lá, incólume.
Durante este doutorado, posso dizer que “aprendi” porque a Ciência no Brasil nunca será protagonista no Mundo. Isso até daria uma tese (rs). Minha teoria é que o problema encontra-se no tipo de gestão. A proteção demasiada do servidor público (professor/pesquisador) é um estímulo à mediocridade. Ele trabalha exclusivamente por seu ego, pois não existe a possibilidade de perder seu emprego caso “aposte” em projetos científicos fadados ao fracasso. Duvido que isso ocorra em países com alto impacto científico como EUA, Alemanha, Inglaterra e, mais recentemente, a China. Neste lugares, além do ego (claro!), o seu emprego encontra-se na reta.
Outro problema é a forma que algumas Universidades organizam seus programas de pós-graduação. Eu (romanticamente) acreditava que o sucesso só dependia de mim. Contudo o filtro do sistema continua sendo econômico! Pela simples razão: se minha bolsa não é do meu orientador (adquiri via seleção, logo meu mérito), porque a faculdade permite que ao orientador cabe a decisão da defesa do seu aluno? Volto a repetir: possuo 3 artigos publicados no meu doutorado e meu orientador acha que ainda não tenho tese e não me deixa defender. Isso não acontece só comigo. Outros colegas ficaram até 1 ano sem bolsa! Infelizmente, eu não tenho pa(i)trocínio. Infelizmente, mesmo os mais bem intencionados, mais cedo ou mais tarde, caem perante a máquina e se tornam ou frustados ou medíocres (pseudo-pesquisadores).
PS.: Por questões óbvias, postei de forma anonima
Olá Anônimo,
entedo a sua situação e já vi algumas piores. Por exemplo, aluno de doutorado dando faxina na casa de orientador, pois o mesmo não deixava o aluno defender. É algo asqueroso. Temos que divulgar o nome desses caras. Em seguida, sugiro entrar com processo de assédio moral após sua defesa. Isso não pode ficar assim. Boa sorte.
Bom encontrar esse post depois de tanto tempo, passei algo parecido como você.
Durante o curso de graduação fiz apenas 6 meses de estágio (pra poder me formar) antes do final deste saí já que na minha visão não aprendia nada de muito prático fora que era explorado tendo que as vezes cumpri jornandas de 8 horas mesmo em período de provas. Bom, assim que acabei a graduação entrei direto para o Mestrado num curso muito bom, nota máxima no CAPES, com direito a bolsa etc etc.. A experiência foi muito boa, aprendi muita coisa, me tornei grande amigo do meu orientador e tal… E conclui o curso com artigos publicados e crente que iria entrar no mercado facilmente e me deparei com esse problema “não tem experiência”, o pessoal no Brasil não entende muito bem essas coisas, se vc tiver 1 ano de experiência que seja, entregando café e preenchendo planilhas já vai ser mais bem visto que cursando um Mestrado “top”.
A solução que encontrei pra não ficar sem fazer p… nenhuma foi dar aula como prof. substituto numa faculdade pública (salário horrível) e entrar no Doutorado, desta vez consegui entrar em Economia (uma área muito mais aplicada e voltada ao mercado do que a que fiz no Mestrado) na FGV.
Agora estou no último ano do Doutorado e consegui entrar num processo seletivo numa Multinacional e depois de defender a tese em Dezembro vou direto pra sede no Canadá trabalhar, graças a Deus.
Pela minha experiência destes anos no Brasil não se leva muito em conta estudos de pós graduação, apenas MBAzinhos furrecas que qualquer um faz pagando (coisa que nunca fiz, toda minha vida estudei de graça). Você sai com seu MBA mixuruca que não aprende porra nenhuma, uma dissertação medíocre e já entra de Diretor em qualquer empresa quanto lá fora em altos cargos só entram PHDs.
É uma realidade cruel mas minha dica pro pessoal que tá estudando doutorado é aplicar em carreiras lá fora, faça numa faculdade boa e tente em outro país, os gerentes e diretores da empresa em que eu trabalho que estão no Canadá são TODOS doutores, coisa que nunca vi no Brasil, onde só se limitam a pesquisa.
Concordo com o exposto, Breno. Ah, se eu tivesse lido opinões desse tipo antes de ingressar nessa ‘furada acadêmica’; com toda certeza repensaria sobremaneira se de fato valeria a pena fazer uma pós sem antes encarar a realidade do mercado. Pois é, acho que em muitas universidades os alunos meio que se deixam levar pela áurea dos títulos e esquecem de se informar mais a respeito da verdadeira utilidade daqueles na sua formação profissional. Principalmente aqui no Brasil, onde o sistema de pós-graduação das universidades públicas visa tão somente formar professores/ pesquisadores; deixando de lado as preocupações em se criar relações entre o universo acadêmico e o ramo empresarial. Por isso é que existem tantas pesquisas sem utilidade alguma, tantos orientadores desorientados e alunos desacreditados. Por outro lado, alguém desse círculo deve sair ganhando, afinal é muito dinheiro investido; decerto, nós alunos é que não somos! Uma pena porque conheço pessoas que eram (não são mais) apaixonadas por fazer pesquisa, mas diante da falta de ética, assédio, burocracia, e tantos outros impedimentos já apontados, simplesmente desistiram por não enxergar boas perspectivas. Eu que não era ‘apaixonado’, apenas gostava, não pensei duas vezes em largar tudo e ir em busca de algo que realmente me satisfizesse profissionalmente.
É complicado a politicagem que rola dentro da universidade pública, principalmente na hora da seleção para mestrado,doutorado, concurso para professor, etc. Na maioria das vezes entram aqueles que foram indicados por algum ‘padrinho’ no processo seletivo. É triste mas é a realidade, não há seriedade nesses processos. E de fato, não adiantam tantos títulos se há ausência de experiência no mercado. Por mais que o brasil tente se desenvolver a ‘mente’ continua de país emergente.
Parabéns pelo texto. Excelente reflexão da nossa triste realidade.
Puxa vida, quanta gente pessimista! Ao fazer uma busca rápida na internet, não sei o porquê, mas vim parar neste blog. Primeiramente, acho que as dúvidas são pertinentes, eu mesmo já me questionei bastante dessa forma quando estava no final do meu doutorado. Entretanto, 3 meses após ter recebido o título de doutor fui aprovado em uma universidade federal. Hoje ao me lembrar dos colegas de pós graduação que tive e que terminaram o doutorado, percebo que nenhum está desempregado e que os que não foram aprovados em concursos públicos estão bem empregados lecionando em universidades.
Estão parecendo vestibulandos em dúvida se vale a pena estudar tanto (e sem bolsa nenhuma) para entrar numa universidade se há concursos de nível médio que pagam fortunas.
Se esforcem mais e reclamem menos, o mundo é competitivo em todos os níveis.
Mas esse é o problema. Eu por exemplo não tenho a mínima vontade de prestar concurso para ser professora e pesquisadora em uma universidade pública. Simplesmente não quero me amarrar de vez a vida acadêmica justamente porque mesmo agora ainda na graduação ODEIO toda essa situação nas universidades. A única coisa que me prende é o meu curso (que amo de verdade) e a vontade de ir até o fim com o que me proponho a fazer.
Sou uma ótima aluna (do ponto de vista acadêmico), tenho notas excelentes e tudo o que seria necessário para me encaminhar para um doutorado direto, se fosse minha vontade. Mas me recuso com muito orgulho de não seguir esse caminho por falta de opção, medo de não arrumar emprego e etc…mesmo sendo muito criticada diariamente por todas as pessoas que conheço praticamente.
Parabéns !!!! Pelo texto. Fiz mestrado, doutorado e pós-doutorado em química. Cheguei a ganhar dois importantes prêmios. Um é o mais importante prêmio oferecido pelo Estado de São Paulo. Escrevi 2 Patentes, entre vários artigos. Tentei me ingressar como professora em uma das mais importantes Universidades, quando fiz o concurso achava que meu concorrente iria conseguir,pois eu o considerava muito competente. Porém, antes do concurso fiquei sabendo pelo meu próprio ex-orientador que ele não passaria porque muitos ali não o queria. Me disse, é sua chance. Entretanto ele não sabia que muitos ali não gostavam dele,pois ele e muito competente. Logo sua ex-aluna não seria bem vinda. Resumo da opera, nenhum dos dois foram aprovados no concurso. O mundo Científico é ético???
Passei algum tempo trabalhando como professora, mas o salario era tão baixo que resolvi cuidar dos meus filhos. Hoje tento voltar, para o mercado de trabalho e não consigo. Pois não tenho experiência na indústria, os PRAZO DE VALIDADE trabalhos científicos por mim realizados já de encontram EXPIRADOS.
Muito boa a reflexão. Parabéns.
Concordo com o texto. Cair na basteira de fazer doutorado e hoje estou meio que arrependido. Entrei pelo fato de poder aprender mais e também para receber uma bolsa de estudos, pois estava sem emprego na época. Mas depois comecei a perceber que as coisas que eu tive que aprender não eram tão interessantes quanto foram no mestrado, e que na verdade eu estava lá mais para inflar ego de professores do que fazer de fato o que me interessava. No final vou acabar ganhando um título sem valor para mim. Além disso, depois de tanto tempo só no meio acadêmico fica difícil vc conseguir algo no mercado de trabalho.
Olá Breno,
Concordei demais com o que você escreveu. Tenho mestrado que agarrei com todas as forças numa instituição pública e estou caminhando para o doutorado, esperando o resultado da seleção que me inscrevi há duas semanas. Fiquei só um ano no limbo, trabalhando como bolsista de pesquisa. Segui esse caminho porque quero muito dar aulas em ensino superior e poder trabalhar com pesquisa, não há outro caminho senão esse.
Mas uma coisa que acho pertinente lembrar, é que essa é nossa área, talvez de mais alguns profissionais, não sendo verdade absoluta para todos. Tenho amigos de outras áreas, principalmente da Engenharia, que só com a graduação estão dando aula em cursos superiores no interior. Um mestrado na área de engenharia torna o cara um Deus da área até numa capital! Aí sai aquele edital de concurso ou seleção de faculdades particulares, quando você vai ver nas exisgências mínimas, pra gente, biólogo, tem que ter no mínimo doutorado na área. Para engenheiro basta o cara ter um mestrado e pronto, ele pode assumir o cargo da área dele, enquanto a gente precisa estudar 4 anos a mais. E eles nem costumam achar o cara da engenharia com mestrado!!
Para mim isso é desvalorização do profissional biólogo (e outros mais). O mestrado de uma área como engenharia não tem como foco desenvolver uma pesquisa, é só disciplina e mais disciplinas. Enquanto isso, se um biólogo vai pro mestrado ele tem a carga horária gigante de disciplinas e um projeto que tem que ter qualidade para agradarorientador e banca.
É muito importante pra nossa formação e tal, mas o mestrado é só um diploma que você vai ter antes do doutorado se quiser seguir a carreira acadêmica e não valoriza quase nada o seu currículo para o mercado de trabalho. Pelo contrário! Hoje o mercado quer pagar pouco pro biólogo, por isso, quanto menos especialização o cara tiver, melhor (com algumas raras excessões). Triste a nossa realidade!
Maíra, um candidato a mestre em Engenharia assiste aulas, desenvolve uma pequisa, escreve uma dissertação e defende seu trabalho perante uma banca examinadora como em qualquer curso de mestrado.
E quanto a concursos públicos para professores na área de Engenharia, o que acontece é que muitas vezes não há procura ou mesmo candidatos com doutorado para preencher as vagas. Assim, um concurso para professor adjunto acaba virando um concurso para professor assistente. O que vejo é que há atrativos maiores para o engenheiro recém formado entrar no mercado de trabalho do que seguir em um curso de mestrado. Por isso acredito que existem poucos mestres e doutores.
Onde eu assino embaixo?? rs. Texto PERFEITO.
Bom Breno, fiz doutorado e pós doutorado. A realização pessoal não tem preço. Digo que os tempos mudam e continua mudando e nós estamos mais preparados para o futuro.Explico, na época do meu pai ter apenas 4° ano do primário valia para conseguir um emprego que dava para sustentar bem 4 filhos e ter casa. Na metade da década de 80, com diploma de engenheiro arrumava-se emprego com facilidade e ganhava-se bem, conseguia comprar casa e carro. Agora com diploma de engenheiro já não é assim, precisa ter experiência para angariar sofrido uns 3 paus. De tanto pacotes econômicos, os salários defasaram tanto que precisa juntar a renda da esposa para comprar um apertamento de 40 m2 para pagar em trinta 30 anos.Os que conseguem emprego em uma empresa, mais da metade não estão satisfeitos com o seu trabalho ou seja fazem o que não gostam, mas precisa sustentar família e tudo mais.Outra coisa, vc precisa de ter “QI” (risos) ter Quem Indique, pois vc pode ter um currículão medonho, e não tem que te indique.Então faça contatos, em workshops, feiras, congressos, etcs.Os tempos mudam e continuam a mudar, pois tenho colegas que já me disseram em algumas empresa lá nos USA, precisa de grau de doutor para trabalhar em seus laboratórios.Outro lado existe esta discriminação de ser “acadêmico” ou “profissional de fabrica”, bom ambos vieram da graduação e fato de ser mais graduado é bom para empresa penso eu, porque o Brasil em alguns segmentos já não está acompanhando mais as inovações tecnológicas por falta de mão de obra qualificada. Está sendo mais fácil fornecer matéria prima do que fabricar, é só importar produtos de alto valor agregado e por rótulo e vender aqui no mercado interno, isto é bastante comum.Por isto o profissional de pesquisa é mais útil lá fora (tenho vários amigos lá).O governo parece que já enxergou isto, mas aqui as coisas só andam de 4 em 4 anos e até lá já me aposentei quebrando galho com aulas na faculdade.Penso que vc gosta vale apena fazer doutorado e sem esta de apostar em retorno.Estudar é uma coisa que vc não arrepende e sim deixar de fazê-lo aí sim bate um arrependimento, por que como já falei lá na frente o tempo já não é o mesmo e as exigências são outras.
Obrigado, era tudo ou mais do que eu precisava ouvir para tomar coragem para ir atrás de mestrado e doutorado… Até me sinto mais aliviado…
Não culpe sua incompetência e frustrações na pós. O que diferencia os bons dos ruins são textos como o seu.
Típico comentário de frustrado com atitudes de perdedor, não é de se espantar toda essa ladainha.
Cara Leonardo,
não culpo minha incopetência não, sei que não sou bom em tudo. Mas engraçado sua agressividade no cometário.
Leu o post e doeu? Se viu nessa situação? Sua bolsa de pós está acabando e você está vendendo a alma para ganhar uma boquinha em algum projetinho? Sua mamãe fala nas reuniões de família que você é um coitadinho que estudou muito, mas não teve chance? É rapaz, não é contra mim que você deve ficar não. O inmigo é outro.
Perdedor…Frustrado… Não são os adjetivos que você deveria se referir a mim. Estou fora da academia e bem empregado na minha área em uma empresa particular, coisa difícil para quem tem até doutorado hoje em dia, por exemplo.
Sobre difenreciar os bons dos ruins, concordo com você. Não é à toa que esse post chegou até você ou você até o post.
Tira essa suas mascarazinha de adolescente rebelde e vai fazer algo de útil.
O Leonardo, vc é vencedor onde? Pra quem? Pelo o que? Talvez o que te satisfaz não serve pra ninguém que está nesse post. Apenas pra vc!
Muito bom o texto! Essas mesmas dúvidas tem me assolado a mente nos últimos anos. Estou terminando Biologia numa universidade federal e tenho pensado seriamente em não seguir carreira acadêmica, pois me desiludi bastante com a realidade da universidade, educação e Ciência brasileiras. Não existe a valorização profissional, tanto em termos financeiros quanto sociais, dos professores e pesquisadores, servindo o mestrado e doutorado apenas como títulos para inflar ego. Estagiei em um laboratório aqui em minha faculdade e a experiência não foi nada boa e me deixou certas angústias e dúvidas sobre a ética e do que as pessoas podem ser capaz em prol de seu ego e reconhecimento de seus pares no meio científico. Vi abusos éticos, morais e até físicos durante o curso e sofri também, mas fazer o que se não existe justiça acadêmica. Fico imaginando o futuro da Ciência no Brasil por conta dessa desvalorização e falta de ética por quem a faz, pois não é nem um pouco justo você se matar de estudar e pesquisar para ganhar pouco e ainda ser abusado, se no mundo existem profissões melhores que requerem pouco tempo e energia de estudo. Bem, mas a experiencia que tive me abriu os olhos para a realidade crua e acordei do sonho em que estava mergulhada… A Ciência é boa, desde que feita pautada na verdade.
O ponto é que a ida para a pós graduação é um passo automático para alguns formados (isso também vale para a saída do ensino médio para o superior), sem qualquer avaliação do que se quer da vida. O esforço que demanda cursos de mestrado e doutorado só é válido se a pessoa pretende seguir carreira acadêmica. Se você não tem essa aspiração, o melhor é ir para o mercado de trabalho.
Bah, estou no doutorado, pensei exatamente a mesma coisa. Sou Farmacêutico, na minha área ate existem indústrias que contratam cientistas, mas poucas e concentradas. Infelizmente, para o Brasil, os cientistas brasileiros tem que fazer carreira fora do Brasil, tive propostas da Índia e da China, preferi acabar o doutorado. No fim a maioria do investimento brasileiro em ciência será utilizado no exterior.
Nossa Breno, sei exatamente como você se sente…acabei de defender meu Mestrado também por uma universidade pública, e é pura ilusão achar que basta a titulação para ser contratada prontamente, na área e por um salário compatível. Infelizmente a questão de contatos é muito importante, e infelizmente na academia as indicações nem sempre existem…Mas que tenhamos sorte fora desse mundo que também percebi como ilusório. E boa sorte pra quem seguir pelos caminhos acadÊmicos também!
Muito interessante a discussão. A questão da pós-graduação no Brasil realmente anda de forma periclitante. Do ponto de vista do mercado de trabalho, restam aos mestres e doutores a docência e seus parcos salários (o de um Doutor de Universidade é igual ao de um policial rodoviário federal, cuja qualificação necessária é apenas o ensino médio). Hoje não recomendo a ninguém que faça um mestrado pensando em mercado de trabalho. Ou se faz para recompensa pessoal (igual a um hobby-que é ao que o governo federal reduz a pesquisa no Brasil-), ou não se faz. Não compensa do ponto de vista econômico. Basta pensarmos, o que é mais fácil, passar em um concurso qualquer, com boa remuneração, ou fazer um doutorado e depois ainda ter de passar nos já questionáveis concursos das universidades? Isto é, quando eles saem editais. Pensem nisso…
Concordo que o Brasil precisa investir muito mais em centros de pesquisa e locais onde as centenas de profissionais altamente qualificados, que estão se formando anualmente, possam se inserir após concluir sua pós-graduação. Acho sim que nós temos que lutar muito por isso, mas, como toda luta, será um processo árduo e lento. Entretanto, também acho que um grande problema está no fato de a maioria dos centros não ligados à academia não reconhecerem os pós-graduandos (stricto sensu), especialmente os das áreas biológicas, como “profissionais altamente qualificados” e sim, como “estudantes sem experiência”. Até o término do doutorado, a idade média é de 29-30 anos. Se esse profissional “recém-doutor” procurar novas alternativas de emprego não vinculadas direta ou indiretamente à Universidade (até porque não há espaço para todos), por exemplo em industria farmacêutica, cosmética, etc., a indústria entende o recém-doutor como um “velho” de 30 anos sem experiência profissional. Acho que esse é um quadro que precisa ser mudado com mais urgência: o reconhecimento do Mestre ou Doutor (das áreas biológicas) como PROFISSIONAIS que carregam uma bagagem de conhecimentos teóricos e, principalmente, práticos e que possuem sim experiência, uma vez que passam mais de 80% do tempo em bancadas de laboratório trabalhando e não em salas de aula. A pesquisa no Brasil é feita pelos pós-graduandos e sua qualidade tem aumentado e ganhado reconhecimento graças a eles. Dessa forma, os pós-graduandos (stricto sensu) prestam um serviço ao governo e, portanto, devem ser reconhecidos não só como estudantes, mas como trabalhadores. Se os pós-graduandos que trabalham nas bancadas tivessem carteira assinada, com todos os direitos, levando-se em consideração a insalubridade (uma vez que a maioria está exposta constantemente a produtos tóxicos e altamente prejudiciais à saúde), acredito que isso poderia ser um grande começo para mudança desse quadro.
Concordo em parte com seu artigo, mas acho que precisa reavaliar sua percepção acerca das publicações internacionais. Revistas publicam poucos artigos de brasileiros porque o conhecimento universal gerado aqui é ínfimo, tendo em vista certas influências ideológicas que nos afastam do conhecimento útil. Produzir teorética é uma coisa; produzir teorética útil e aplicável na prática de um mundo que necessita – sim – de ciência, é outra bem diversa.
Cara.. concordo com tudo o que está escrito aí. Terminei o mestrado e estou para começar o doutorado. No entanto, estou trabalhando em um colégio, com a possibilidade de conseguir algo ainda melhor. No entanto, por questões de realização profissional, quero fazer o doutorado. Sempre quis seguir a carreira acadêmica, mas cada vez mais fico decepcionado com a atual situação da educação de nosso país. Como você mesmo disse, os doutores estão aí apenas para dar aulas em universidades?
Outra coisa que é importante ressaltar é a especialização da especialização da especialização. Existem concursos que exigem o doutorado, mas que tenha sido relativo a uma área extremamente restrita. Não adianta colocar apenas uma área abrangente, pois quem realiza a prova sabe que choverá doutor para prestar o tal concurso. Isso quando os concursos não são arranjados, né? Você se desloca de uma ponta do Brasil para a outra, quando chega no local, antes mesmo da avaliação já fica sabendo que tal pessoa conhece a banca examinadora, trabalhou no departamento em questão ou é filho de algum conhecido da banca.
Palhaçada!
Concordo com o que disse sobre os nossos doutores serem exportados, mas, se possível, irei para fora do país, para quem sabe, nunca mais voltar. Lá poderei ser reconhecido, por méritos pessoais, mas aqui não tenho tanta certeza…
Oi Breno, ótimo texto (como é habitual neste blog).
Não tenho muito a acrescentar ao texto como um todo, só digo que passo por situação similar ainda no mestrado. Pra mim é particularmente difícil, justamente por ter optado por um mestrado fora do país, e sem bolsa nenhuma.
Já fui mais de defender esta carreira acadêmica completa, mas hoje, assim como você, questiono se vale mesmo a pena estudar tanto e por tantos anos.
Enfim, assim como muitos, também me compadeço com seu dilema.
Eu tive sorte de prestar concurso para professor em uma época na qual somente a graduação bastava. Como nunca fui DE, e sempre tive um pé no “mundo real”, nunca tive tempo para fazer mestrado ou doutorado. Tenho sentimentos conflitantes a esse respeito. Sei que minha experiência profissional equivale a um mestrado, talvez a um doutorado, mas me sinto meio “manco” sem esses títulos. Por outro lado, tremo só de pensar na perda de tempo que seria fazer esses cursos a essa altura da vida #44 anos#. Detesto pensar em mergulhar em um programa de trabalho definido por outra pessoa e, a não ser que meu orientador fosse um santo, sei que provavelmente nos mataríamos bem antes do fim da tese. Mas, segundo disse o reitor da Universidade do ABC em uma palestra recente, há uma alternativa: o doutorado “honoris causa”. Afinal, quem vai dar aulas daquelas disciplinas altamente profissionalizantes, para as quais não há doutores no mercado? Deve haver uma alternativa e, se o doutorado “honoris causa” for realmente possível, temos de começar a implementá-lo. Alguem sabe de um “caso verdade” a esse respeito?
Lula, serve?!?
Olá Breno, tudo bom? Gostei muito, muito do seu texto. Foi realmente muito corajoso da sua parte expor o problema dessa forma. Tenho vários amigos que terminaram a graduação e foram logo para o Mestrado porque não têm emprego na área (Comunicação). Acho péssimo, mas compreendo a decisão deles. A pós dá uma bolsa e pelo menos dois anos para pensar o que fazer depois. É um paliativo interessante para quem não acredita ter outras possibilidade. Uma pena!
Abraços e tudo de bom procê
Caro Maichel,
passei e aindo passo pelos mesmos questionamentos que vc. Fico muito triste com essa situação nossa. E infelizmente não posso te dar um conselho que irá te tirar desta situação. Hoje em dia trabalho com educação no ensino de ciências (algo que tem me estimulado muito) e estou fora da vida acadêmica. De resto, compreendo perfeitamente o que vc passa.
Abraços e sorte…..
Olá
16 de dezembro de 2009, 13h58minPM.
Só posso deixar de lamentar, e buscar alternativas… Gostei dessa frase, citada anteriormente.
De tanto buscar alternativas, que são várias, cada vez fico mais confuso e cansado, com o passar do tempo e exemplos de situações ocorrendo com amigos de mesma formação (trabalhando em outras áreas) e formações diferentes (com várias ofertas de emprego), encontrei esse blog e me identifiquei muito com a situação do Breno.
Gostaria de saber o que vocês estão fazendo principalmente o Breno, já que começou a discussão em março, pois estamos em situações parecidas, será que vale a pena insistir em uma área que já não acreditamos mais? O que mais me deixa frustrado é perder tempo (madrugadas e finais de semana), preparando aulas para alunos que não querem aprender, enquanto vários amigos trabalham suas 8 horas por dia sem stress, com dinheiro nos finais de semana para aproveitar um pouco da vida, e tendo expectativas de crescimento futuro em suas empresas. Tenho 24 anos e sempre estudei, levei a sério e sempre fui o melhor aluno da classe, mas realmente, desde que começei a dar aulas para o ensino médio público, não consigo mais ver um livro de biologia.
Sou Biólogo formado há três anos registrado no CRBio e Mestre em Engenharia Ambiental desde abril deste ano. Nunca consegui emprego na área ou conheci um biólogo com ganhos decentes. Amo a ciência e o meio ambiente, mas estou tendo que rever meus conceitos, durante a faculdade fui vendedor, para me sustentar, durante o mestrado recebi bolsa da CAPES, dei aulas de ciências e biologia, trabalhei em escritórios de cobrança, fui estagiário de projetos, bom me virei como pude, sempre procurando uma vaga de biólogo (Catho, Manager, jornais, empresas, nunca vi uma) na metade do ano consegui aulas no ensino médio 20 horas de biologia e química e 20 horas em cursos técnicos na disciplina de gestão ambiental, estou frustrado com a vida de professor e principalmente com o futuro profissional, meus ganhos no momento são praticamente iguais a amigos que estão na metade da faculdade em áreas diferentes, realmente não estou tendo tempo para nada, pois entre a rotina de preparar aula, corrigir prova, ainda estou tentando publicar mais e mais artigos para entrar em um doutorado, conseguir uma bolsa, e tentando passar em concursos os quais não tem nada a ver com minha formação e que não tenho tempo nenhum para estudar, será que vale a pena? Dizem que fazer cursos de perícia ambiental, licenciamento, auditoria ajudaria, mais tempo, mais dinheiro, menos experiência… Por que não aprendemos isso na faculdade? Muitas idéias estão me passando pela cabeça, inclusive iniciar outra faculdade onde se tenha possibilidade de ter experiência profissional durante o curso, algo fácil e simples como a maioria faz e parecem estarem felizes.
O que mais ouço falar é meu Deus você é mestre, sim e dai?
Olha realmente até o fato de fazer mestrado não é algo a ser considerado, somente como status, visto que, existem muitos que fazem cujo objetivo nem vem a ser alcançado, serve apenas para dar títulos a mais a professores orientadores, que boa parte do tempo colocam nos seus currículos participações se beneficiando de trabalhos e titulos de reconhecimento para a universidade que dá aula…Na boa, o importante é investirmos em conhecimentos práticos, sermos reconhecidos como pesquisadores dentro daquilo que nos movita, o fato de sermos dignos na empresa que nos absorve, mas não num mundo acadêmico, onde apenas seremos mais um frustrado que caso não seja um professor de universidade , não será reconhecido, não viajará em benefícios da bendita faculdade para conhecer o mundo e trazer novas tecnologias..Conheço professores de universidades que ganham essas viagens para participar de congressos, buscar novas tecnologias..e quando nas viagens, usam da maior parte do tempo curtindo..comprando coisas para seu bel prazer…na boa..isso é uma vida de ilusões, fiz um mestrado algum tempo atrás, não vi frutos no momento que ali estive, não tinha bolsa, tive ótimas idéias de pesquisa, porém os orientadores só queriam que eu desenvolvesse algo do interesse dele, algo que no fundo não era prático e que nao levaria para o meu dia a dia profissional, eu quando pensei no mestrado, pensei em algo que eu pudesse levar para a prática em uma empresa, e não algo que seria apenas de gaveta..Existem muitas universidades que não pensam assim, querem coisas que muitas vezes na prática não funcionam..digamos é coisa bonita para americano ver…..isso para mim não é futuro, mas sim viver de ilusão…
Bom, eu vou discordar um pouco… Eu fiz graduação de 1997 a 2001.. depois de formado fiquei 1 ano desempregado até que em 2003 ingressei no mestrado e terminei em 2005, ai consegui alguns trabalhos como consultor ambiental (tenho certeza que só consegui esses trabalhos por causa do mestrado), agora ingressei no doutorado (defendo minha tese em 2011), estou com bolsa, mas já percebo que muitas portas estão se abrindo… eu acho sim que vale a pena fazer mestrado, doutorado etc… não podemos fazer algumas comparações, como por exemplo uma pessao apenas com curso técnico de eletrotécnica ganhando mais que um Pós-Doutorado…depende… não é uma comparação…
ah, Breno.. as suas angústias são idênticas às minhas.
Esse post foi pra mim uma terapia virtual.. Olha, viagem total essa de achar que mestrado e doutorado são imprescindíveis.. Eu não me iludo mais com isso. Nosso país não reconhece esses esforços.
É caro Breno,
você tem toda razão. Pensei que depois de minha frmação em psocologia, as portas do mercado de trabalho se abririam p mim. Ledo engano! Aí pensei: bem, preciso fazer uma pós graduação e tudo se resolverá. Ledo engano! Ah, tá me faltando fazer cursos livres para aperfeiçoamento, fiz: Hipnose, EMDR, Eutonia,blá,bla´,blá… continuo na mesma. Só que agora, o dinheiro acabou. Tudo que tinha investi em cursos e mais cursos para me tornar uma boa profissional e não me faltar clientes no consultório, ou mesmo uma boa colocação numa empresa. Resultado: Nem clientes no consultório (concorrência demais), nem emprego. Vou partir para outro ramo, chega de vida acadêmica. Estou cansada!!!
Escrito por: Vitória / Psicólga, 08/06/2009
Acho que muitos candidatos a cientistas se identificaram com este post. Eu também fui engatando em pós-graduação pela onda acadêmica. Mas aí durante e depois do mestrado comecei a questionar as mesmas coisas que o Breno e outros comentaristas relataram aqui.
Durante a graduação fiz iniciaçao científica e fui monitor de uma disciplina duas vezes seguidas. Mas aí chega o mestrado e fiquei numa péssima colocação durante a seleção. Fiz o mestrado sem bolsa. Logo depois do mestrado (saí da pós com 2 artigos publicados) tentei ser professor universitário (pra adquirir alguma experiência) e não consegui nada (até tentei dar aulas em cursinhos). Isso chega a ser bastante angustiante e como não consegui emprego, nem qualquer experiência profissional me resta voltar pro doutorado agora e depois sair mendigando bolsas por aí. Estou parado há um ano e alguns meses e nesse tempo eu e outros colegas aproveitaram pra garantir vaga em concursos que muitas vezes não tem nada a ver com nossa formação (concursos de nível médio inclusive) e vamos acabar seguindo outros rumos.
Meu protesto aqui é a falta de mais oportunidades, de mais reconhecimento e de mais bolsas (há ótimos doutorados por aí, com excelentes orientadores e apenas uma ou duas bolsas disponíveis), afinal também é um emprego a que dedicamos (trainnes de empresas recebem muito mais que uma bolsa de doutorado).
Muito bom seu texto e mais importante ainda a sua postura.
Sou químico, graduadao a mais de 12 naose trabalho na profissão desde então.
Recentemente eu ingressei no mestrado. Pernsei que conseguiria tratar com profissionais iguais a mim. Ledo engano. A mentalidade acadêmica simplesmente está completamente divergente do mundo real de onde eu vim.
Os professores não se comportam como profissionais e os colegas de mestrado, esses infelizes não tema a menor noção de nada sobre o que é ser profissional.
Simplesmente saí, para não me aborrecer.
E depois se pergunta: ” Porque tem tanta gente com diploma de mestrado, doutorado , pós doutorado que não consegue nada em ambientes industriais”. Isso se aplica também a muitos professores doutores-pos-doutores-pós-sei-lá-mais-oquê que só passam o conhecimento acadêmico e naõ tem a menor noção desse mesmo mundo real.
é, na graduação falávamos que nos tornaríamos de futuro do país a empecilho social
mas esse lance de fazer pra gringo ver tá presente em todos os aspectos da educação, desde do prézinho ao pós-doc.
é só ver como é lamentável aqueles dados de provas internacionais de educação como o pisa.
Breno, por esta consciencia que manifestas agora acerca da “nossa realidade”, é que sem pena, larguei meu mestrado, depois de todo o trabalho de articulação que tive para garantir tudo que precisava antes mesmo de ter certeza do que queria… busquei cada detalhe, bolsa, laboratório, recursos, pessoas, possibilidades, … entreguei o bendito projeto com muita satisfação, estudei feito um doido, tendo 2 empregos pra cumprir, pois sempre tive que me sustentar (algo que faço desde a adolescencia); só que ao chegar num ponto onde eu teria que recomeçar do zero kelvin pra viver de uma bolsa (à época de cerca de R$840,00), e com uma perspectiva tenue de retorno tanto financeiro quanto de resultados praticos da pesquisa, ..ao chegar ao climax da situação, desisti de tudo e me lancei no mercado de trabalho… obviamente obtive muito mais ganhos e experiencia de vida nestes anos que se passaram, do que teria se estivesse no mestrado, embora não seja algo que me de tanto prazer quanto pesquisar. ..mas ao pensar no futuro “real”, preferi deixar pra depois.Não sei se o resultado da dedicação ao mestrado teria realmente servido para alguma coisa, já que na minha visão, ou é útil, ou não serve pra nada. .. E ter tanto trabalho para não servir para quase ninguém além de algumas discussões academicas, ou para algum figurão ganhar dinheiro às nossas custas, francamente me desestimulou muito….talvez se tivessemos nascido canadenses, australianos, britanicos ou franceses (por que me livrem as divindades de nascer norte-americano), fosse um orgulho ser academico e pesquisador, mas na realidade em que estamos de desvios e pensamentos estreitos, onde nosso esforço não parece merecer lá muita atençao, só posso deixar de lamentar, e buscar alternativas… e é neste caminho que estou, na busca de alternativas… ..pense nisso. Deixe a frustração pra trás, e caminhe junto com as alernativas…
Oi Breno!!!Primeiro queria dizer que o seu texto relata não só a sua dúvida, mas a dúvida de todas as pessoas com quem já conversei e que estão no fim da faculdade. Até porque é mais uma etapa da vida que se encerra e por isso exige de nós o esforço de um recomeço. A questão é definir o rumo. Realmente somos privilegiados por termos a oportunidade de estudarmos o que gostamos e muitas vezes receber bolsas para isso. Mas é exatamente isso que nos acomoda e nos torna dependente da vida acadêmica. É evidente que todos os privilégios envolvidos na profissão de um professor universitário faz com que esse seja o rumo que muitos buscam. Mas como inserir tantos profissionais num mercado de trabalho que está cada vez mais saturado e sem perspectivas? Realmente estamos formando profissionais qualificados e desempregados. A verdade é que cada vez mais diploma universitário deixou de ser garantia de um bom futuro profissional.
Bom, antes de tudo, gostaria de agradecer pelos comentários. Imaginei mesmo que fosse um assunto polêmico. Outra coisa importante, essa é a minha visão. E, não é uma visão de alguém distante. Muitas questões foram lançadas. Primeiro, não tenho dúvidas que é um privilégio ganhar dinheiro estudando. Com certeza somos sortudos, somos pontos fora da reta da realidade do Brasil. Porém, não acho que isso é um argumento para achar que é a melhor coisa do mundo, que não existem problemas. Tanto no valor, quanto na duração da bolsa. Mas não queria que esse fosse o foco. Na minha concepção não é. O problema é institucional. É isso que me faz repensar minha vida acadêmica. Por exemplo, quanto as punições aos abusos com dinheiro público, não conheço caso de alguém punido, mas milhares são os casos de abuso. Todos nós conhecemos um. Pode parecer que estou reclamando de barriga cheia, quando o prof. Ronaldo diz que o Brasil proporcionou um filho de analfabeto ser professor universitário. Realmente, é uma história de vida louvável (realmente fico admirado). Mas do mesmo jeito que algo pouco provável de acontecer, ser um professor universitário (mesmo nascendo e berço de ouro) é algo complicado. Todos nós sabemos como são organizados os concursos para professores de universidades públicas… É um reflexo do Brasil, reclamamos dos nossos políticos mas quando nós nos damos bem com a “peixada” a história é outra. Não discordo, nossa pós graduação é um reflexo da nossa sociedade, como tantas outras instituições. Como quero um Brasil diferente em vários campos, não sei se consigo ser participante de algo que vai de encontro com todas minhas posições diante de nossa realidade. Não sei o que aparenta, não estou “cuspindo no prato que comi” porém não posso fechar meus olhos diante de alguns fatos. Sei que ficando é que conseguiria ajudar na mudança, mas tenho que pensar no meu futuro. E na minha cabeça, o meu futuro se encontra longe do cargo de professor de universidade pública. Outra coisa importante, é claro que uma revista especializada vai ser lida por muito menos pessoas, a questão que quis levantar é a seguinte: Mas nós fazemos ciência pra quem? É certo gastarmos milhões em pesquisa de ponta, super restritas, quando na verdade nosso povo precisa de pesquisa bem básica (ou melhor, aplicarmos aquilo que pesquisamos!) para ter uma melhor qualidade de vida. Do que adianta publicar sobre ecologia teórica na Science, quando quem me paga pra fazer ciência está morrendo por falta de água potável ou de desnutrição? Posso estar passando por uma crise existencial ou, como alguns machões pode falar, um “ataque de viadice” (desculpe o linguagem). Mas algo está me incomodando muito. E fede, fede muito. Um fedor de impunidade e falta de entendimento da verdadeira realidade do Brasil.Espero que eu seja entendido, ou melhor, respeitado. Como todos os comentários foram. Bastante respeitosos.Mais uma vez, muito obrigado pela participação.
Olá Breno,Concordo contigo, a pós graduação não é sinônimo de boas posições profissionais e o nosso país ainda precisa evoluir e investir proporcionalmente muito mais na área de ciência é tecnologia. Sem dúvida, investimento em ciência é PREMISSA para qualquer país q almeje um minimo de desenvolvimento social.Ao mesmo tempo proponho uma outra reflexão………….Se ganha tão pouco assim nestas bolsas? Um país q possibilita uma bolsa para estudar, uma via concreta de promoção social efetiva em um mundo de analfabetos, desempregados e desqualificados não é algo a ser considerado?? Claro que é fundamental lutar pela sua melhoria e ampliação, mas não a partir de sua pura desqualificação!!Não estamos perdendo a referencia?? A ciência tem egos inflados, corrupção e falta de ética………..Opa?! É só a ciência?? Temos q ter muito cuidado para que os discursos sobre vicios de notório e AMPLA disseminação na nossa sociadadde sejam usados não de maneira construtiva no sentido de melhorar, mas como simples artefato da classe dominante para extinguir avanços sociais inegáveis em áreas específicas!!Sim…………..sem dúvida uma reflexão é necessária! O limiar entre a demagogia e o aumento das desigualdades é muito tênue. Proporcionar a reunião da comunidade científica em congressos é um investimento que deve ser valorizado, uma conquista de anos de toda a sociedade. Obviamente, abusos devem ser ferozmente combatidos e duramente castigados, mas daí a generalizar como desculpa para desvalorizar a sua notória importancia é uma temeridade…Com certeza, um blog tem muito mais público que uma revista científica especializada….olha eu aqui mesmo!! Sem dúvida, como o próprio nome diz: revista ESPECIALIZADA……existem poucos especilistas!! Nestas revistas, não se tem o reconhecimento entre muitos, mas simplesmente a discussão entre pares (de novo, q são poucos!!) antes de tornar uma informação científica passível de uso pela sociedade………….Somente em uma outra etapa, em OUTRO NICHO(!!), a informação poderia ser captada e divuilgada pelos canais de divulgação científica como este aqui. Se queremos audiência seria mais apropriado buscar a midia…E nesse momento me vem a pergunta: E se tivesse doutorado?? e se tivesse a melhor qualificação na melhor universidade do mundo?? E se tivesse bolsas altíssimas ?? Pois bem, se tivesse tudo isso…………não bastaria e não significaria necessriamente sucesso profissional…O ponto da minha reflexão é muito simples. Olhar para fora é tão importante qto olhar para dentro. A felicidade possui tanto elementos objetivos qto subjetivos e como tal, perpassa por empenho e pela busca de trabalhos que realmente proporcionem prazer e satisfação a quem o faz. Longe de verdades absolutas em um campo tão complexo, deixo somente uma pergunta: Estamos fazendo esta nossa parte?Breno, parabéns pelo blog excepcional e empolgantes discussões q só contribuem à divulgação e aprimoramento construtivo da ciência.Abraços,Humberto Marotta
Caro Breno e comentaristas. “Ser ou não ser, eis a questão”. Não há dúvidas que seu blog é mais lido que seus trabalhos. Um trabalho que publiquei tempos atrás na ecological modelling teve 8 citações, o que está acima da média do índice de impacto desta importante revista. Mas ano passado escrevi um texto na Revista Bula sobre Lamarck (depois foi para o blog) e ele foi acessado comprovadamente por 5098 pessoas. O Bafana recebe 1000 visitas/dia, 250 ficam mais de 2 minutos. Beleza, meu índice H de divulgação é bom, mas isto não é “fazer ciência”. É fazer divulgação, claro, mas não ciência. O que é mais importante? Ninguém sabe, ambas são. Cada um deve fazer bem o que sabe e se esforçar mais para fazer o que não sabe muito bem. É trabalho diário. O E. Wilson disse na autobiografia sobre sua carga de trabalho semanal: 40 horas para aulas e burocracia, 20 para uma pesquisa boa e mais 20 para uma pesquisa realmente importante. Isto é, ele trabalha 16 horas/dia, 5 dias na semana. Tu aguentas, isto? Eu não. Tenho mulher e blog pra cuidar. Bom, mas compensa fazer doutorado? Porra, claro que sim. Rapaz, se você tem bolsa, te pagam pra estudar num país de analfabetos funcionais! Isto é o máximo. Meus pais só fizeram o primário e eu tenho pós-doutorado! Cara, você pode não acreditar, mas a “Pollyanna” aqui tem de dizer: este país permitiu que um neto de analfabeto virasse pós-doutor. E olha que nem sou lá talentoso, só esforçado mesmo…Quanto a pressão para publicação, meninos, a coisa só vai piorar. Mas um jogador de futebol também é pressionado, por isto existem, a seleção, a 1a divisão, a segundona, etc…Se você não é craque e não aguenta a pressão, faça como eu, jogue honestamente num time mais fraco, sempre de olho em bons exemplos e sem deixar, jamais, de suar sua camisa. Bola pra frente pessoal. Reconhecimento é só pra quem sai na Caras, o resto é bobagem. Ótimo post. Abr
Colegaaaaaaaa… bem vindo ao clube, fiz mestrado, mas acho q não encaro um doutorado, muito trabalho estresse para pouco reconhecimento!
Olá Breno!Já tive essas mesmas angústias há um tempo atrás. Como meus pais não tinham condições financeiras de me sustentar enquanto eu fazia mestrado e eu não tinha bolsa (eu fazia parte da primeira turma do programa, nesses casos a escassez de bolsas é ainda maior); acabei tomando a decisão de abandonar o mestrado e partir para o mercado de trabalho. Não me arrependo da minha decisão, pois graças a ela hoje tenho coisas que com certeza ainda não teria se estivesse nesse eterno limbo da vida acadêmica. Hoje tenho intenção de voltar a fazer o mestrado, mas agora a situação é outra, já tenho emprego e estabilidade, pois passei em um concurso de professora em meu estado. Mas no doc, com certeza, nem penso! Boa sorte pra você, espero que consiga resolver da melhor forma esse impasse.
Nooossaa! Achava q só eu era meio desesperada com essa história de seguir na área acadêmica, vc tem as mesmas dúvidas que eu. Eu ainda to na graduação, mas me desiludi com a carreira acadêmica, faço biologia na Unifesp e estágio na Usp e não sei se é assim em outras faculdades, mas a galera só pensa em publicar, e isso me desmotivou muito, percebi que o resultado do seu trabalho depende de onde vc publica, e não o contrário. Um resultado legal não leva, necessariamente, a uma boa publicação. Enfim, concordo em partes com a Claudia qdo ela diz q a pós é bem mais sussa q outros empregos, nós não temos horário fixo, mas isso não qr dizer q não trabalhamos mto, já vi vários amigos passar semanas inteiras mofando nos labs, chegando cedo e saindo 1h da madruga… realmente é de se pensar mto se vale a pena continuar, eu continuo na dúvida…
Um dos motivos que me fizeram nao fazer mestrado logo depois da graduacao foi exatamente esse. A vida de pós-graduando é muito boa, ganha-se mal, mas é bem mais sossegada do q de qq pessoa no mercado de trabalho. O Brasil precisa sim desses doutores, só nao sabe ainda disso, pra variar…
caramba mlk,… apavorou! otimo texto! tenho as mesmas duvidas, penso a mesma coisa.
Muito triste, mas é a mais pura verdade. Sem contar que as bolsas são irrisórias. É vergonhoso um quase doutor, figura de status tão grande, ganhar tão pouco. Tenho amigos que, sem ensino superior, apenas com curso técnico, ganham o equivalente a uma bolsa de doutorado. E sem ter que estudar mais 10 anos. E tudo isso para que? Temos uma formação excelente, nos preocupamos com conceito CAPES, índice H, número de artigos, entre outros números, que só valem dentro da torre de marfim. No mundo real não significam nada. E perceber isso já quase aos 30 anos, muitas vezes ainda morando com os pais, com poucas perspectivas de emprego, é um choque. Infelizmente no nosso país a educação (e a ciência, por consequência) não sao valorizados. Isso tem me levado a pensar muito seriamente em investir ou não no doutorado. Pra quem quer qualquer coisa que não seja ser professor de universade pública, talvez valha pouco a pena…